O Tempo

Sabe aquela sensação de que o tempo está passando, e a gente faz de tudo para segurá-lo?

Mas ele é implacável, ainda que a gente tente dribá-lo, fica difícil!

Conheço o caso de uma velhinha, Dona Myrtes, que fazia de tudo para esconder a idade.

Certa vez encontrei-a subindo os degraus que dava acesso ao supermercado, ela me reconheceu e então perdi um tempo gostoso, conversando com a figura:

_ Olá dona Myrtes, como vai a senhora, já cedo no mercado? (Ela me chamou, para chegar mais perto, como se quisesse falar no meu ouvido),

_ Eu vou comprar o chá...

_ Que chá, dona Myrtes? Perguntei-lhe

_ Ora bolas, o chá do re-ju-ve-nes-ci-men-to meu filho...

_ Dona Myrtes, a senhora está brincando comigo, não me diga que isso existe? Falei assim, para ver até aonde ela ia com a história.

_ Lógico que existe.

_ Mas no mercado dona Myrtes?

_ Esse chá não deveria ser achado nas farmácias de manipulação?

_ Que manipulação que nada, ele fica escondido aqui, e ninguém sabe o que é.

_ Qual é o nome do chá?

_ Chá de própolis.

_ Mas isso é um produto do mel...

_ Mel nada, isso não é nada doce...

_ Tá bom dona Myrtes, chá de própolis... legal!

Coitada da dona Myrtes a idade havia chegado, e ela relutava com a mesma. Eu acho que não só dona Myrtes mas a grande maioria das pessoas não gosta nem de pensar em ficar velha. Eu concordo.

Quando fiz trinta anos, achei que já estava velho, cheguei aos 40, e todo mundo falava pra mim: Olha quando você completar os 40 você vai entrar em crise. Já estou nele algum tempinho, não vivenciei nenhuma crise, mas uma coisa é certa, que dá vontade de voltar atrás, ah isso dá! E como!

Mas como sou otimista, prefiro enxergar os pontos positivos.

Estava lendo essa semana sobre "pontes" que nos levam ao passado. Algumas pessoas são da opinião que não devemos fazer uso em demasia das pontes. Tem gente que adora ver retrato de 1930, ver os bondes, ver as mulheres naqueles vestidos longos com chapeuzinho de flores, homens com chapéu, etc..

Tenho aprendido na minha vida, que ponte não é uma boa, pelo menos eu acho! De vez em quando eu faço uma limpeza em meus papéis. Jogo tudo fora, já joguei até diploma fora! Quando era adolescente escrevia coisas interessantes, e essa minha mania fez com que destruísse tudo, isso não foi legal.

Quando eu digo lá em casa que vou fazer arrumação, ou faxina, ninguém deixa, ou melhor correm para arrumar.

Na minha leitura fica que essa mania de pontes, acaba de deixando preso ao passado e lembrando do mesmo, cria um sentimento nostálgico não produtivo. Prefiro planejar melhor o meu futuro, baseado em minhas realidades presentes.

As pontes devem ser quebradas, mas será que todas? Bem se você quebrá-las pelo menos uma coisa você irá demonstrar a você mesmo e a todos, muita coragem para enfrentar o amanhã!

Estanqueiro
Enviado por Estanqueiro em 17/07/2009
Reeditado em 21/10/2023
Código do texto: T1705056
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