Amor bom é de dois

Nossa travessia vai ser na cama, vou te dar amor, sem machucar o seu jardim. Foi à frase de Túlio, antes de se desconectar do objeto que o mantém ligado a Helena há meses.

Nunca se viram ao vivo, se falam por vias tecnológicas. Cada um em seu mundo, tocando suas vidas, independentemente. São pessoas autônomas de si, desde muito jovens.

Suas histórias são particularmente bem vividas. Duas pessoas dispostas à realização pelas próprias mãos. Seus tempos são diferentes na idade, mas não atrapalha a evolução da relação.

Ambos são sedutores e por critérios próprios selecionam a entrega emocional. Sabem dos riscos que correm. Afinal, viver em países diferentes é um mal para quem pensa em fortalecer um relacionamento a dois.

Mesmo assim, eles gostam de expressar suas vontades, e através da escrita falam todas as línguas sem vulgaridade. Compartilham olhares afins, entendem que existe reciprocidade. Reconhecem que o amor mal alimentado leva à frustração. Idealizar demais pode ser um grande furo em qualquer embarcação. Por isso, não fazem planos, vão seguindo o rumo, feito as águas do Oceano.

Eles sabem dar importância devida às características de cada um. Não buscam almas gêmeas, até por que entendem, nem sempre o coração bate acelerado à primeira vista. Este músculo é muito sábio. Amor se alimenta com convivência, com companheirismo, com conversa boa, com bom humor, com olho no olho, e claro, com desejo, no dia-a-dia. Mas não o desejo desesperado, que não é compatível com relação nenhuma.

O fato é que mesmo se querendo eles não se têm. E quando eles pensam parar, a vontade de querer ficar, vem mais forte, e os impede de encerrar o que ainda não se pôde ter.

São amantes, sem nunca terem se tocado, são mais que amigos no sentido figurado, são velozes de sentimentos. Querem-se sim, estão prontos para se dar livremente, mesmo que seja por um fio.

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 17/04/2009
Reeditado em 18/04/2009
Código do texto: T1544495