O portal mágico

_ Mamãe! Ana não quer me dá a boneca!

_ A boneca é minha, mãe! E além do mais, a Clara está bagunçando o cabelo dela.

_ Me dá!

_ Não!

_ Minhas princesas, parem de brigar, que comportamento feio! Vocês têm tantos brinquedos, para quê brigar por causa de uma boneca?

_ Está bem, não vamos mais brigar.

_ Me desculpe por bagunçar o cabelo dela, Ana!

_ Está desculpada Clara! Tome, pode brincar com ela.

_ Obrigada!

_ Muito bem! Assim é que eu gosto! Minhas duas princesas brincando juntinhas!

_ Mamãe, por que você nos chama tanto de princesas?

_ Ora, para mim vocês são duas princesas.

_ Mas somos apenas duas meninas iguais a qualquer outra.

_ É mesmo? Hum... isso me faz lembrar uma história que minha mãe me contava quando eu tinha a idade de vocês...

_ Conta!

_ Por favor!

_ Então, sentem-se aqui perto de mim e escutem com atenção.

_ Ôba! Uma história!

_ Que legal!

_ Posso começar?

_ Sim!

_ Sim!

_ Bem, vejamos...

"Essa é a história de uma garota chamada Elizabeth, que morava com a mãe e também pensava ser apenas uma garotinha comum igual a vocês. Um certo dia, ela chegou para a mãe e perguntou:

_ Mamãe, onde está o papai?

E a mãe respondeu:

_ Querida, seu pai foi para um lugar muito distante daqui.

_ Mas ele não vai mais voltar? - insistiu Elizabeth.

_ Ele não pode voltar.

_ Por que? - continuou a menina.

_ Porque ele precisa ficar lá nos esperando e preparando o castelo para a nossa chegada.

_ Ele mora em um castelo?

_ Sim, ele é o rei do lugar e quando for o momento certo, nós duas iremos para lá.

_ Mas ainda vai demorar muito?

_ Não sei, querida! Espero que não.

_ E como vamos saber a hora certa?

_ Eu saberei, eu saberei.

Elizabeth satisfeita com as respostas, deu um beijo na mãe e foi brincar.

Os anos se passaram e a história ficou esquecida nas lembranças de Elizabeth, a menina agora com 16 anos, já não acreditava em reis e contos de fada.

_ Mãe, já estou indo para a escola!

_ Boa aula e venha logo para casa assim que terminar.

_ Está bem mãe!

Ao chegar na escola, logo o sinal do início da aula toca, ela entra na sala conversando com alguns amigos e senta para esperar o professor.

_ Turma, antes do início da aula, gostaria de apresentar a vocês Lúcio, nosso novo aluno. Sente-se alí, ao lado de nossa brilhante Elizabetth. no intervalo ela poderá lhe mostrar a escola, não é mesmo Elizabeth?

_ Claro professor!

_ Olá! - falou Lúcio.

_ Olá! Seja bem-vindo!

_ Obrigado!

_ É um prazer conhecê-lo, Lúcio!

_ Oprazer é meu, Elizabeth.

Lúcio era um rapaz como qualquer outro, além de ser muito bonito, era romântico e inteligente, tipo de rapaz que despertava o interesse de Elizabeth; mas Eduardo não estava gostando nada dessa situação..."

_ Quem era Eduardo? - perguntou Ana.

_ Elizabeth ia gostar de Lúcio? - perguntou Clara.

_ Calma meninas! Vocês vão deixar eu continuar?

_ Sim!

_ Está bem!

" Eduardo era o melhor amigo de Elizabeth, estava sempre perto dela e por isso tinha muito ciúme.

O sinal do intervalo logo toca e Eduardo se aproxima de Elizabeth:

_ Vamos para o refeitótio juntos?

_ Não posso Edu. Tenho que mostrar a escola para Lúcio.

_ E mais essa agora! Você vai dar uma de monitota é?

_ Deixa disso Edu, ele é novato, não sabe como são as coisas por aqui.

_ E você vai mostrar?

_ Claro que sim!

_ Elizabeth...

