Anjos - EPISÓDIO III: Uma conversa com o Pai.
Os dias no céu são sempre alegres e movimentados, pois sempre chegam novos habitantes e partem novos anjos que devem assumir sua missão junto aos mortais, por isso engana-se quem no céu pensar que a vida é tranqüila lá se trabalha muito, a vantagem é que ninguém nunca cansa, pois se sentem ajudados e sempre fazem o bem.
Num destes dias de particular movimento os anjos da guarda pareciam mais agitados que o normal, pois iam e voltam, falavam baixo entre si e pareciam não saber como agir.
Menusses estava passeando e percebeu toda esta agitação, perguntou, ao anjo Gabriel quando este passou ao seu lado, o que estava acontecendo e ele respondeu:
- Na terra os mortais estão se armando para uma guerra e o pior é que nada parece capaz de faze-los desistir de seus propósitos.
- Nem um apelo direto de Deus? – perguntou Menusses.
- Ora menina desde quando esses homens ouvem a Deus quando estão convencidos de estarem certos?- Gabriel olhou para Menusses e se deu conta de que estava conversando com um pequeno anjo – mas o que eu estou falando com você isso não lhe interessa.
- Interessa sim e vou falar com o Pai.
- É bom que você vá mesmo – disse Gabriel certo de que a menina estava brincando.
Porém Menusses não estava brincando e foi procurar o Pai. Quando chegou perto do trono viu Pedro e lhe pediu:
- Eu posso falar com o Pai?
- Claro que sim Ele vai gostar de ver você.
- Mas Ele não está ocupado, as coisas parecem agitadas por aqui.
- Ora, mas o Pai sempre tem tempo para que o procura.
Menusses entrou e viu o Pai ocupado observando a terra Ele levantou o olhar e lhe disse com voz grave:
- A que devo a honra de receber sua visita?
- Preciso fazer-lhe um pedido.
- Estou lhe ouvindo
Menusses se sentou e disse:
- Será que o Senhor podia pedir aos homens para que não façam a guerra?
- Estou tentando fazer isso, mas eles não estão ouvindo.
- Mas eu quero dizer que o Senhor é capaz de faze-los parar, afinal o Senhor é Deus e pode tudo.
- Bem Menusses, eu posso tudo, mas o homem precisa entender as coisas por si mesmo e não posso força-lo a nada, pois lhe dei a liberdade para decidir e escolher o que ele faz.
- Ora mais isso não lhe tira o poder?
- E quem se preocupa com poder? O homem é livre e não posso assumir as coisas por ele.
- Mas muitos inocentes irão morrer e isso não é justo. O Senhor precisa fazer alguma coisa.
- Mas eu estou fazendo, veja, estou enviando anjos para sustentar todos os que passam por dificuldades, mas nenhum poderá agir em nome dos humanos.
- Parece que o senhor esqueceu a terra.
- Não eu não os esqueci, pois estou a cada dia com eles. Afinal quem você pensa que faz nascer o sol todos os dias? Quem envia a chuva? Quem faz nascer a vida?
- É claro que é você.
- Então eu não os abandono.
- Mas eu não consigo entender. Seu projeto era de amor e agora vemos tantas guerras, mortes, mentiras até parece que a terra não tem mais jeito.
- Menusses eu quero lhe dizer uma coisa: o mal não foi criado por mim, de fato eu fiz tudo bom, mas o homem quis estar acima de mim, julgou que eu só lhe atrapalhava e lhe impedia de ser livre, o que não é verdade, pois comigo o homem alcança sua liberdade total e verdadeira. Mas mesmo assim o homem se afasta e inventa muitos outros deuses, ao se afastar de mim, eles se afastam do outro e não conseguem mais ver o outro com irmão, pois ele passa a ser visto como uma grande ameaça e então deve ser destruído.
- E o Senhor nada pode fazer? Isso parece impotência e um Deus não pode ser impotente...
- Ora menina, você deve se lembrar que sou Todo-Poderoso...
- Sim, mas de que adianta ser Todo-Poderoso, se não pode fazer nada para impedir a guerra?
- Esse é um grande mistério que é preciso entender e perceber com a fé. Venha ver uma coisa. Você está vendo aquelas pessoas?
- Aquelas que estão recolhendo aquelas crianças?
- Sim. E também aquelas que estão plantando flores, as que estão promovendo a paz, aquelas que não aceitam a mentira nem o roubo?
- Sim Pai eu estou vendo muita coisa boa e muita gente fazendo o bem, nossa nem parece os mesmos que se armam para a guerra.
- Mas não são os mesmos esses são os que me ajudam a fazer o bem na terra, quanto aos outros eles devem aprender por conta que o mal não leva a nada a opção é deles.
- Isso parece cruel Deus.
- Mas é a verdade, aprenda a ter paciência, se acabarmos com o mal estaremos correndo o risco de acabar com o bem. Você me entendeu?
- É um pouco difícil, mas eu entendi: você não deixa de ser Deus só por que não obriga os homens a fazer o que você quer, pois eles são livres e devem escolher.
- Exato, agora que você entendeu isso quer perguntar mais alguma coisa?
- Não eu vou deixar você trabalhar, vou procurar alguma outra coisa para fazer.
- Você é quem sabe. Mas não pense que me atrapalha.
- Não é isso, é que eu preciso procurar Constelação, pois vamos visitar Terezinha. Até mais Deus.
- Até mais Menusses.