ALICE NÃO TRABALHA MAIS AQUI
“Consideramos os homens pelo seu valor- e é por isso que odiamos o governo do homem pelo homem, e que trabalhamos com todo o nosso empenho – talvez não suficientemente forte- para dar um fim a este governo.”
Peter Kropotkin , Anarquismo- Sua Filosofia e Ideal- 1896.
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Alice despertou, finalmente. Tinha tido muitos sonhos inquietantes naquela noite. Dentre estes, o de que perdia seu emprego na companhia para uma outra Alice, mais jovem e capacitada. A nossa Alice era especialista em gestão de pessoas, e adorava psicologia, Vygotsky, Dewey etc. Mas não tanto quanto logo depois de sua formatura. O trabalho a endurecera e a sua visão do mundo acinzentava cada vez mais. Quase não sorria. Com o dinheiro dos outros, aquele filme com Danny DeVito e Penelope Ann-Miller, que a fascinara tanto e a fizera entrar no ramo corporativo, agora a enjoava, parecia um caleidoscópio quebrado. As boas idéias e esperanças estavam ali, mas irremediavelmente perdidas.
Tinha que ir para o trabalho, esquecer que a vida estava igual aos livros de Graciliano Ramos: angústia, pesadelo existencial, bloqueio mental...segunda-feira, Monday, Monday, so good to me, como na música de seus dezesseis anos, ou seja, dez anos atrás. Interiormente, Alice se revoltava contra tudo o que aprendera, concordando com Joelmir Beting que, na prática, a teoria(tão bonitinha, certinha) era outra coisa, infame e grotescamente diferente. Lavou o rosto sem cor, fez caretas diante do espelho. A nova Alice já teria chegado ao escritório da C&B na Park Avenue? Distorções, a superfície fria onde sua face se refletia já abrigara a nova Alice, que, de certo modo é a antiga, menos entorpecida e inséctil. Tinha uma séria entrevista hoje, com o dr. Hareman do departamento de T&D(Treinamento e Desenvolvimento, mas alcunhado de Tortura e Demissão), às nove. E eram oito e quarenta e cinco. Táxi na Fifth Avenue. Chuva, engarrafamento, saudade da família, do interior de Minas.Meia hora depois...
-O conceito de cultura organizacional, Alice, é fundamental para a nossa empresa. A cultura “cria” o clima; as pessoas criam a cultura, logo, as pessoas craim o clima.
-É um bom silogismo, dr. Hareman. Notável.
-É, não é? Pois bem, continuando: temos notado que você insistentemente vem apresentando déficit de produtividade. Como está conosco há exatos cinco anos, e nem sempre foi assim, eu pergunto: o que está acontecendo com você?
Alice não tinha opção, a não ser fazer seu papel na eterna dramaturgia administrativa(no popular, dê o que eles querem ou te põem na rua):
-Hã.. não estou mais me adaptando ao...clima da organização?
Dr. Hareman e suas orelhas de coelho deram um pulo jovial.
-Exato! Vamos, Alice, mexa-se.
-Para aonde?
-Vou te mostrar nossa empresa.
-Eu já a conheço muito bem.
-Ei, não seja assim tão “recupulativa”.
-Que é isso?
-Uma palavra que inventei para pessoas desmotivadas e entristecidas.
-Ah.
Até o momento nossa heroína não tinha notado que Hareman se transformara num enorme coelho branco, como o da música do Jefferson Airplane. Quando o fez, deu um grito assustador. Mas ele a puxou pelo braço e saiu pulando com ela pelo corredor- coisa que antes parecia ser impossível.
-Ei, por que está assim tão escuro?, perguntou Alice, pondo os óculos.
-Estamos numa região obscura, Alice, o dia-a-dia. Aqui, todos estão tensos, atarefados, ansiosos, preocupados, incomodados, agressivos, impotentes, esvaziados de tudo que seja criativo, como numa cápsula de lançamento.
-Lançamento? Para aonde?
-Você não deve dizer “para aonde”. Só “aonde”. O “a” já dá a noção de movimento.