_ Lá vem Lúcio, depois da aula noa falamos.

Elizabeth mostrou toda a escola enquanto conversavam, mas Eduardo não tirava os olhos dos dois.

Conforme os dias foram passando, Lúcio foi se acostumando com a escola e a nova rotina, mas quase não conversava com os outros colegas além de Elizabeth.

_ Escuta, você não acha ele um tanto estranho?

_ Ora Edu, ainda é sedo!

_ Ele quase não fala com ninguém.

_ Ainda não se acostumou direito, é questão de tempo.

_ Sei não, acho que você não deve ficar muito próxima dele.

_ Edu!

_ Eu só me preocupo com você!

_ Sei, até parece que você é meu namorado!

Elizabeth não entendia a preocupação excessiva de Eduardo e não ligou para seu aviso; continuou saindo com Lúcio e aos poucos criou um laço maior que a amizade. Era um sentimento novo, algo que não havia experimentado antes, ela só queria ficar o tempo inteiro perto de Lúcio."

_ Ela se apaixonou por Lúcio? - perguntou Clara.

_ Eu gosto mais do Eduardo. - falou Ana.

_ Acalmem-se e escutem o restante da história.

" em uma bela tarde de domingo, Lúcio convidou Elizabeth para um passeio em seu carro novo e ela aceitou. Foram para um lugar afastado e longe dos olhos de Eduardo.

_ Elizabeth você é tão linda, pena que...

_ O quê?

_ Ou nada! Me parece que Eduardo não gosta muito de mim.

_ Não se preocupe, ele é assim mesmo, desconfiado com qualquer pessoa que se aproxime de mim.

_ É porque você é uma princesa.

_ Princesa? Eu? Quem me dera!

_ Sim, uma bela princesa.

Neste momento Lúcio estava bem próximo de Elizabeth, tocou em seu rosto e beijou-a profundamente.

_ Desculpe, eu não devia. - falou Lúcio.

_ Não, não é isso! É que eu nunca tinha beijado alguém antes!"

_ Está ficando interessante! - falou Clara.

_ Eu quero um príncipe assim! - falou Ana.

_ Esperem aí mocinhas, vocês são muito novinhas, agora que têm 10 anos.

_ Ah mãe! Não somos tão crianças assim!

_ E quem é que estava brigando por causa de uma boneca? Vamos voltar a história.

" Lúcio convidou Elizabeth para irem a um lugar muito bonito que ele havia descoberto, mas já estava anoitecendo e era hora de voltar para casa.

_ Não é tão longe daqui! Vamos!

_ Não posso!

_ É rapidinho, você vai gostar!

_ Está bem!

A medida que iam proceguindo, o senário ia mudando: as belas paisagens ficavam para trás e Elizabeth não conseguia entender.

_ Lúcio, vamos voltar! Estamos muito afastados da cidade!

_ Não se preocupe, estamos quase lá. Só mais um pouquinho.

Ele para o carro e pede para ela descer, sem saber de nada Elizabeth desce e continuam o percurso a pé por uma trilha à beira da estrada.

_ Lúcio, é noite! Precisamos ir.

_ Estamos chegando! Vem! É logo alí!

Eles acharam uma fenda na encosta de uma montanha, onde sintilava uma luz muito intensa. Seduzida pelo brilho, Elizabeth entra logo atrás de Lúcio.

_ Que lugar é esse? Parece que estamos em outro mundo!

_ E estamos em outro mundo, pena que você não vai ter tempo para conhecê-lo.

_ O quê? Não consigo entender!

_ Você morrerá pelas minhas mãos princesa e depois matarei a rainha; aí então, nunca mais a família real será reunida outra vez e o trono do Reino da Fantasia será meu. E aquele teu guardião imbecíl não poderá fazer nada para me impedir.

_ Lúcio, não te reconheço! Pare com isso! Estou ficando com medo!

_ Foi tão fácil me aproximar de você, é tão ingênua!

_ Deixe-me ir! Lúcio, quero ir para casa!

_ Casa? Você nunca conhecerá sua verdadeira casa, princesa.

