A FADA DO CANTO DOCE

A fada do canto doce

Lá muito longe, longe do barulho da cidade, longe do ar poluído, muito além de Caixa Prego

existe uma linda fada que se chama Manuela. Ela tem cabelos longos e brilhantes que não são nem louros, nem ruivos, nem pretos, nem castanhos. Os cabelos da fada Manuela são azuis. Querem saber a cor dos olhos? Pois lhes digo que são amarelos e bem redondinhos, parecem bolitas de gude, aquelas bolitas de vidro com as quais a meninada gosta de jogar.

A pele de Manuela tem vários tons de marrom, desde o bege clarinho até o marrom escuro.

Ela se veste de flores, lindas e coloridas, formam uma saia rodada e dois girassóis formam o corpinho.

Cada vez que ela sorri os pássaros gorjeiam e quando a fada sai a passear pelos campos muitos animais a acompanham e com ela brincam alegremente. Quando Manuela sai para trabalhar todos se apresentam para ajuda-la, na verdade, para eles tudo é muito agradável.

A tarefa de Manuela naquele bosque encantado é plantar flores e os pássaros logo vão chegando batendo de leve as asas e trazendo, cada um em seu biquinho, as sementes que colheram e é muito lindo ve-los acompanhar Manuela naquele trabalho.

Os casais de elefantes, com a comprida trompa molham a terra, e sabem como conseguem fazer isto?

Pois é assim:- Manuela pega algumas frutas grandes e de casca dura, divide a polpa entre os animais, que eles bem contentes comem, depois faz furinhos pequenos nas cascas, põe uma alça de cipó em cada uma, vai até o Riacho Doce, enche as cascas das frutas de água e só então os elefantes vão andando devagar e molhando as sementes que já foram lançadas na terra pelos pássaros. Mas antes os tatus brincando de trabalhar afofaram a terra e fizeram pequenos buracos. Os macacos vão pulando na frente, e de vez em quando cochicham coisas para os outros bichinhos.

Os papagaios com seu belo colorido e a voz estridente encantam a todos. Os patos com seu andar lento de vez em quando levantam as asas para seguir de perto os amigos. Os jacarés, as tartarugas, os sapos, os lobos, as onças, as cobras, os veados, os porcos, todos os animais vão chegando para ajudar Manuela, pois todos a amam e sabem da importância de conservar o lugar onde vivem.

Enquanto trabalham cada um canta a seu modo; os papagaios: -curro paco, paco, paco. Os

os patos:-qua, qua, qua. Os sapos: nhé, nhé, nhé. Os porcos: ronc, ronc, ronc. Os lobos: auuuuu...Os pássaros: piu, piu, piiiiiu. E assim todos participam do coral da natureza. Mas o que mais encanta é o canto da fada Manuela. Ela sabe tantas canções quanto as sementes que planta, e os animais, cada um com a sua voz, faz o estribilho.

Eu falei que o macaco estava cochichando, não é mesmo? - Pois então, o motivo era que foram encarregados de convocar uma reunião, sem que Manuela soubesse. Precisavam combinar umas coisinhas para o domingo. Então o macaco falou para os bem-te-vis, as cobras falaram para as tartarugas, estas para os marrecos, estes para os sapos, e aos poucos todos os animais da floresta foram avisados sobre a importante reunião, de sábado a noite.

Ninguém faltou à reunião. As formigas pediram a palavra e comunicaram que domingo a fada Manuela estaria de aniversário e que todos deviam se preparar para a grande festa. Falou que as cabras fariam o bolo, os pássaros podiam enfeitar a casa, os patos fariam o suco, os papagaios trariam os canudinhos de cebolinha verde, os veados podiam pintar as paredes, as onças arear as panelas, as girafas colheriam frutas e os macacos habilidosos preparariam uma gostosa salada de frutas, enquanto os outros se encarregariam de limpar o pátio, e elas, as formiguinhas fariam uma linda grinalda para a aniversariante.

Era também importante não esquecer de colocar água fresca na talha, e trazer gravetos para acender o fogo no fogão à lenha, pois a noite podia esfriar.

Ouve um momento em que todos queriam falar, e foi preciso que o elefante insistisse para que cada um levantasse na sua vez, enquanto os outros todos deviam escutar para que todos pudessem ouvir e entender. Assim foi mantida a ordem da reunião.

Enquanto falavam uma loba ia tomando nota de tudo. Ela era a responsável pelas anotações da ata naquela reunião.

De repente a tartaruga lembrou dos peixes. Não era justo eles não tomarem parte das decisões. Então, se encaminharam para a beira da lagoa e atirando migalhas de pão, atraíram todos para que focem comunicados sobre a festa. Os peixinhos pulavam na água, e queriam saber qual a tarefa que teriam de realizar, só que não poderiam sair da água. E agora, o que vocês acham que os peixes podem fazer na festa? - Eu tenho uma ideia que conto mais adiante.

Ninguém ainda falara na música, que era uma das coisas mais importantes pois todos sabiam que Manuela amava todos os sons daquele lugar encantador e no dia do aniversário tinham que pensar em algo muito lindo. Algo que a fada nunca ouvira.

Então uma minhoca gorducha teve a grande ideia e falou: E se fizéssemos uma bela serenata na beira da lagoa? Grande ideia, gritaram todos. E logo começaram a ensaiar o canto, a afinar os instrumentos, e o amor com que todos queriam homenagear a sua meiga e querida fada, tornava a música perfeita.

Agora precisavam decidir o lugar da festa. Alguém falou no problema dos peixes, e daí surgiu a ideia de fazer a serenata à beira da lagoa.

Enquanto isto, Manuela descansava e nem imaginava o que os amiguinhos preparavam.

Domingo a tardinha todos se encaminharam para o local combinado, e cada um sabia a sua participação. Uns só cantariam. Enquanto outros tocariam instrumentos.

Um casal de garças foi encarregado de buscar a aniversariante.

A lua cheia iluminava a lagoa e fazia brilhar as escamas dos peixinhos, que ficaram todos juntos fazendo uma bela ginástica para encantar ainda mais a fada Manuela. Quando a serenata começou, ela colocou na cabeça a grinalda de flores e muito feliz dançou e brincou muito.

Depois os animais fizeram uma roda e Manuela cantou e encantou com seu doce canto em agradecimento a linda festa que os amigos haviam preparado.