A METAMORFOSE
Maria Emília L. M. Redi
Sevilha, primavera de 2000... Percorrendo a Praça de Espanha, absorvida por suas belezas, Ella entregou-se às lembranças de uma vida.
Voltou o pensamento àquela Igrejinha na Colina, acolhedora e toda enfeitada de flores, onde ao som da Ave Maria de Gounod, adentrou vestida de noiva. No altar o príncipe encantado a esperava... Parecia um conto de fadas !
Naquela Praça, onde a magia era sentida em cada respirar, deu-se conta de que o tempo havia passado.
Ah... o tempo, este amigo-inimigo implacável, havia deixado suas marcas ... Já não era mais a moça sonhadora, mas a madura senhora quase prestes a desequilibrar-se do galho da vida.
Sentia-se incomodada por uma sensação estranha de ter-se conduzido pela vida ao sabor das certezas e opiniões que a afastaram de seus sonhos , transformando-a em marionete por toda uma vida...
As pessoas amarram-se naquilo que se esperam delas e tudo se transforma em obrigação. Bem pregou Sartre – “ O inferno é o outro ”!
Ella, que viveu de doar-se, sentia-se albergada no gueto da solidão de si mesma. Deixou ,suspensa no tempo, sua inalienável vontade - a Liberdade de Ser...
Na esplendorosa tarde de Sevilha, o sol se deitava...
Ella tomou um prazeroso banho de espuma, como se fosse a grande atriz que era... Vestiu um roupão macio que, deliciosamente, deslizava por seu corpo nu.
Um suave perfume de lavanda invadiu o pequeno quarto.
Afastou as cortinas, abriu a janela, e, através das grades, lançou um olhar perdido no infinito ...
Voou em pensamento!
Viu-se vagando pelos labirintos das ruas estreitas do Bairro de Santa Cruz.
Uma guitarra chorava a melodia de sua saudade!
De um beco escuro surgiu um vulto, envolvido por uma capa negra, e ofereceu-lhe um regalo – um ramo de “ hermosas “ flores!!
Por trás da capa , uma surpresa - seu Príncipe Encantado... O homem de sua ilusão!
Olhares fixos e cruzados... mergulharam no âmago um do outro e fundiram-se num só corpo, numa só alma ...
Na ânsia louca do amor incontido, bocas se colaram em “ ardientes besos ”...
As carícias tomaram forma no incontrolável desejo de se amarem ali mesmo, naquele beco escuro do bairro dos amantes. Envolveram-se loucamente num amor que transcendia qualquer entendimento.
O sol amanheceu o dia !
As flores daquela manhã exalavam um perfume especial.
Ella, inebriada, deu um profundo suspiro que transpassava a alma, como sempre, fechou a janela, e deitou-se , na cama macia, ao lado do príncipe que havia se transformado em sapo ...
Maria Emília L. M. Redi
Sevilha, primavera de 2000... Percorrendo a Praça de Espanha, absorvida por suas belezas, Ella entregou-se às lembranças de uma vida.
Voltou o pensamento àquela Igrejinha na Colina, acolhedora e toda enfeitada de flores, onde ao som da Ave Maria de Gounod, adentrou vestida de noiva. No altar o príncipe encantado a esperava... Parecia um conto de fadas !
Naquela Praça, onde a magia era sentida em cada respirar, deu-se conta de que o tempo havia passado.
Ah... o tempo, este amigo-inimigo implacável, havia deixado suas marcas ... Já não era mais a moça sonhadora, mas a madura senhora quase prestes a desequilibrar-se do galho da vida.
Sentia-se incomodada por uma sensação estranha de ter-se conduzido pela vida ao sabor das certezas e opiniões que a afastaram de seus sonhos , transformando-a em marionete por toda uma vida...
As pessoas amarram-se naquilo que se esperam delas e tudo se transforma em obrigação. Bem pregou Sartre – “ O inferno é o outro ”!
Ella, que viveu de doar-se, sentia-se albergada no gueto da solidão de si mesma. Deixou ,suspensa no tempo, sua inalienável vontade - a Liberdade de Ser...
Na esplendorosa tarde de Sevilha, o sol se deitava...
Ella tomou um prazeroso banho de espuma, como se fosse a grande atriz que era... Vestiu um roupão macio que, deliciosamente, deslizava por seu corpo nu.
Um suave perfume de lavanda invadiu o pequeno quarto.
Afastou as cortinas, abriu a janela, e, através das grades, lançou um olhar perdido no infinito ...
Voou em pensamento!
Viu-se vagando pelos labirintos das ruas estreitas do Bairro de Santa Cruz.
Uma guitarra chorava a melodia de sua saudade!
De um beco escuro surgiu um vulto, envolvido por uma capa negra, e ofereceu-lhe um regalo – um ramo de “ hermosas “ flores!!
Por trás da capa , uma surpresa - seu Príncipe Encantado... O homem de sua ilusão!
Olhares fixos e cruzados... mergulharam no âmago um do outro e fundiram-se num só corpo, numa só alma ...
Na ânsia louca do amor incontido, bocas se colaram em “ ardientes besos ”...
As carícias tomaram forma no incontrolável desejo de se amarem ali mesmo, naquele beco escuro do bairro dos amantes. Envolveram-se loucamente num amor que transcendia qualquer entendimento.
O sol amanheceu o dia !
As flores daquela manhã exalavam um perfume especial.
Ella, inebriada, deu um profundo suspiro que transpassava a alma, como sempre, fechou a janela, e deitou-se , na cama macia, ao lado do príncipe que havia se transformado em sapo ...