Lúcio partiu para cima de Elizabeth com uma faca, mas ela conseguiu de desviar e saiu correndo, passou pela fenda na montanha e continuou fugindo.

Já estava ficando cansada, até que Lúcio tropeçou em um tronco e deu tempo suficiente para ela se esconder em outra fenda da montanha, atrás de alguns arbustos. Elizabeth tentou ficar em silêncio o máximo que podia, até que alguém a puxou.

_ Venha!

_ Eduardo! O que está acontecendo?

_ Não tenho tempo para explicar, apenas confie em mim. Rápido, Lúcio não está longe!

_ Você está diferente!

_ Sim, preciso assumir quem sou para proteger você e a rainha.

_ Você parece um anjo!

Pouco tempo depois eles estavam nas margens de um rio que parecia ter surgido alí naquele momento.

_ Eu não vou permitir, Eduardo, que você acabe com os meus planos! - gritou Lúcio.

_ Você jamais tocará nela outra vez, guardião das trevas!

_ Elizabeth corra, logo adiante encontrará uma caverna, dentro dela há um portal de luz, sua mãe está lá te esperando.

_ E você? Não posso deixá-lo!

_ O portal só permite a passagem de duas pessoas. Preciso deixar vocês em segurança e destruir Lúcio. Vá!

Elizabeth saiu correndo, enquanto Eduardo impedia Lúcio de atingi-la. Ao chegar na caverna imediatamente ela viu o portal e a sua mãe.

_ Mãe?

_ Rápido Elizabeth! Logo o portal se fechará.

Olhou para trás um instante e viu Lúcio golpear Eduardo.

_ Não! - gritou.

_ Vá! - gritou Eduardo ferido.

e antes que ela pudesse ir até Eduardo, sua mãe a puxou para o portal, imediatamente ele se fechou e ela não viu mais nada."

_ Mãe, não gostei! - falou Clara.

_ Eduardo morreu? - perguntou Ana.

_ Calma, deixem-me terminar a hstória.

" Quando recobrou os sentido, logo percebeu que estava em um lugar mágico; estava em um quarto imenso, igual ao de uma princesa.

_ Que bom que acordou alteza! Todos a esperam no jardim! - falou um elfo.

Ela levantou, foi em direção a janela e não acreditou no que via: Estava em um lindo castelo e lá embaixo, no jardim havia milhares de criaturas mágicas como fadas e duendes de todos os tamanhos e cores.

_ Eu só posso estar sonhando! Como pode existir um lugar assim?

_ É o Reino da Fantasia alteza, já faz muito tempo que a família real não se reúne.

_ Família real?

_ Sim! Você logo entenderá! Há um vestido especialmente escolhido para esta ocasião. A rainha gostaria muito que você usasse.

_ Que lindo! É cheio de pérolas e com um bordado tão brilhoso!

Elizabeth foi conduzida ao jardim e mais uma vez teve uma enorme surpresa.

Estava diante de fadas e duendes e todos os outros seres mágicos do lugar; ao fundo o enorme castelo reluzia toda a beleza e alegria de todos alí presentes. Repentinamente o som de uma trombeta quebra a curiosidade de Elizabeth.

_ Mãe! Pai?

_ Sim querida! - respondeu sua mãe, que na verdade, era a rainha.

_ Mas como tudo isso é possivel.

_ Minha amada filha, quando você ainda era muito pequena foi travada uma guerra entre os seres mágicos e Lúcio; ele queria os destruir para assumir o trono, então, fugimos pelo portal. - respondeu o rei.

_ Mas como, se o portal só passa dois de cada vez? - perguntou Elizabeth.

_ Sim, mas as fadas fizeram um encando.

_ E por que nos deixou?

_ Nós três passamos pelo portal, mas eu deveria voltar depois de um certo tempo, se não ele se fecharia para sempre e Lúcio reinaria, destruindo todo o Reino da Fantasia. Fiquei com vocês até se adaptarem a nova vida e retornei.

_ Por que não pudemos voltar também?

_ Porque não era seguro. Precisávamos esperar o momento certo.

_ E Eduardo?

