Malandro demais... III

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Lena olhou firme para Mariana:
- Digo já o que pretendo, mas me conta, como o conheceu?
- Menina, foi num site literário. Pesquisava poesias de amor e cheguei até ele. Escreve tão bem que não resisti, entrei no email, fiz elogios e aí começou tudo. E você?
- Uma amiga poetisa me enviou um link com um poema lindo. Era dele e o resto você leu nos emails. Não sei, mas algo me dizia que não era real. Imagino que ele faz esse joguinho com várias...É o tipo “metralhadora giratória,” dispara para todos os lados quem sabe acerta numa...
- Mas você não me respondeu o que pretende...
- Pretendo saber até onde ele vai...
- Vou continuar “amiguinha virtual”  dele sim, senhora!
- O que? Você pretende manter a amizade com alguém desse tipo?
- Sim, mas agora é um jogo. Só nós saberemos o que ele apronta e nós vamos dar as cartas!Ele não pode saber, nem desconfiar que sabemos!Vamos enlouquecer ele!
- Não conte comigo!!
- Mari, pensa um pouco! Vamos nos divertir com ele, assim como ele se divertiu conosco!
- Não costumo brincar com sentimentos... Isso é sério Lena! Posso até não dizer nada, mas não vou alimentar essa palhaçada!
Lena respirou fundo. Conhecia bem a amiga e sabia que levava tudo muito a sério, mesmo que fosse uma brincadeira. Mas essa história a afetava mais do que gostaria, se sentia uma idiota e, provocada, iria revidar...
- Mari, respeito sua decisão, mas não vou parar... e mais:acabo de decidir que vou conhecê-lo!
- Não acredito! Pra que conhecer alguém que é capaz de brincar com os sentimentos das pessoas com essa desfaçatez?Quem sabe o que mais ele é capaz de aprontar?.
Lena ri. Mari está visivelmente contrariada e não disfarça.
-Você não fala sério quando diz que vai conhecê-lo?
- Sim, quero olhar nos olhos, sentir de perto se cheira a enxofre ou a Paco Rabanne...
- Ai, Lena, não brinca com isso!
- Vou pedir o número dele, quero ouvir a voz... Mas desconfio que ele vá desconversar...
- Por quê?
- Não sei, é intuição mas também tenho umas teorias... Esse tipo brinca assim porque jamais pretende deixar de ser virtual. É confortável sabe, exercita-se a fantasia, diverte-se, sem envolvimento nenhum. No fundo são uns imaturos, alguns vivem até numa relação estável, mas, insatisfeitos, buscam a válvula de escape virtual.A ilusão da conquista!
-Lena, esse cara mexeu mesmo com você!
-Não Mari, não coloque as coisas assim. Não foi ELE em si, mas os sentimentos que desabrocharam em mim, com seu toque. Coisa que até então não havia vivido, que não me sentia capaz. Por parecer tão diferente dos homens do meu convívio, me atraiu...
-E quer encontrá-lo...está contando que invente uma desculpa, desconverse, fuja e assim confirme sua teoria mas, e se ele topar, Lena, o que você vai fazer?
Lena olha intensamente para a amiga. Sabe que ela espera que desista, que não vá se meter em mais uma aventura...
- Bom, se ele topar... que Deus me proteja... de mim... e ele que se cuide!Vai saber o que é uma mulher quando joga, quando usa as mesmas armas que ele...só quem nem vai saber que não é de verdade!
- Maluca! Sem juízo! Nada do que eu disser vai te fazer mudar de idéia, não é? Não tem medo de sair chamuscada disso?Olha que malandro demais, se atrapalha...você pode se apaixonar de verdade por esse cara!
-Não e Não para as duas perguntas! E sim, vou correr o risco, não tenho mêdo de viver, sabia? E vamos tomar nosso cafezinho, se não esfria...

Fim.

FIM?