"" A outra noiva do rei...""

Achávamos que nunca veríamos o pequeno príncipe crescer, que eternamente o garoto da singela pureza, continuaria amando sua única rosa, remexendo seus pequeninos vulcões e questionando os habitantes da cada meteoro ou planetinha, que avizinhavam o seu B612.

Mas, fizeram que se anunciasse em todos os reinos do universo que ele faria uma peregrinação, já maduro, meia idade, viúvo há algum tempo, decidira agora se casar novamente.

Lembrou-se ele de um antiquiquíssimo antepassado, que saíra com um certo sapatinho em busca da noiva perfeita, e ele faria quase igual. Não haveria um sapato, mas um espelho, dito meio mágico, com especiais poderes. Ele revelaria ao bondoso rei, quem seria a sua companheira, a esperada amiga, amante. Que trouxesse a candura, afabilidade, ternura e romantismo, bem como idealizava o solitário rei.

Pediu ajuda ao um verdadeiro exército de mensageiros, que se espalharam por cada cantinho do universo, visitando cada estrela, fosse da grandeza que fosse, onde houvesse uma criatura com possibilidade de se tornar sua rainha. E todos os velhos amigos, ou apenas conhecidos, foram, também avisados, até cobras e raposas, para que nenhum canto, de qualquer canto ficasse sem uma visita.

E foi preciso um bom tempo, pra que os imediatos de hierarquia mais alta, chegassem a um número mínimo, que permitisse ao rei, reunir em um único baile, as convidadas. E para grande surpresa do rei, como um único planeta, teve duas “eleitas”, ele foi escolhido como o local da realização do, já intitulado por todas as pretensas noivas, como o baile do noivado. Este recebe o nome de planeta Terra, já conhecido do, na época, pequeno príncipe.

As noivas, não estariam mais, entre a jovenzinhas, o sábio rei, conhecia as condições de semelhanças que permitiriam o sucesso futuro. As jovens senhoras, eram a sua escolha, a maturidade do tempo já vivido enfeitado com o final da juventude, aqui neste planeta, diríamos que seriam as mulheres com mais de quarenta (ahh, um outro rei já cantou para elas!!!).

No ponto do planeta , onde a noite era a mais estrelada, a brisa noturna mais suave, fresca e perfumada e o chão, como que esperasse o evento, numa natural grande laje, lisa e uniforme de granito bruto, arbustos floridos e coloridos, mal pediriam a ajuda de complementos pra compor o cenário do baile. Tudo como que “desenhado” pelo sonhador rei.

E então chegariam os convites. Damas e meias-damas, transitavam aflitas e ansiosas, sem nem saberem a quem e porque algumas delas receberiam o convite, e nem ao menos o que poderiam fazer para estarem entre as eleitas, nem a mais sábia e ardilosa comandante de uma casa de meninas lépidas, risonhas e dadivosas, conseguiu articular qualquer vantagem. Viam-se raças, tipos, formas de “mulheres” das mais inusitadas, “desembarcando” nas proximidades do grande lajeado. O lugarejo ao redor se mobilizou por completo para o evento, hospedagem, refeições, arrumações dos vestidos aos penteados. E não se sabe bem porque, um certo sapateiro que criou um sapato num certo material que chamou de cristal, foi o mais procurado e o que mais vendeu os sapatos para o baile!

Enquanto o burburio se avolumava lá nos confins do tal planeta, o apreensivo rei, em sua velha cadeira de observar os pores-de-sol, ficava a cada dia, em que se aproximava a data, mais reflexivo, pedia ao centro de poder do Cosmo, que lhe desse discernimento e serenidade pra que não errasse na escolha, que trouxesse pra a cadeira ao seu lado, a mulher com qual pudesse ser feliz.

E chegada a grande data, numa noite coberta de magia, em que todas as forças do cosmo arquitetaram a possível perfeição, onde se juntaram o fogo das tochas que circundavam todo o lajeado, então salão do baile, o ar perfumado por tantas espécies de flores se compunham como em decidida decoração, a umidade fresca em spray que fluía da pequena cascata, bem próxima e o campanário na mais bela composição estrelar. Tudo ainda ganhava mais graça e encantamento, ao som de dezenas de violinos , contra-baixos e pianos, em composições de rara beleza.

As convidadas já estavam todas, devidamente acomodadas, todas arrumadas com esmero e elegância, se observavam umas às outras, tentando cada uma identificar em si, a vantagem sobre a outra, no que elas teriam mais condições de atraírem a atenção do rei que as outras. E então o grande momento, tão aguardado, é chegado. O rei é anunciado, e nem toda a educação, instrução e normas estabelecidas, conseguiram abafar o longo, sonoro e coletivo murmúrio das damas boquiabertas, com a entrada do rei. Uma irreparável mas simples elegância, e um semblante sereno compunham a beleza madura do futuro noivo. Iniciando-se assim, a cerimônia, pois o já não tão jovem rei, teria muitas damas para as contra danças, tentando o conhecimento mais próximo. Ele trazia estrategicamente em um de seus bolsos, o secreto e mágico espelho.

Já ia quase a metade da noite do baile, e o rei ainda não havia se interessado por nenhuma das suas damas, para algumas delas nem sequer focalizou, imperceptivelmente, o espelho.

Num momento de descanso, para repor as energias o rei seria servido de sucos, os mais deliciosos e inusitados, da diversidade de frutas que possuía o planeta. Quis a jovem senhora, especialista na arte de combinar as frutas e criar deliciosos sucos, ela mesma servir o rei, vestida como todas as serviçais, única forma de poder estar naquele baile para simplesmente não deixar de vivenciar tão único e mágico evento. Com elegância e capricho ela lhe ofereceu a taça, sem conseguir evitar que a bandeja tremesse um pouco, tanta a emoção de se aproximar do rei. Este tentando amenizar e embaraço da senhora, lhe dirigiu um sorriso. O rubor tomou conta do rosto da serviçal, o que fez com que o rei se admirasse mais que o normal, daquela senhora. Uma inexplicável sensação invadiu seu peito, ele segurando a taça, sem a levantar da bandeja, tentava prolongar o momento e entender o que se passava com ele. Ela já não sabia mais como disfarçar tanta emoção. Sem nem mais perder tempo, ele como que a brincar tirou o espelho do bolso, focalizou o rosto da senhora, e lhe disse:_ Veja como fica graciosa, assim sem jeito!!

Mas na realidade , ele buscava, ansiosamente, naquele rosto ruborizado, a resposta para suas buscas. E nem foi maior a surpresa, do que a grande emoção quando o rei viu refletir naquele pequeno espelho, a mais linda , brilhante e grandiosa aura. Estava ali, bem diante dele, na mais simples vestimenta, na mais desnuda emoção, na mais singela mulher a sua futura esposa.

E foi assim, sem deter a menor dúvida que o rei anunciou ao baile todo, e a todos os seus organizadores que a moça dos sucos era a noiva escolhida!!!

m.raposo*

UmaMonalisa
Enviado por UmaMonalisa em 29/05/2009
Reeditado em 29/05/2009
Código do texto: T1621623
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.