_ Eduardo é um ser mágico único, não há mais nenhum igual a ele. Lúcio destruiu os outros da espécie por serem muito poderosos. Sendo assim, deixei ele fugir pelo portal e em troca cuidaria de vocês quando fosse preciso.

_ E nós, o que somos?

_ Também somos seres mágicos, apenas temos a forma humana; controlamos a magia; assegurando o equilíbrio entre os dois mundos. Assim, os humanos não sabem sobre nós.

Tudo era maravilhoso, Elizabeth estava deslumbrada diante de cada nova descoberta no Reino da Fantasia, mas não parava de pensar em Eduardo.

_ O que há querida? - perguntou o rei.

_ Pai, não consigo parar de pensar em Eduardo. Ele foi ferido! Estará morto?

_ Há uma coisa que você precisa saber. Eduardo não está morto, mas ele precisa de você para sobreviver.

_ Como?

_ Se você ficar o portal de fechará para sempre, pois Lúcio foi destruido e Eduardo ficará preso, consequentemente perderá seus poderes e morrerá.

_ E se eu fôr, como ajudarei ele?

_ O sentimento que une vocês é mais forte do que a morte. Entenderá com o tempo.

_ E não poderei voltar?

_ Quando você partir o portal se fechará, mas no momento certo ele se abrirá outra vez.

_ Vou esquecer do Reino da Fantasia outra vez?

_ Esquecer não, pensará que foi um sonho, até que o portal se abra outra vez e saberá o que fazer.

_ Rápido querida, o portal está se fechando! - falou a rainha.

Elizabeth abraçou os pais e passou pelo portal, na esperança de poder voltar a vê-los algum dia.

Mais uma vez caiu em sono profundo e ao acordar estava em um quarto.

_ Onde estou? - perguntou a uma jovem enfermeira.

_ No hospital. - respodeu ela.

_ O que aconteceu? Estou confusa.

_ Não se preocupe, é normal depois de um trauma. Vou chamar o médico, ele poderá responder suas perguntas.

Minutos depois o médico entrou no quarto:

_ Você e sua mãe caíram no rio, depois de serem perseguidas por um rapaz.

_ Lúcio.

_ A polícia atirou nele que não resistiu aos ferimentos. Um outro rapaz se atirou no rio e conseguiu salvar você, mas como já estava ferido, não conseguiu alcansar sua mãe.

_ Onde eles estão?

_ O rapaz está no quarto ao lado,ele está bem. Mas sua mãe, não conseguiram encontrá-la.

_ Preciso vê-lo!

_ Agora não é o momento, você precisa descansar.

No dia seguinte, ao acordar, percebeu que Eduardo estava debriçado sobre a cama.

_ Eduardo!

_ Elizabeth! Acho que adormeci.

_ Como você...?

_ Estou bem, não se preocupe. Quanto a sua mãe, sinto muito.

_ Sabe, não consigo ficar triste por ela, sinto como se ela estivesse bem, em um lugar longe daqui. Talvés tenha ido ao encontro do meu pai, como nas histórias que me contava quando eu era criança.

_ É, quem sabe.

_ Engraçado, sonhei que eu era uma princesa, em um mundo cheio de seres mágicos. Foi um sonho tão bonito!

_ Mas você é a minha princesa e sempre será. Wuwm sabe algum dia seja uma rainha?

_ Só se contos de fada fossem de verdade."

_ Mas mamãe, ela voltou ao Reino da Fantasia outra vez? - perguntou Ana.

_ Se casou com Edu? - perguntou Clara.

_ Meninas, não sei! Quem sabe eles ainda estejam esperando o portal se abrir novamente?

_ E ter certeza que o sonho é de verdade, não é mesmo Elizabeth?

_ Papai! - gritaram as meninas.

_ Claro meu querido Eduardo! Um sonho tem sempre uma pontinha de verdade.

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Para minha mãe, em memória as velhas histórias que me contava quando eu era criança e para minha princesa Lorayne Sthefane.

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Walthenia Kellyne Lima
Enviado por Walthenia Kellyne Lima em 18/07/2009
Reeditado em 22/07/2009
Código do texto: T1706160
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