Sem saber o que responder, Alice emburrou. Depois de instantes o coelho prosseguiu:
-Para o futuro. O futuro!
-Hein?
-Isso mesmo, menina. Tudo que fazemos numa empresa é um fator alienante do futuro.
Alice não compreendera muito bem, em parte por não gostar de ser chamada de menina. Mas a paisagem mudara bastante, e agora via nuvens azuis e silhuetas estáticas.
-Que é isso?
-Uma escotilha.
-Todos estão olhando para lá.
-Sim, mas estão todos parados, só olhando.
-Bem lembrado.
-Não estão nem planejando?
-Ahá. Planejar...que bela palavra. Não gosta?
-Gosto, mas no dia-a-dia não dá tempo. São muitos procedimentos e papelada, imprevistos e... coisas que não dão certo.
-Vamos subir um pouquinho?
-Hã? Subir?
Subitamente, os dois saíram voando. Bem para o alto, onde as nuvens se comprimiam. Estava frio, mas Alice estava tão amedrontada que nem sentia. A voz de Hareman parecia sair de dentro de sua cabeça.
-Planejar o futuro é difícil. Em grupo é quase impossível. Nossa cultura ocidental é altamente individualista e egóica, menina. O nosso sucesso depende diretamente do insucesso alheio. A competição e o conflito acirram toda e qualquer diversidade ético-ideológica, por menor que seja, e logo estamos presos num emaranhado absurdo de ordens e contra-ordens, preconceitos, lutas pelo poder, modas, necessidades e privações sem sentido. Nossa energia é desperdiçada pelo atrito.
-Está chovendo?
-O atrito das gotículas de água pode, se quiser, representar as contínuas hostilidades dentro da empresa, Alice. Somos muitos, e terrivelmente incompatíveis no que tange a preferências, motivações, adaptabilidade e exigências “ontogênicas”. Eu gosto desta palavra, “ontogênese”. Mais um quebra-cabeças que os gregos nos deixaram para decifrar.
-Sem dúvida. Você quer dizer que nos reunimos em nuvens, como gotas d’água, vindos do oceano do dia-a-dia, que é escuro e denso, para planejar o futuro. É uma boa metáfora.
-Obrigado. Ontogênese, metáfora... somos muito condicionados pelo vocabulário grego.
-Só que, nas nuvens, flutuando e em contínuo contato e choques, perdemos a noção do que queremos. As couraças de ego se repelem ao mesmo tempo que o medo de cair e a luta pela superação recrudescem. As soluções não vêm. O urgente é sempre mais importante, e não há tempo para normas de reciprocidade, ética ou princípios morais.
-Muito bem, Alice. Mas note que o acondicionamento é uma ilusão. Há muito espaço para todos na atmosfera. Há escotilha para todo mundo! Mas, filogeneticamente falando, temos dificuldade de perceber e interpretar coisas que venhan de encontro a nossos instintos de sobrevivência, conservação e, principalmente, de auto-satisfação. O fato de termos desenvolvido um neocórtex nos tolheu muito das antigas experiências do clã, e nos desuniu como espécie.
-Concordo. Mas, e agora? Que está ocorrendo? Senti um aumento de temperatura!
-As gotículas estão em um estado de máxima proximidade, e as forças repulsoras entram em colapso.
-Traduzindo...
-Teremos uma mudança climática: uma tempestade!
-Oh, não!!
Os dois se abraçaram. Alice estava desconcertada. Todas as vezes em que entrara do departamento de T&D da empresa, se arrependera. Psicólogos com tom professoral despejavam um monte de nomenclaturas em francês e alemão, e faziam dinâmicas soníferas com brinquedos, xadrez, anagramas e testes de Rorschach. Mas agora tudo estava mais interessante.
-Toda empresa, dizia o dr. Hareman, é um sistema complexo. Assim como a atmosfera do nosso planeta. O axioma das relações internas de Hegel garante que, potencialmente, tudo depende de tudo. Isso não é ficção científica, Alice. Encontrar um modelo que descreva o bioclima é tão difícil quanto descobrir os mistérios da mecânica quântica, ou como é possível simular a inteligência humana com um computador.
