UMA MULHER MARCADA

As marcas que ficam são irrefutáveis;

A vida trata de tatuar na pele;

O coração acolhe o que a razão repele;

Os atos de amor indecifráveis.

O vai e vem de tudo;

Imagina só se ela fosse santa!

No seu balançado até cortina se levanta;

Mostrando os seus relevos desnudos.

E o moço mais pudico e recatado;

Ora, ora, onde já se viu

Querendo mostrar-se irreverente e viril;

Entende logo o seu recado;

Atento para atender a fome daquela faminta indecente;

Depois de provar o gosto do pecado;

Beber do seu cálice sagrado;

...imagina... Como entender o sentido do que ela sente?

As mulheres dos seus senhores apontam-na como vadia;

Sem se darem conta que os seus homens são clientes dela;

Ela não se importa... Comporta-se dignamente durante o dia;

Com as marcas de carmim de uma jovem donzela.

Lá vem a chuva, corre ligeiro;

A sombra da maquilagem, o rouge e o batom já estão ao seu gosto;

Quando a noite chega é preciso está de corpo inteiro;

Para encobrir as marcas dos desencantos do seu rosto.

Mas apesar de todas as marcas da realidade;

Os homens passaram a ser o seu brinquedo de prazer;

Quisera com cinco notas azuis comprar o presente da feliz idade;

E apagar as marcas do passado que jamais consegue esquecer.

O cheiro dela e do seu voraz amante;

Ainda se fazem sentir no quarto do hotel;

As marcas naquela mulher só se apagarão no instante;

Quando cerrar o seu último véu.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

Poesia composta com a contribuição de histórias contadas pela Adi.

27/09/09