No mato
Acolhido pela floresta passeava um casal. Era um mundo verde, recheado de pássaros e animais silvestres; plantas e flores protegidas por um céu azul límpido e imponente; até os insetos tinham cores exóticas; uma teimosa cachoeira seguia seus passos. O silêncio fazia ecoar suas vozes, enquanto a solidão prazerosa da natureza, quieta, em paz, era a única testemunha daquele dia.
Eles apontavam as belezas que viam; paravam para apreciar um detalhe; riam. Uma longa jornada de estúpida beleza.
Ela provocou: “Quero fazer amor contigo agora!”. Ele não podia acreditar em tal irreverência, e a ignorou. Então ela decidiu ir além, simulando retirar a blusa.
- “Não faça isso, pelo amor de Deus! Podem ver!”, ele pedia apavorado, olhando para todos os lados.
Ela perguntou em tom de irônica inocência: “Quem vai nos ver? As araras e as cobras?...”.
- “Não, amor, os guardas florestais... O que diriam?!”, justificava ele, ao tentar vesti-la.
- “Eles diriam: “Que inveja!””, ela gritava, como se estivesse tentando dizer ao mundo sua alegria.
De repente uma coisa aconteceu: nada. Nada aconteceu além de ele ter pedido para que ela parasse de andar, enquanto ajeitava seu rosto. As mãos de um homem passeavam na face de uma mulher.
Ele ajeitava seu queixo, suavizava sua risada, para transformá-la em um sorriso terno. Eles se olhavam calada e profundamente; ficaram estáticos, um diante do outro. Talvez não estivessem acreditando na magia daquele amor tão profundo, tão doce e tão ansiado em suas vidas.
Ela se sentiu encabulada naquele momento, como se realmente ele a estivesse desnudando, e disfarçou:
- “Que foi? Vai tirar retrato?”.
Ele simplesmente respondeu:
-“Não. Só estou olhando para minha felicidade através de seus olhos”.
Como que guiados através de seus pensamentos, eles retornaram à caminhada, lado a lado, sem se tocarem, lentamente.
Embora os dois estivessem se sentindo duas crianças, os pássaros, os bichos e as plantas assistiam de longe a mata engolindo dois amantes.
Leila Marinho Lage
2008/2009
http://www.clubedadonameno.com
Foto da autora (setembro de 2009)
Acolhido pela floresta passeava um casal. Era um mundo verde, recheado de pássaros e animais silvestres; plantas e flores protegidas por um céu azul límpido e imponente; até os insetos tinham cores exóticas; uma teimosa cachoeira seguia seus passos. O silêncio fazia ecoar suas vozes, enquanto a solidão prazerosa da natureza, quieta, em paz, era a única testemunha daquele dia.
Eles apontavam as belezas que viam; paravam para apreciar um detalhe; riam. Uma longa jornada de estúpida beleza.
Ela provocou: “Quero fazer amor contigo agora!”. Ele não podia acreditar em tal irreverência, e a ignorou. Então ela decidiu ir além, simulando retirar a blusa.
- “Não faça isso, pelo amor de Deus! Podem ver!”, ele pedia apavorado, olhando para todos os lados.
Ela perguntou em tom de irônica inocência: “Quem vai nos ver? As araras e as cobras?...”.
- “Não, amor, os guardas florestais... O que diriam?!”, justificava ele, ao tentar vesti-la.
- “Eles diriam: “Que inveja!””, ela gritava, como se estivesse tentando dizer ao mundo sua alegria.
De repente uma coisa aconteceu: nada. Nada aconteceu além de ele ter pedido para que ela parasse de andar, enquanto ajeitava seu rosto. As mãos de um homem passeavam na face de uma mulher.
Ele ajeitava seu queixo, suavizava sua risada, para transformá-la em um sorriso terno. Eles se olhavam calada e profundamente; ficaram estáticos, um diante do outro. Talvez não estivessem acreditando na magia daquele amor tão profundo, tão doce e tão ansiado em suas vidas.
Ela se sentiu encabulada naquele momento, como se realmente ele a estivesse desnudando, e disfarçou:
- “Que foi? Vai tirar retrato?”.
Ele simplesmente respondeu:
-“Não. Só estou olhando para minha felicidade através de seus olhos”.
Como que guiados através de seus pensamentos, eles retornaram à caminhada, lado a lado, sem se tocarem, lentamente.
Embora os dois estivessem se sentindo duas crianças, os pássaros, os bichos e as plantas assistiam de longe a mata engolindo dois amantes.
Leila Marinho Lage
2008/2009
http://www.clubedadonameno.com
Foto da autora (setembro de 2009)