-Certo, eu entendi. Mas, veja: as gotas pequenas se fundem em gotas maiores e caem. Outras permanecem nas nuvens.
-Isso ocorre para manter a homeostase do sistema. Como um todo, a atmosfera está se renovando e atualizando. Algumas gotas sobem e permanecem em níveis mais altos, outras descem.
-Como as pessoas numa organização.
-Sim. Não é um verdadeiro clima organizacional?
-...
-E clima é outra palavra grega que quer dizer inclinação.
-Ah. E as gotas ainda suspensas, servem para quê?
-Você já vai ver.
-Hein?
-Ouça e veja.
Um relâmpago prateado de dezenas de quilômetros de comprimento surgiu ao lado deles, acompanhado de um demorado trovão. Ambos ficaram como que paralisados.
-Está notando, Alice?, disse o coelho. A sinergia produz esta incrível manifestação de poder. Numa empresa, um líder ou um intraempreendedor têm o mesmo efeito. Eles afetam a cognição coletiva. Eles mantêm contato direto com o que poderia se chamar de DNA corporativo, e introduzem mudanças que agem como uma alter...
Neste instante uma súbita lufada de vento afastou bruscamente os dois, lançando-os lá para baixo em direções opostas, vertiginosamente. Alice ficou desacordada por alguns minutos. Quando voltou a si, estava numa grande sala de reuniões, como a de sua companhia, só que exageradamente maior e mais escura, como se tivesse saído de um filme expressionista alemão.
-Alice!, disse uma voz fina e jovem.
-Quem é?
Uma sombra se destacou das paredes, lá longe. Parecia estar acenando. Mas, quando nossa heroína já ia ao seu encalço, três rostos enormes surgiram no teto, olhando carrancudos para baixo. E uma mesa redonda, até então invisível, se materializou aos pés de Alice.
-Está aberta a grande reunião do século, sentenciou um dos rostos, que se parecia com o do presidente da C&B.
-Quem é você?, perguntou o outro rosto, que era de mulher e tinha uma voz aterrorizante.
-Eu sou Alice.
-E o que é uma Alice...
-Hã?
-...para a empresa?, continuou o terceiro rosto, menos, digamos, estressado. Sente na cadeira detectora de líderes.
Alice entendeu que deveria se sentar na cadeira a sua frente, e fez isso de imediato, pois estava com medo. Ouviu um ruído estrano e familiar, como o de um discador para internet misturado a um solo de guitarra. Depois, sentiu-se enjoada e com dor de cabeça. Seus músculos dos ombros e da região lombar doíam muito. Quando suas mãos já começavam a tremer, o processo parou.
-Alice, disse o primeiro rosto, você tem capacidades latentes para liderar...
-Mas ainda está muito insegura..., continuou o rosto de mulher.
-Portanto, volte daqui a cem anos..., concluiu o último rosto.
Para o espanto de Alice, aquelas figuras transparentes tinham se tornado rochosas e pesadas, na iminência de cair sobre ela. “Acho que já vi isso em algum filme”, pensou. Lá de dentro, de uma sala contígua, veio um risinho. Era a mesma sombra de antes.
-Alice!...dizia.
-Quem é?
-Eu!
Tudo começou a desabar, com estrondo. A nossa Alice saiu correndo atrás da sombra, enquanto a sala de reuniões era reduzida a escombros. Deu com um imenso corredor de ladrilhos brancos e negros. Caminhou, caminhou caminhou e resolveu parar um pouco. Uma luz veio do alto, cegante, aclarando tudo em volta e revelando um vasto tabuleiro de xadrez.
-Mas onde estão as peças?, perguntou-se. E quem é meu adversário?
De novo o risinho ecoou, agora bem perto. Alice procurou em toda parte. Estava numa câmara gelada. O céu era visível.
-Já fui muito boa de astronomia, pensou. Hoje já não sei o nome de nenhuma constelação.
