A cidadela dos felizes
Além das montanhas do norte, um monge sofria tenaz resistência de um de seus discípulos, que acreditava que o maior tesouro do mundo era a felicidade pessoal. Também acreditava o discípulo que quanto mais se adquirisse conhecimento de si mesmo e do mundo, mais difícil seria o encontro com a felicidade. Em sua filosofia, concluiu que quanto mais se ignorasse a respeito dos males do mundo e das imperfeições do espírito, a vida se tornaria mais simples, e mais fácil se chegaria à felicidade.
Um dia, o monge convidou esse discípulo para uma viagem rumo a uma terra distante, a fim de que ele pudesse conhecer um lugar onde, há muito tempo, seus habitantes estipularam que deveriam perseguir a felicidade pessoal. O discípulo aprontou-se ansiosamente ao saber que sua filosofia era aplicada concretamente.
Ao chegarem ao vale onde se podia avistar a cidade, viram uma placa: “A cidadela dos felizes”. O monge , então, disse ao discípulo: “Só retorne quando estiver se tornando um mestre”. O discípulo alegrou-se com tão fácil tarefa e ali o monge o deixou.
Passado um ano, o discípulo retornou ao templo. Avistando o monge, correu ao seu encontro e prostrou-se:
“Mestre, com propriedade conheci a cidadela dos felizes! Lá, as pessoas haviam alcançado, de fato, a felicidade pessoal. Conheci um homem que se sentia feliz em maltratar seus filhos, conheci um general que se sentia feliz em matar seus inimigos, conheci uma senhora que se sentia feliz em mendigar, e também conheci todos os outros cidadãos. Eles se tornaram egoístas, maus, mentirosos e trapaceiros; ignoravam que o que praticavam era de todo o modo mal; não tinham a sabedoria de ser caridosos e de que estavam, em verdade, se destruindo.
Mestre, quão maligno é perseguir a felicidade sem sabedoria, sem pensar no próximo, sem conhecer o que é bom e o que é mal, sem conhecer a si mesmo. Estou arrependido, mestre. Ensina-me”.
A partir desse dia, o discípulo foi se iluminando, tão logo tendo começado a se tornar um mestre, quando conhecera em toda a sua propriedade a cidadela dos felizes.