O galinheiro
No cercadinho todas elas se agrupavam à noite. Durante o dia elas eram independentes e ciscavam o tempo todo. Galináceas desvairadas. Todas muito robustas, de bico pra cima, penas reluzentes, não queriam fazer feio umas diante das outras.
Era um tal de cocoricó que dava até nos nervos... A mais assanhada não visava perigo e se insinuava para o galo da companheira. Mas até dava para entender... Ela tinha passado fome, foi acolhida pelo galinhame e ali achou de encontrar seu espaço, mesmo tentando roubar o espaço das suas colegas.
Ainda havia aquela que se fazia de tristonha, uma verdadeira coitadinha, mas se as outras soltassem as penas, ela bicava para todos os lados. De uma simples galinha, transformava-se numa mistura de saracura com seriema.
A galinha-mor, lá do poleiro mais alto, observava e tentava analisar o comportamento daquela geração depenada... Era triste concluir que não se fazem mais galinhas como antigamente.
Ninguém botava ovo. Quando o faziam, não queriam chocá-los. Nem indês as fazia sentar a... cloaca aonde era de direito (e dever). Também dava para entender: elas não cruzavam. Elas não trepavam nem cruzavam... Os galos estavam desaparecendo.
Por isso estavam mais preocupadas com suas performances do que com suas funções elementares. Elas se achavam tudo: eram pombas, eram colibris, sabiás, elas até se sentiam águias - mas eram apenas galinhas.
Um dia apareceu no galinheiro, sem mais nem menos, uma franguinha de outro terreno. Rabo empenado, asas esticadas e pescoço altivo. A franga, compadecida com a galinha-mor, que já tinha desistido de organizar a galinhagem, disse a todas: "Quem é que pode me ensinar a voar?".
No que as outras, cruzando olhares enfurecidos, impostavam um só cacarejo: "Galinhas não voam!".
A franga deu meia-volta, mas antes de ir embora olhou para trás e perguntou: "Já que não conseguem nem ser galinhas de verdade, galinhonas mesmo, e se não conseguem voar, a que vieram ao mundo?...".
No cercadinho todas elas se agrupavam à noite. Durante o dia elas eram independentes e ciscavam o tempo todo. Galináceas desvairadas. Todas muito robustas, de bico pra cima, penas reluzentes, não queriam fazer feio umas diante das outras.
Era um tal de cocoricó que dava até nos nervos... A mais assanhada não visava perigo e se insinuava para o galo da companheira. Mas até dava para entender... Ela tinha passado fome, foi acolhida pelo galinhame e ali achou de encontrar seu espaço, mesmo tentando roubar o espaço das suas colegas.
Ainda havia aquela que se fazia de tristonha, uma verdadeira coitadinha, mas se as outras soltassem as penas, ela bicava para todos os lados. De uma simples galinha, transformava-se numa mistura de saracura com seriema.
A galinha-mor, lá do poleiro mais alto, observava e tentava analisar o comportamento daquela geração depenada... Era triste concluir que não se fazem mais galinhas como antigamente.
Ninguém botava ovo. Quando o faziam, não queriam chocá-los. Nem indês as fazia sentar a... cloaca aonde era de direito (e dever). Também dava para entender: elas não cruzavam. Elas não trepavam nem cruzavam... Os galos estavam desaparecendo.
Por isso estavam mais preocupadas com suas performances do que com suas funções elementares. Elas se achavam tudo: eram pombas, eram colibris, sabiás, elas até se sentiam águias - mas eram apenas galinhas.
Um dia apareceu no galinheiro, sem mais nem menos, uma franguinha de outro terreno. Rabo empenado, asas esticadas e pescoço altivo. A franga, compadecida com a galinha-mor, que já tinha desistido de organizar a galinhagem, disse a todas: "Quem é que pode me ensinar a voar?".
No que as outras, cruzando olhares enfurecidos, impostavam um só cacarejo: "Galinhas não voam!".
A franga deu meia-volta, mas antes de ir embora olhou para trás e perguntou: "Já que não conseguem nem ser galinhas de verdade, galinhonas mesmo, e se não conseguem voar, a que vieram ao mundo?...".