DÂM E PÊS - Dueto do infinito
(O Damasco e o Pêssego)
Para alguns, o universo é duo
Traz em si duas divisões,
Duas faces da mesma moeda
Contrárias e semelhantes
Parceiras e inimigas
Dâm e Pés são assim
Surgiram assim
Cresceram assim
Um nasceu a luz da lua
Brilho de poeta
Negra silhueta
Tão sensualmente obscura
Instigante e misteriosa
Gosto de damasco
Forte mas sublime
Outro nasceu sob o raio do sol
Tarde fumegante
Força e ventania
Destreza e energia
Tão intenso quanto o astro rei
Tão caliente e abrangente
Rápido, esperto, rasteiro
Aroma de pêssego
Sedento desejo ardente
Nos aquece a alma e o ventre
Ambos desconhecidos
Um pro outro
Mas em um breve
Momento eterno
Se encontram
E se tornam quase irmãos
Carne e sangue
Suor e areia
Cheiro e olho
É destes encontros inconcebíveis
Que só um acaso do destino
Ou traquinagem divina
Fornecem
Trema mundo ancião
Dâm e Pés
Estão chegando.
Extraído do conto homônimo “Dâm e Pês – O Damasco e o Pêssego.”