Angelical
Numa manhã de pouco sol, com uma neblina fina e gélida. Eu caminhava, numa cidade muito bonita, simples, mas muito bonita. Algumas arvores aqui, uma pracinha ali, pessoas conversando caminhando em sentido da padaria, pois bem, isso era um sonho. Sentia que estava dentro de um sonho meu, sabia que eu estava deitado no chão da sala da minha casa, coberto com meu edredom, numa noite fria, depois de um dia mal, brigas, irritações, etc. Estava sonhando com esse lugar, uma paisagem bonita, um ar puro, pássaros entoando cantos alegres, um lugar tranqüilo e belo para se morar. Em certo momento avistei uma casa, mas não me era estranha aquela casa, mesmo eu estando num lugar onde nunca havia estado, eu sentia que conhecia aquele lugar, sentia que mesmo no sonho eu já tinha ido naquela casa. Uma casa bonita, cercada por uma cerca bem feita e com gramado alto. Pensei eu: Bem, o sonho é meu, então posso entrar na casa que eu quiser, rsrsrsrsrs...
Então fui até aquela casa, quando adentrei pelo portão, senti um calafrio, como se aquele lugar fosse proibido, mas eu tinha a certeza de que eu já tinha estado ali, continuei há entrar, e, enquanto eu entrava a sensação de não poder estar ali aumentava, e cada vez mais eu avançava pelo jardim, olhando a porta ficar cada vez mais perto, tudo em volta parou, o ar não trazia mais o som, o sol não aquecia, tive sim, a sensação de já ter estado ali, mas que não era um lugar onde eu queria voltar. Quando cheguei a porta, hesitei, parei, pensei, meu coração não palpitava, ele queria que eu estivesse ali, meu consciente gritava para eu não adentrar a porta, e como sempre segui meu coração. Não achei que precisa-se bater, fui entrando sem ao menos me anunciar e então...
Meu coração estremeceu, meus olhos não acreditavam no que eu estava vendo, minha cabeça, mesmo no sonho não parava de indagar por quês, meu corpo tremia como nunca tivera acontecido antes, eu parei.
Não pude acreditar no que eu estava vendo, pois como pode? Ser o meu sonho, e coisas que eu enterrei o mais profundo de mim aparecerem ali?
Voltando para a cena, eu via uma pessoa deitada numa cama, coberta por um cobertor quadriculado entre as cores cinza escuro e um cinza mais claro, lembrava um tabuleiro de xadrez. A pessoa dormia um sono agradável como se nada pudesse abalar aquele sono. Fiquei paralisado apenas observando aquela pessoa dormir, eu estranhei a cena, mas não queria que acabasse, num momento repentino a pessoa sorriu, mas não era um sorriso comum, era “ o sorriso daquela pessoa”. Era um sorriso envolvente e convidativo, senti como se ela soubesse que eu estivesse ali todo o tempo, e ela apenas fingi-se esta dormindo. No momento seguinte a pessoa como se estivesse se espreguiçando virou-se e disse: “ Nossa, não se pode nem mais dormir, rsrsrsrs”... Não consegui dizer nada, fiquei contente em ver aquela pessoa brincar comigo, sorrir para mim. Logo em seguida ela fez um gesto para eu me assentar ao lado dela na cama, meu corpo se moveu sem eu ao menos cogitar qualquer tipo de resposta verbal. Sentei ao lado dela, nunca estivera mais linda, seus cabelos tinham uma cor dourada, um amarelo muito vivo, sua pele com uma aparência ótima, seus olhos ainda estavam entreabertos, como se estivesse acabado de acordar de uma noite mal dormida, mas mesmo assim estava ótima. Seu perfume dominava o ambiente, lembro-me bem desse aroma, o perfume era um chamado Humor (natura), era um aroma fascinante. O tempo ia se arrastando, eu não parava de olhar para ela, mas por que? Não sinto mais nada por ela, não quero lembrar, alias nem lembrava mais dela, então por que? Meu consciente me lembrou que aquilo não passava de um sonho, mas mesmo eu não querendo ter aquela pessoa ali, não queria acordar, sentia que no mundo real a hora de me levantar estava chegando, fitei seu rosto por uma ultima vez, olhei bem em seus olhos, trocamos um dialogo curto, mas importante, não contive meus sentimentos e uma lagrima de destacou dos meus olhos, a pessoa me olhou entristecida, virou o rosto para o lado fechou os olhos e pude ver uma lagrima se despontando de seus olhos. Ela me lembrou de uma situação do passado, a mesma situação que nos fizera seguir caminhos separados, não pude pensar em nada cabível para se falar no momento, ela fez um gesto como se fosse dormir novamente, apertou minha mão com muita força e deu novamente aquele mesmo sorriso. Senti como se aquilo fosse uma despedida, mas eu não queria que aquele momento acabasse, por um instante eu esqueci que aquilo era um sonho, parecia tão real, tão verdadeiro, mas também parecia bom de mais para ser verdade...Passei a mão pelos seus cabelos, nunca tinha visto eles tão belos, a luz que entrava pela janela dava ainda mais tonalidade da cor dourada deles. Antes mesmo de eu acordar me perguntei se esse era meu sonho, porquê ela estava nele? Eu há enterrei tão fundo dentro de mim, olhando para ela eu pensei comigo: “te guardei num canto do meu coração onde nem mesmo eu tenho mais a chave, pois te enterrei para não mais tê-la...” e foi como se ela tivesse lido minha mente, mas como? Era meu sonho, minha cidade, minha casa, num mundo onde eu poderia fazer qualquer coisa, o único lugar onde eu poderia ser o que quisesse e ter quem eu quisesse...
Ao acordar demorei a me levantar, fiquei lembrando de cada detalhe, cada segundo, da cor do cabelo, do sorriso, do cobertor, do perfume, dos olhos e principalmente das palavras. Fiquei pensando naquela casa, no local que me parecia proibido, meu coração queria que eu entrasse mas minha mente se negava, me pergunto por que hoje? Há tempos não há vejo, nem tenho noticias, nunca mais vi. Não imaginava que poderia novamente tornar a te encontrar em meus sonhos, mas você apareceu, e...Obrigada pela visita, pois assim como seu nome, você foi um anjo na minha vida!!!