A Conselheira de Netuno

O GRANDE CASTELO DE NETUNO, o Soberano, tinha quase cem metros de altura nos topos das torres mais altas; cinco andares e cerca de setenta quartos grandes o suficiente para abrigar toda uma família de sereianos em cada um. As portas, paredes e estátuas de ouro eram cobiçadas por todos os saqueadores da metrópole, mas eram um espetáculo tão perigoso quanto belo. Qualquer um que se atrevesse a tocar em qualquer parte do castelo sem a devida autorização sofria penas tão altas e dolorosas que até mesmo a morte seria mais gratificante.

Em um dos quartos do castelo encontrava-se Line. Ao contrário do que rezam as lendas terrestres, era não era uma criatura bela. A pele era amarelada e os cabelos, opacos e mal cuidados. Os olhos, estreitos e puxados, eram negros como a noite, e os seios da sereia eram pequenos e pouco desenvolvidos. Como todas as de sua raça, tinha suas características marcantes: ao nível de sua cintura, a pele perdia lugar para grossas escamas azul-esverdeadas, que se estendiam até o fim de seu corpo, em uma cauda bifurcada.

Line tinha consciência de sua aparência física, mas isso não era algo que a preocupava. Ela não trocaria toda a beleza do oceano por sua grande influência com Netuno. Com apenas vinte e cinco anos, já tinha experiência o suficiente para ser conselheira particular do Soberano. No meio de toda aquela falsidade e beleza exorbitante, ela havia se destacado por sua inteligência, e não por seus seios.

Era tão reconhecida por Netuno que há muito deixara de ser uma simples conselheira. Ao invés disso, passara a ser uma verdadeira amiga e confidente.

- Chamei-lhe aqui, minha cara, para um assunto de suma importância. – ele disse, com seu tom ponderado. Ia de um lado a outro da sala, as mãos postas nas costas, seus músculos do rosto contraídos em uma expressão de preocupação. – Não sei ficou sabendo sobre a visita dos partenopianos ao nosso reino.

A comunicação entre os sereianos era feita através da vibração das cordas vocais. O som saía por suas guelras – que se encontravam dos lados dos pescoços das criaturas. As bocas serviam única e exclusivamente para alimentação. Três fileiras mortais de dentes pontiagudos e duros como aço, usados para dilacerar a carne com extrema facilidade.

- Ouvi por alto, senhor. – Line respondeu. – Mas não estou a par dos detalhes. Alguma coisa em que posso ser útil?

- Isso não é bom, não é nem um pouco bom... – ele disse, no mesmo tom preocupado.

- Senhor? – ela perguntou, confusa, franzindo o rosto. – Algum problema?

- Problemas, Line, problemas são tudo o que eu tenho... – ele disse, desabando e encurvando-se em uma postura cansada. Alisou a cabeça com os dedos, fechando os olhos. – Não aguento mais a pressão que o governo partenopiano vem exercendo sobre mim. Parténope tem se mostrado uma ótima rainha para seus súditos. E quanto a mim? O que eu venho mostrado? As notícias correm rápido, Line. Meu povo vê que os sereianos de lá estão em melhores condições, e se perguntam por que não podemos estar no mesmo patamar. O povo daqui reclama de toda a ostentação desse castelo, enquanto passam fome e são obrigados a saíram dos limites do reino para conseguirem alguma alimentação decente, tendo até mesmo que saquear os humanos ou sabe-se lá mais o quê.

- E porque a visita deles pode ser tão ruim assim?

- Você não entende, Line. Não percebe como a visita dela pode ser uma ameaça ao meu governo? O povo vê as coisas, Line, por mais que escondamos aquilo que não nos convêm. Eles não são estúpidos! Vão perceber que o governo dela é melhor que o meu e não tardarão a reclamar por melhorias. Depois disso, vêm os quebra-quebras, os saques e tudo o mais. É fácil conter um único indivíduo, mas quando eles se juntam se tornam indestrutíveis!

