A LENDA DE KÓRA & ALSVID - parte 1: As feiticeiras

Dizem que esta história foi o início de tudo. Foi o primeiro passo do que viria a se tornar uma guerra histórica. Começou há muito tempo, numa Era há muito esquecida, quando os dragões voavam pelos céus do hemisfério norte, e as feiticeiras ainda eram jovens...

Já era noite quando o barco solitário de um homem ancorou num cais abandonado. Ele estava todo encapuzado, e a escuridão ocultava sua face. Carregava apenas uma pequena lamparina, com a qual tentava iluminar um pouco do seu caminho.

Calmamente ele caminhou em direção a outra extremidade do cais, que levava a uma passagem encravada entre duas montanhas negras. Ali a escuridão era total, mas ele podia avistar há cerca de 200 metros à frente, uma pequena luz azul que cintilava naquele breu.

O homem se aproximou com cautela e parou diante da entrada de uma caverna. Era lá de dentro que vinha aquela luz que parecia dançar nas paredes, e ele sabia o que gerava aquele brilho hipnotizante: milhares de vaga-lumes que habitavam aquele lugar e, garantiam a iluminação para os outros seres que também moravam ali.

Ele estufou o peito e entrou na caverna, mas instântaneamente foi agarrado por braços agéis e carregado a uma velocidade incrível para o coração da caverna, onde foi jogado com brutalidade no chão húmido do lugar.

O homem se levantou e ao olhar à sua volta, se deparou com um número gigantesco de seres estranhos - mas belos - que o cercavam. Eram as tão temidas feiticeiras, que habitavam as costas ermas de um lugar longinquo do mundo; eram todas mulheres, vestidas de azul, muito lindas, mas que botavam medo até mesmo nos mais corajosos.

— Como ousa intruso — disse a feiticeira que parecia ser a mais jovem e bela de todas.

— Quero falar com sua líder — disse o homem num tom seguro.

— Eu sou a líder! — disse a jovem feiticeira, encarando-o bem de perto. Seus olhos azuis faíscavam. — O quê faz aqui? O quê quer comigo? Se procura a morte, então veio ao lugar certo.

— Acalme-se Feiticeira...

— Me chame pelo nome! — interrompeu ela. — Annabelle.

— Ó, me desculpe senhorita Anabelle. Eu venho de terras distantes para lhe propor um acordo, e lhe pedir algo.

As feiticeiras se alvoroçaram. A simples presença de um homem em seus domínios era um ultraje, e ele tentar fazer acordo com elas era inaceitável.

— Sei exatamente de onde veio — disse ela com o semblante fechado e com a voz áspera. — Veio da terra onde habitam as fadas e ainda ousa tentar me propor algo... Saiba que aqui só terá a morte!

Annabelle retirou um punhal da bainha do longo vestido azul que trajava e avançou contra o homem que se ajoelhou e começou a falar na língua nativa das feiticeiras, o Tunadim. Elas mostraram-se surpresas e a líder delas baixou a guarda.

— Como sabe nosso idioma, intruso? — inquiriu a feiticeira.

— Sou um grande simpatizante de vossa cultura, e já li alguns livros escritos por algumas de vocês que preferiram ficar entre nós. Aprecio não apenas sua cultura, como também cultivo um ódio em comum: as malditas fadas.

— Hum... continue — assentiu Annabelle.

— Dizem que elas estão se armando, e isso pode ser um grande risco contra nossa nação, mas para expulsá-las, eu preciso de muito mais que vontade. Por isso venho lhes fazer uma propósta que tenho certeza que vão no mínimo ouvir.

— E que propósta seria essa?

— Bem... — o homem se aproximou de Annabelle, e aos sussuros contou seus planos.

A feiticeira sorriu pela primeira vez, e concordou em ajudar o homem. Annabelle lhe entregou um pequeno frasco que continha um líquido vermelho como sangue.

— Apenas duas gotas, ouviu bem? — disse a feiticeira.

— Sim, rainha. Em breve terá tudo que deseja...

Jean Carlos Bris
Enviado por Jean Carlos Bris em 04/07/2009
Reeditado em 04/07/2009
Código do texto: T1682441
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