A LENDA DE KÓRA & ALSVID - parte 7: Uma guerra tem início

No dia seguinte à visita do rei indigesto, Norwell estava na sacada de uma das janelas do prédio do conselho, quando uma fada de Asgarnofe apareceu. Era um ser pálido, muito parecido com um humano, só que mais alto; nas costas tinha um par de imponentes asas cobertas de plumas acinzentadas e usava vestes tão cinzas como suas asas; os cabelos eram cacheados e loiros, e iam até a altura dos ombros; os olhos da criatura eram azuis como o oceano, mas além de belos eram intimidadores. O velho já conhecia aquela fada: era Dália, uma das chefes do clã que era considerado um dos mais nobres de Asgarnofe.

— O que faz aqui Dália? — inqueriu Norwell intrigado.

— Venho confirmar o que dizem por aí — disse a fada. A voz dela era suave, mas muito fria. — Vim falar diretamente com você, pois não confio muito no novo rei.

— O que quer confirmar?

— Correm boatos de que a rainha de Elgartem foi levada a força para Ofidis — disse Dália descendo da sacada e se sentando em um banquinho que lá havia. — Isso é verdade?

— Bem, é o que alega o rei. Não tenho certeza de que é verdade...

— A notícia de que Kóra está em Ofidis já está se espalhando. O rei Hector disse que ela não vai sair de lá por enquanto, e há boatos de que tropas de Ofidis estão próximas daqui.

— Então ela está mesmo em Ofidis? — Norwell estava surpreso.

— Sim, e parece que os boatos são verdadeiros — disse Dália. — Enquanto eu vinha para cá, vi algumas tropas de Ofidis há algumas milhas daqui.

— O que está dizendo Dália? — disse Norwell pasmo.

— Pois veja com seus próprio olhos — disse a fada estendendo a mão para Norwell.

O velho tocou levemente a mão de Dália, e teve a visão do que ela viu. Era um batalhão que encontrava-se muito próximo das montanhas de Elgartem, e que pareciam estar tramando algo. A visão então se esvaiu.

— Fomos traídos por um antigo amigo! — exclamou Norwell. — Devemos mobilizar nossas tropas imediatamente!

— Creio que não poderá vencê-los facilmente — disse a fada.

— Você tem razão — Norwell ficou com o semblante austero e murmurou algo para si mesmo, antes de falar em voz alta para a fada. — Dália, avise ao rei de Asgarnofe que vamos precisar da ajuda deles. Conte tudo o que ocorreu. Devemos resgatar nossa rainha o quanto antes.

A fada concordou, deu um salto e saiu voando veloz rumo a Asgarnofe. Norwell avisou Victor sobre o que ocorrera, e o rei imediatamente ordenou que parte das tropas de Elgartem partissem em direção a Ofidis; ele próprio enviou uma águia para Asgarnofe, com uma carta para o rei Olaf.

Naquele dia Victor estava contente pois o seu plano dera certo. Ele ordenou que os soldados de sua própria guarda se vestissem como ofidianos e os enviou para uma região próxima as montanhas. Espalhou boatos aos quatro ventos sobre uma suposta mobilização das tropas de Ofidis. Só não contava com a ajuda involuntária da fada, que avistou os soldados e avisou Norwell.

Kóra caminhava ao lado de Alsvid pelas ruas estreitas proximas ao castelo, quando um guarda veio até eles.

— Rainha; sargento — começou ofegante. — O rei quer que voltem ao castelo imediatamente.

— Por quê? — indagou Kóra. — O que houve?

— Asgarnofe fechou suas fronteiras conosco, e suas tropas estão as guardando. Disseram que se não entregarmos a senhora para eles, irão invadir Ofidis!

— Não é possível! — exclamou Kóra.

Ao chegarem no castelo, a informação foi confirmada pelo próprio rei.

— Peço permissão para ir a campo, senhor — disse Alsvid, estufando o peito.

— De forma alguma sargento — disse o rei. — Você ficará com Kóra, e prometa que se este castelo for invadido, fugirá com ela para um lugar seguro.

Alsvid fitou Kóra e o rei.

— Sim senhor — concordou Alsvid.

Foi naquele mesmo dia que as tropas de Asgarnofe forçaram uma entrada e Ofidis, mas não obtiveram sucesso. Dia e noite a batalha continuava, e alguns dias depois chegou o exército de Elgartem.

Durante vários dias a força de Ofidis foi demonstrada, e os exércitos inimigos foram gradualmente sendo eliminados. Entretanto os ofidianos sabiam: aquilo não era o máximo que Asgarnofe e Elgartem tinham a oferecer.

Jean Carlos Bris
Enviado por Jean Carlos Bris em 18/07/2009
Reeditado em 19/07/2009
Código do texto: T1707079
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