DE REPENTE...EU DE RAPINA...
Amanhece e a névoa ainda cobre o vale.
A brisa soprou mais forte e de súbito eu despertei com o barulhento farfalhar das folhas altas do bosque fechado, pensando estar no céu.
Maritacas irritavam as corujas que cantaram a noite inteira e cujos olhos espertos viveram todas as horas da noite escura e silenciosa.
Desci em direção ao bosque, através das escadas das hortências, que viçosas e coloridas de nuanças do azul, embelezavam-se com as gotículas do orvalho, o mesmo que ainda umidece a minha minha face.
Abracei os troncos das araucárias seculares pontilhados de líquens vermelhos, porque aqui a vida ainda exala o oxigênio no ar.
Vi Tico-Ticos espalhados sob os arbustos das orquídeas e pardais em bando descerem das montanhas.
Algumas borboletas já despertavam tingindo e enfeitiçando de cores o verde forte da mata atlântica, e eu ao chegar na nascente degustei da água que mantém seu sabor de floresta.
De repente um grito estridente ecoou do mistério das alturas.
Um graúdo gavião soltou suas asas escondidas entre os Pinhos- Brabos da mata, atravessou a cachoeira e molhadas as pousou sobre mim.
Asssutei-me e sequer me houve tempo de lhe dizer bom dia.
Ergueu-me com a força das suas garras, e num segundo, ambos partimos para o céu.
Aqui de cima, tudo me parece magia, e eu de rapina, pude sentir na face a imensidão da vida, ao sobrevoar a paz do horizonte intangível.
CdoJ, 03/01/2009