- Senhor, se me permite dizer... – ela mediu as palavras. – Acho que o senhor está exagerando.

- Exagerando? Sei que você é inteligente o bastante para perceber as coisas quando elas estão acontecendo.

- Não nego isso, senhor, mas só acho que está se precipitando! O seu governo pode não ser o melhor, mas o senhor é respeitado! E isso não é o bastante? O senhor tem uma alcunha divina, e isso vale por mil bons governos!

- Medo, isso é o que vale por mil governos. O povo acredita em lendas, Line, é apenas por isso que me respeitam: o grande Netuno, criador de tempestades e destruidor de grandes embarcações humanas. O Soberano! Não faço ideia do que seria de mim se descobrissem que o meu maior poder é o de enganar a todos!

- Acalme-se, senhor... as coisas não podem ser tão ruins assim. Você nem mesmo conhece Parténope, como pode ter tanto ódio dela? Faça o seguinte: siga o protocolo, receba-a bem e converse com ela, senhor. O senhor ainda tem seus atributos divinos, e isso lhe dá uma considerável vantagem sobre ela. Peça conselhos, não tenha medo de se mostrar interessado no governo dela. Isso não o tornará mais fraco, só mostrará que o senhor é inteligente e preocupado com os sereianos fora dos nossos limites.

- Odeio admitir isso, mas você está certa, como sempre. – ele se aproximou de Line, alisou os cabelos da sereia e depois lhe deu um beijo em cada lado do rosto. – A comitiva dos partenopianos chega daqui a cinco dias. Ainda tenho que deixar tudo pronto e conseguir o presente de boas-vindas para a rainha.

- Não se preocupe com o presente, senhor. Minhas habilidades em magia ainda não estão tão ruins assim. Eu consigo arranjar alguma coisa interessante nos próximos dias.

- Você sempre me surpreende, Line. – ele disse, dando um afetuoso abraço nela.

- Vai dar tudo certo, senhor. Não há com que se preocupar.

AO SOM DE LIRAS, A comitiva dos partenopianos chegou. Os netunianos, curiosos com a aparência da rainha, correram as ruas para vê-la chegar.

Assim como todos pensavam, era ela linda. Muito mais linda do que todas as dezoito esposas de Netuno juntas. Tinha uma beleza singular, com cabelos loiros e olhos claros, seios firmes e um sorriso belo, com os dentes curtos e pouco apontados. Estampados nos braços, a sereia tinha uma série de desenhos que muitos não conseguiam decifrar.

- São símbolos humanos. – ela disse, apontando para o próprio braço e saciando a curiosidade de uma criança intrometida o suficiente para se enfiar entre os seguranças e perguntar porque ela tinha aquelas coisas estranhas nos braços. – Olhe esse: representa um coração, que para os humanos é o símbolo do amor. – ela apontou para o desenho de um balão vermelho que se enchia nos lados e terminava em uma única ponta. – E esse aqui... – disse, apontando para o desenho de um pássaro branco. – significa paz para alguns.

As explicações da rainha foram interrompidas pelo som reverberante da voz de Netuno. De braços abertos, o sereiano apareceu na porta do castelo. Tinha o tórax musculoso e os braços grandes. Sua boca escancarada em um sorriso pressagiava uma calorosa recepção.

Os criados de Parténope adiantaram-se, estendendo ao Soberano uma grande pedra esférica, de quase trinta centímetros de diâmetro, que brilhava num branco translúcido.

- Uma de nossas melhores pérolas cultivadas naturalmente, Netuno. – disse Parténope, enquanto o sereiano olhava o grande globo. – De nossa terra para a sua, Soberano.

Line olhou da pérola para Netuno, percebendo que alguma coisa ali não estava certa, enquanto o Soberano agradecia com um simples gesto de cabeça. Sem demoras, a sereia partiu com um tipo de lanterna feita de ouro, com um objeto brilhante dentro de seu invólucro de vidro.

