O mundo para além da crise…
(Conto fictício que relata apenas a imaginação do autor)
Desesperado depois de mais um longo dia procurando em vão um emprego, Ricardo voltou ao apartamento. Na televisão, as notícias repetiam-se tristes e assustadoras, anunciando o agravar da crise económica, as manifestações imensas de uma população desempregada, faminta e sem meios para cuidar da saúde e de suas necessidades mais elementares. A falta de abrigo, de alimentos, os roubos, a corrupção, a violência e tudo o que de mais ruim podia acontecer, alastrava em proporções nunca antes vistas ou sequer imaginadas. Por outro lado, as alterações climáticas causadas pelos abusos e total desrespeito pela preservação do ambiente, devastavam vastas regiões do planeta, tudo arrasando com inundações, ventos ciclónicos e ondas de um mar que se agigantava e invadia a terra, tudo destruindo com sua força indomável.
Com apenas 26 anos, Ricardo completara seus estudos, mas não conseguia qualquer emprego. O banco onde tinha uma magra reserva de dinheiro, declarou falência e ficou sem meios de subsistência. Incapaz de pagar a renda do apartamento, foi avisado pelo senhorio para sair até ao fim do mês. Só tinha abrigo por mais uma semana. Depois disso, o que fazer? Como sobreviver?
Apesar de ser um jovem forte, bem constituído e com uma formação diversificada, isso de nada lhe servia quando havia milhões de pessoas desempregadas e como ele, procurando uma forma de ganhar o sustento.
Deitou-se sem comer, pois já não tinha mais nada em casa, nem dinheiro para comprar alimentos e tentou adormecer para esquecer a fome.
Na manhã seguinte, encaminhou-se para um centro governamental de ajuda alimentar, para quebrar o jejum. Na longa fila de pessoas que esperavam sua vez para receberem algum alimento, pareceu reconhecer alguém. Conseguiu aproximar-se e não teve mais dúvidas, era Roxana, uma ex-colega de curso. Uma moça inteligente e linda que ele sempre admirara imenso. Chamou-a pelo nome e ela virou-se para ele demonstrando exuberantemente a sua surpresa.
- Ricardo, que alegria voltar a encontrar-te! Como estás?
- Estou bem, pelo menos por enquanto! E tu estás com um aspecto maravilhoso! Não imaginas como sentia saudades de ti e dos bons tempos em que vivíamos nessa altura!
- Vamos comer juntos já que tive a sorte de te encontrar, quero partilhar contigo uma informação surpreendente que só ontem tomei conhecimento! Disse Roxana enquanto me brindava com um animador sorriso.
- Sim, claro! Já me deixaste ansioso para saber o que me queres dizer, disse Ricardo, retribuindo-lhe o sorriso.
(continua)