OS IDEOGRAMAS DO CORAÇÃO DE ANINHA

Aninha sempre fora uma menina sonhadora como qualquer outra daquela sua idade de tempos dourados.

Adorava os livros...e sonhava com alianças.

Alianças eternas, fossem elas douradas , prateadas, foscas ou brilhantes, de cobre, ou até mesmo de latão.

O que lhe importava era a beleza da forma, mas buscava pelo significado confuso do tal símbolo, e há tempos lera num livro, que um dia faria fortes alianças com os sonhos que perambulam pela vida.

Era criança, e criança não entende certos escritos dos livros...certas metáforas das falas figurativas...

Certa vez numa página de romance- embora sem muito entender, Aninha leu e jamais se esqueceu!- que existiam fortes alianças invisíveis nas mãos...porém indivísíveis, no coração!

MAs Aninha era criança, um dia viraria mulher, então passou pela vida a esperar pelas eternas argolas dos dedos.

Todos os dias ao acordar olhava para as mãos a procurar suas alianças de mulher.

"Devo ter as tais das argolas invisíveis aqui no meu corção "-confortava-se Aninha.

Mas...Aninha cresceu, virou Ana... e quando viu...a vida passou.

Tão rápida quanto uma chuva de verão, porque a vida não é como as páginas dos contos dos livros , imóveis e imutáveis nas estantes das bibliotecas.

Dias desses Ana olhava uma vitrine. Chegara a vez das suas mãos de mulher!

Alguém lhe ofereceu um par de belas alianças de mãos, luminosas, modernas, de ouro escovado, aonde se lia ideogramas chineses.

Ana visivelmente eternecida, voltou aos seus livros e lhes perguntou pelo significado daqueles desenhos tão lindos.

Ninguém soube lhe responder.

"São símbolos chineses", respondeu-lhe a vendedora que lia pensamentos, "sempre siginificam coisas boas!".

"A mesma incógnita de sempre"-concluiu Ana.

Então, agradeceu pelo presente, mas preferiu retornar para os sonhos.

Imediatamente voltou a ser a Aninha...de sempre.

Preferiu continuar a usar suas eternas argolas invisíveis e indivisíveis...aquelas, do coração.

E nunca mais olhou para as suas mãos.

NOTA DO AUTOR:

ALGUNS SONHOS NOS CHEGAM TARDE DEMAIS.