Daí, começou a procurar pelo chão. Examinou as casas do tabuleiro. Notou com assombro que, se olhasse para as casas pretas, via a própria imagem refletida. Se, ao contrário, olhasse para as brancas, via a imagem da Alice jovem. Esta descoberta a deixou extasiada e a percorreu como um calafrio. Um sem-fim de sensações díspares voou pela sua cabeça. A adrenalina fervia. Quem era esta Alice nova? Em que aspecto ela era, efetivamente, “nova”? O que ela queria com este esconde-esconde? Tomar seu lugar? A situação, como dizia Hareman, era notória( e, ao mesmo tempo, bizarra!)
-Adapte-se, Alice, adapte-se.
Ao dizer isso, ela se lembrou do filme que vira ainda criança, sobre um cavaleiro que jogava xadrez com a morte. Horrorizada, saiu correndo dali. Mas não ia a lugar nenhu, pois, afinal, tudo era igual em todas as direções. Mas correu, correu, até que sentiu um toque frio no pescoço e um dos saltos a quebrar. E desmaiou ali mesmo.
-Onde estou, agora?, quis saber Alice.
-Oi.
-Oi. Quem é você?
-Bem, esta é uma pergunta difícil de responder.
-Entendo. Mas...hã...me parece que você é uma lagarta.
-Não está de todo errado. Mais correto seria dizer que sou uma lagarta dentro de um conjunto de lagartas. Agora, se o número de lagartas dentro deste conjunto de lagartas é finito ou infinito, eu sinceramente não saberia responder.
-Tem razão. Eu sou Alice.
-Não diga!
-Sou, sim.
-Pois eu diria, se fosse você, que sou uma Alice.
-Hum. Tem sentido.
-Claro! Sou uma lagarta conselheira. Meus conselhos são sempre muito bons.
A lagarta com quem Alice conversava era grande e verde com listras pretas, e estava apoiada sobre um cogumelo rosado.
-Já que é assim, você poderia me ajudar?
-Com conselhos, sim. Mas não vou sair daqui por nada neste mundo.
-Por falar nisso, o que é este mundo?
-Você ainda não sabe? Aqui é a Companhia Verdadeira.
-Hum...
-O que é hum...?
-Nada. Quer dizer que estou dentro de um sonho?
-Não. Você está no sonho dentro de um sonho.
-Certo. Se entendi bem, este sonho é um tipo de teste de microgênese psicológica, um rito de passagem do qual só vou acordar se descobrir algo. Não é? Já ouvi falar muito sobre isso.
-Não sei do que está falando, uma Alice.
-Diga, onde está a outra Alice?
-Difícil determinar.
-Aconselhe-me.
-Alguém tem que guiá-la até lá, uma Alice. Procure por ali.
-Obrigado, lagarta.
-Uma lagarta.
-Tchau!
A nossa (uma)Alice se pôs, então, a seguir um caminho por entre as árvores de uma floresta estranha. As raízes saíam do alto e os galhos verdes se espalhavam pelo chão. Muitas delas estavam interligadas. Súbito, o risinho ecoou novamente:
-Alice!
Vinha de dentro de uma moita. Quando Alice revirou aquele monte de folhas, descobriu uma caverna que descia abruptamente.
-Já que tenho que entrar aí...onde estará o dr. Hareman? Estou preocupada.
Mas um passo em falso com o salto quebrado e lá vai Alice despenhando no escuro. Depois de cair por segundos e bater em uma espécie de corrimão, que seguiu atentamente até o fim, viu-se numa clareira acolhedora, de onde vinham gritos e o barulho de xícaras e talheres.
-Bem-vinda ao nosso chá.
Parecia um pouco com a cantina da empresa, cheia de gente ruidosa e diferente. As máquinas de cappuccino eram idênticas. Quem saudava Alice era um homem magro de chapéu côco, sorvendo delicadamente seu chá, do qual flutuava um fio de vapor. Nossa heroína já não queria muita conversa, e foi logo perguntando:
-Como eu faço para sair daqui?
-Em geral, tomamos chá antes de responder às perguntas, Alice.
-Como sabe o meu nome?
-Controle seu comportamento agressivo. Estamos num momento seriíssimo da Companhia Verdadeira. Vamos discutir isso durante a nossa reunião do chá?
