A menina do livro encontra a fada dos indrisos
Adormece... Em seu corpo a sensação de coisas belas; de encantos de sapos transformados em príncipes; de abóboras transformadas em carruagens; de meninos que não envelhecem... A alma querendo fugir do corpo e viajar... Trocar o real pelo imaginário...
Quem é maior: um peixinho ou uma viagem pelo infinito? Seus olhinhos encantando-se com a grandeza de tudo; com a enorme página do livro da vida... Não sabe mais onde está... Em que capítulo começara a viajar? Fita pensativa o infinito... É tudo calmo... Só o vento a farfalhar nas folhas das árvores... Havia uma floresta? Em que linha lera isso? Que diferença hávia entre o mundo do papel e o seu? Tudo lhe parecia tão surpreendentemente agradável! O frescor da manhã era igual (...)
Olha em volta: as borboletas amarelas pousadas em flores brancas... Um leve mover de asas... E voam! E em uma multidão de cores ela surge: terna; olhos verdes; cabelos cor do sol em dias de verão logo ao amanhecer... A menina fica em silêncio; pensa numa santa ou fada, talvez. Como uma criatura pode ter uma luz tão intensa no olhar? Perde-se neles e vê quando ela sorri de dentro dos olhos... Não há o que temer! A candura da voz: “Hoje é sábado, menina! Dia de festa! Vamos!”
A menina a segue prontamente...
Há uma revoada de pássaros azuis... Uma nuvem com sininhos de anjos; e ondas do mar nos cabelos dela quando se movimenta... E dentro dela, a vozinha de uma menina que sabe estar sonhando: “Ela é a fada do livro! É ela! É ela! Lu! A fada dos indrisos!
Os pezinhos faceiros caminham seguindo-a: pim, pom, pim, pom... A fada cantando em tons de melodias infantis... De amores ingênuos... De brincadeiras de outros tempos... Pulava amarelinha? Por que saltitava pelo caminho? As plantas assoviando uma valsa que embalava as sementes em frutos maduros... Arrastando a menina floresta adentro...
Lá... No alto de uma árvore uma preguiça... Mansa sem pressa... Sabedora do dia... Como iria à festa? Um sabiá canta no alto da seringueira... Lu pega-a pela mão e murmura em suave sorrir: “É aqui!”
... Uma página toda colorida!
Pintara ontem com seus lápis de cores... Presente da avó: Chica!
Um sorriso abre-se entre as covinhas do rosto...
... e a música do dia contrariando o fim da página... Toca e vai pelo Recanto das Letras ao sabor dos indrisos de Lu Genovez!