SONHO...?! (miniconto)

Roda, roda, o sono não vem. Não consegue mais perceber aquela sensação. A primeira vez que aconteceu a tal da “vertigem” tinha acabado de acordar. O vestibular o deixou apreensivo. Sonhou estar flutuando por cima das arvores da floresta amazônica. O verde das arvores e o colorido das flores se manifesta invadindo, sua retina, saltando para o seu interior. Suas células vibram e instigam o cérebro. Ao seu lado voam araras vermelhas, bandos de papagaios cruzam a sua frente tagarelando palavras inteligíveis. Um gavião-real o impressiona pela sua beleza. O sol tinge as nuvens de matizes avermelhados. O amanhecer acorda a floresta. Os sons retumbam pelo interior da mata. Ouve o canto do uirapuru. O canto o assusta! O silêncio se faz. O silencio o assusta! A magia do canto dura pouco, mas estala e instala a sua consciência. A dualidade acabou. Tudo é amor, alegria, vida. Tudo é luz. O seu interior é luz. A floresta é luz. A luz o disseca. A luz explora os intrincados labirintos do seu eu. O seu corpo não é corpo. A sua alma não é alma. Se fundem! O céu e a floresta se fundem! O barulho e o silêncio se fundem! A coragem e o medo se fundem! A guerra e a paz se fundem! A morte e a vida se fundem! A inconsciência acaba. A iluminação acontece! O canto do alencor o devolve a realidade!