Alice aquiesceu. Se aquilo fazia parte da cultura da Companhia Verdadeira, por enquanto, ela teria que se adaptar, minimizar sua ansiedade. Todos de repente se calaram e se sentaram elegantemente. O homem de chapéu, na cabeceira da mesa, disse, então, em tom sério e voz profunda:
-CEOs, stakeholders, colaboradores em geral. A hora é muito grave. Temos um assunto notório para discutir aqui, hoje. Trata-se de algo imperativamente, inapelavelmente, implacavelmente urgente, que perpassa toda a cultura de nossa organização. Nosso comportamento, crenças, práticas, processos, perspectivas, etc, etc e etc.
Os presentes tremiam tanto que se podia ouvir seus joelhos estalando. O orador continuou, ainda mais nefasto:
-Meus amigos, trata-se do seguinte: se vamos, a partir de agora, usar xícaras de porcelana chinesa ou francesa nas nossas reuniões.
Alice nunca vira tamanho alvoroço. Foi uma mixórdia geral. Os presentes pularam nos pescoços uns dos outros; algumas mulheres mordiam. A toalha da mesa foi puxada e toda louça em segundos estourava no chão. Pires voavam e garfos furavam a pele. Roupas rasgadas, cabelos arrepanhados, maquiagens derretidas. Em poucos minutos a cantina lembrava Pompéia! E Alice ia se retirando dali quando divisou, dentre os presentes, aquela sombra risonha que a perseguia. E avançou sobre ela.
Foi quando o homem de chapéu côco, todo depauperado, se interpôs, dizendo:
-Quer discutir seu assunto agora, Alice? Podemos começar, já, já, outra reunião.
Ele levou um empurrão feio de nossa heroína, e caiu bem no meio de um bolo de nozes e romãs. Ela não desistiu e continuou na carreira atrás da sombra, que já ia longe dentro da floresta. Prosseguiram até chegar numa escarpa de pedra negra. Quase que Alice consegue pegar aquela imagem pelo pé. Neste instante notou que ela também tinha um sapato com salto quebrado. E estacou, ofegante.
Algo brilhava no chão, próximo ao precipício. Lá embaixo, o oceano sussurrava, como se esperasse. Alice tinha medo de tocar aquilo. Rompendo com seus receios, viu que era um livro. Estava escrito na capa: GUIA DA COMPANHIA VERDADEIRA, em letras douradas.
Abriu o volume. Era sobre tudo: usos e costumes, conflitos, frustração, energia dispersa, congelamento de avaliações, distorções na percepção do outro, clivagem do ego, crise de identidade, auto-pressão, atitudes condicionadas, incompatibilidade de gênios, ingerência danosa. Ela lia aquilo vorazmente, como se saboreasse um romance de sua própria criação. As saudades da família no Brasil, a ameaça da idade, o desapontamento com a especialização e com o cargo, a necessidade de aceitação e a carência eram tão profundos quanto aquele oceano junguiano simbólico, e tão próximo.
Alice se ergueu nas pontas dos pés, pronta para pular. Só podia haver um significado para tudo aquilo, e ela era este significado. Mais uma vez, aquele sorriso a recordava do passado. A sombra que perseguira no sonho em sua busca por um centro de referência para si mesma estava ao seu lado, agora iluminada. Sua nova face, transitando do visível para o invisível e vice-versa.
Subitamente, de longe, reboando, veio um relâmpago e, com ele, a figura de Hareman, dizendo:
-Pois muito bem. Chegou a hora de vocês se fundirem. De novo consegui cumprir minha missão como diretor do departamento de T&D da empresa.
Então, as duas Alices se entreolharam. Ambas sorriram. No dia seguinte, na mesa do cubículo de Alice na empresa, só havia um cartão dourado dizendo: ALICE NÃO TRABALHA MAIS AQUI.
(escrevi esta história para obter nota no módulo de Psicologia Organizacional do meu MBA em Gestão de Empresas. Recebi um reles oito(8.0). Por essas e outras saí do ramo)