- Fogo marinho, minha senhora, conjurado por uma de nossas maiores feiticeiras e minha grande amiga. – ele disse, enquanto Parténope observava o presente, olhando de soslaio para Line. – Para iluminar suas noites e aquecer suas mãos nas correntes frias de seu reino. De nossa terra para a sua, Senhora.

Parténope entregou o presente para sua dama de honra, e, sem demoras, partiu ao encontro de Netuno. Abraçou-o afetuosamente, perguntando-lhe como estavam as coisas.

- Vamos para dentro, todos vocês. – disse ele. – Há um grande banquete a nossa espera.

O BANQUETE HAVIA SIDO UM grande sucesso. A comida, programada para cem bocas – havia quase duzentas presentes – esvaiu-se logo nos primeiros minutos, mas isso não se configurou em um problema. As conversas tomaram conta do salão principal, e logo todos eram bons amigos ou estavam prestes a se tornarem. Line conversava com um partenopiano chamado José – a mãe cismou em colocar aquele nome nele depois que descobriu que era comum entre humanos, ele havia lhe dito. Ela lhe explicava como o governo de Netuno funcionava e perguntava como era o governo de Parténope.

- A Rainha é fascinada por humanos, não sei se você sabe. – ele comentou. – Todos aqueles desenhos que ela tem nos braços são inspirados em desenhos humanos. Parténope sempre se arrisca a tentar algum contato com os humanos, mas eles são tão tolos! Sempre parecem querer agarrar ela e suas damas assim que elas falam! Jogam-se no mar e acabam morrendo afogados, os coitados!

- Parténope parece ser uma rainha maravilhosa, não é mesmo? – ela perguntou, olhando de esguelha para a Rainha, que conversava animadamente com Netuno.

José olhou para os lados, certificando-se de que ninguém o ouviria.

- Não que isso seja da minha conta, mas, cá entre nós, ela não é isso tudo que parece. – ele disse, falando baixo o suficiente para ser ouvido apenas por Line. – Propaganda, caríssima, é nisso que a Rainha é boa. Ela tem uma quantidade imensa de conselheiros por todos os lados, todos dizendo o que fazer para que ninguém saiba como nós realmente vivemos. – ele parecia realmente preocupado em ser ouvido. Olhou mais algumas vezes para os lados, e então continuou. – Se os censores me ouvissem agora minha cabeça já estaria boiando por aí. Ah, fodam-se os censores: essa Rainha é a pior desgraça que já aconteceu para nós em muitos anos.

- Mas o governo de vocês parece ser tão... melhor do que o nosso...

- Ah-há, é uma ótima piada, Line! O que você acha que estamos fazendo aqui? Uma visita diplomática? Por todos os infernos conhecidos, não! Ela está desesperada, Line, quer tanto ouro quanto for possível carregar nas carruagens em que viemos, ou então estamos condenados!

- Não pode ser tão ruim assim, José... – ela disse. – Nosso governo nunca foi nenhum parâmetro para ninguém.

- Como não?! Vocês têm Netuno, por todos os deuses! Netuno, o senhor dos mares, criador de tempestades e destruidor de embarcações! Vocês têm o governo mais rico de todo esse lado do oceano, não têm?

Ela não respondeu. Estava quieta, pensando no que acabara de ouvir. Então os papeis acabavam por se inverter. E isso não era uma boa notícia?

LINE NÃO TARDOU A DAR alguma desculpa esfarrapada para deixar José. Precisava falar ao Soberano com urgência, contar-lhe qual o real motivo da visita de Parténope. Ah, como ele ficaria feliz com aquela notícia! Todos os seus medos e anseios seriam dissolvidos num piscar de olhos, e toda a preocupação do Soberano deixaria de existir. Ele voltaria a ter confiança em seu governo e perceberia que, no fim das contas, não era um mau governante.

- Sabe onde está seu senhor? – Line perguntou a um empregado do castelo que passava de um lado para o outro, perguntando aos convidados se eles estavam confortáveis e se precisavam de alguma coisa.

- Sim, senhorita Line. Ele está em seu gabinete, com a senhora Parténope. Disse que não quer ser incomodado por ninguém.

- Obrigada.

Netuno entenderia a interrupção de Line, em vista da boa notícia que tinha a dar.

Dirigiu-se velozmente até o gabinete, passando por corredores desertos. Ninguém se atrevia a passar por ali, principalmente em dias de visitas diplomáticas de outros reinos. O Soberano gostava de mostrar organização em sua morada.

Foi quando começou a ouvir os gritos que ela diminuiu a velocidade. Franziu o rosto, preocupada. Netuno esbravejava em um tom alto o suficiente para fazer as pilastras daquele andar vibrarem.

- Então foi para isso que você e sua comitiva vieram até aqui? – ele parecia realmente enfurecido, e, se tivesse realmente todos os poderes que os outros acreditavam que tinha, nessa hora uma tempestade sem precedentes estaria destruindo tudo o que avistasse no mundo dos humanos. – Isso é uma afronta ao meu governo, Parténope, isso é uma afronta a mim!

- Isso são negócios, Netuno. – ela disse, com a voz estranhamente calma. – Você não esperava que eu viesse aqui apenas em motivos de visitações, certo? – ela parecia se divertir com toda a situação, como se estivesse no controle. – Eu preciso de sua legitimação divina, meu caro. E preciso de ouro. Os saques aos humanos não estão me rendendo muitos lucros, sabe?

- Você é baixa, Parténope. – disse Netuno, com uma voz resignada em um profundo nojo. – Mais baixa do que qualquer outro sereiano que conheço.

- Somos reis, somos baixos. – ela disse.

Quando um profundo silêncio tomou conta do salão, Line tomou coragem para aparecer. Bateu na porta duas vezes e empurrou-a.

- Com licença, Soberano. – ela disse, tentando empregar toda a sua educação para fazer Netuno parecer temível aos seus súditos. – Está muito ocupado, senhor? Tenho uma coisa importante a lhe falar.

- Depois nos falamos, Line. – ele disse. Olhou da sereia para Parténope, e depois para a grande pérola transparente sobre sua mesa. Pegou o presente – Tome, Line. Leve isso daqui.

Estendeu a esfera para Line, mas Parténope advertiu.

- Eu não faria isso se fosse você, criança. – seu sorriso estava ainda mais largo do que no momento em que havia chegado. Parecia que havia esperado muito por aquele momento. – Pode ter o mesmo futuro de seu Soberano.

Line percebeu que realmente havia alguma coisa de errado com aquela pérola, como antes havia desconfiado. Finalmente entendeu o que era.

- Magia negra?

- Parece que você não é mesmo uma feiticeira tão má... – disse Parténope. – Lerda, mas não de todo ruim. Foi a forma que encontrei de me proteger e garantir que saia daqui com meu empréstimo e minha legitimação. – olhou para Netuno, com um sorriso ainda mais largo nos lábios. – Se você for realmente um deus, como todos dizem, não tem com o que se preocupar, certo? Isso só afeta pobres mortais como eu. Mas, se minhas teorias estiverem certas e você for realmente tão sereiano e mortal quanto eu, isso vai te afetar, pode apostar. Suas mãos já estão dormentes?

- Maldita... – ele disse, apertando as mãos. – Então sua diplomacia funciona assim, sua desgraçada? Fique sabendo: nem em mil anos ou por todos os deuses eu vou lhe dar o que você quer. Que isso custe minha vida e meu reino, mas daqui você não leva nada a não ser meu ódio e meu asco. – ele falava com uma resignação impressionante. Sussurrava as palavras, que mais pareciam setas prontas para atingirem todos os pontos fracos de Parténope. – Ponha-se daqui para fora, sua miserável, e prepare sua infantaria. A partir de hoje, você e todos os seus seguidores são considerados desafetos ao nosso governo. Avise a todos: quem não quiser ter sua casa destruída e seu coração perfurado por nossas setas, que venha se refugiar conosco. Espalhe a notícia em todos os cantos, e vamos ver se você é tão amada como dizem por aí.

- Você não me conhece, Netuno. – ela disse. – A sua morte será apenas o começo. Acabará com esse mito de sua divindade, e ruirá com toda a esperança de seu povo. Prepararei minha infantaria, e esperarei as suas tropas. Vamos ver se no fim você é tão bom quanto diz.

Parténope foi embora no dia seguinte, com um sorriso falso no rosto e promessas de que voltaria em breve para mais uma visita agradável como aquela. Netuno já tinha olheiras profundas e tossia constantemente, mas mesmo assim serviu a suas prestações políticas e se despediu de Parténope com abraços e sorrisos.

Por dentro, seu espírito se corroia e seu coração se apertava cada vez mais.

CINCO DIAS APÓS A PARTIDA de Parténope, Netuno fez um pronunciamento. Estava aparentemente debilitado, mas apareceu no umbral de seu quarto, enquanto uma multidão de sereianos observava-o. Tinha olheiras negras pelos olhos e seus cabelos estavam completamente brancos. Era como se tivesse envelhecido duzentos anos naqueles cinco dias. Todos os feiticeiros foram chamados, mas nenhum conseguiu desfazer a maldição. Netuno já estava conformado com sua partida, mas antes tinha que dizer mais algumas coisas.

- Obrigado por comparecerem. – ele disse, com uma voz abatida, mas ainda assim forte e potente. – Está claro a todos que este relicário onde me encontro não pode mais me sustentar. Mas continuarei entre vocês, observando-os e orientando-os. – parou por um segundo, em um acesso de tosse, para logo depois prosseguir. – Também é de conhecimento de todos que, apesar de minhas dezoito esposas, nenhuma foi capaz de me gerar um descentende. É por isso que, em vista das circunstâncias, sou obrigado a nomear um sucessor. Line, por favor, se aproxime. – Line, que estava escondida atrás de uma pilastra, olhando para o Soberano com uma expressão de tristeza, aproximou-se lentamente. – Serás minha rainha e de meu povo, e exercerá sobre eles poder e exigirá obediência. Será teu dever prover-lhes segurança e tranquilidade, e sei que farás isso com competência. Toma este bastão, símbolo de meu poder, e toma esta chave, que abre todas as portas deste castelo. A partir de agora, teus passos serão importantes, e, por mais que eu lhe guie de minha morada com os deuses, só tu poderás decidir se meus conselhos são ou não os mais acertados.

Line recebeu o bastão e a chave. Tinha os olhos vermelhos de tristeza e alegria.

- Não se esqueça de quem me causou isso, Line... – ele sussurrou, assim que os dois se abraçaram. – Que minha vingança seja sua prioridade, por favor.

- Será minha primeira missão, e só descansarei quando Parténope estiver morta, senhor. O sofrimento dela será pior do que mil vidas no submundo.

- Confio em você, Line. – depois, voltando-se novamente ao povo, disse. – Vossa Senhora e Soberana, Line.

O povo prorrompeu em aplausos.

NETUNO MORREU DUAS SEMANAS DEPOIS, passando por noites dolorosas de delírio e sofrimento. Durante esse tempo, Line, com a ajuda de seus conselheiros, concebeu a estratégia de invasão ao reino de Parténope. Antes que acontecesse, a sereia foi até o quarto do Soberano, e, vendo que ele finalmente conseguira dormir, não ousou acordá-lo. Deu-lhe um beijo na testa e sussurrou-lhe que tudo estaria terminado dentro em pouco.

No momento em que a vida de Netuno escapava-lhe do corpo, os primeiros combatentes de Line invadiam a cidade de Parténope, destruindo todos os ídolos e monumentos reais. A obstinação deles era incrível. Todos sabiam o motivo da doença de Netuno, e a vontade que tinham de lutar pela memória do rei era impressionante. Parecia que lutavam pela memória de seus próprios filhos.

Line vinha à frente, espada em punho e elmo fincado na cabeça. Mataria Parténope com a lâmina que tinha em mãos, nem que isso fosse a última coisa que fizesse.