Malandro demais... II

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O clima no quarto estava pesado. Apenas a respiração ofegante de Mariana enchia o ambiente e Lena temeu pela amiga. Pensou em pegar um copo com água, um suco, sei lá, mas ficou imóvel, tensa demais para tomar a atitude de sair dali ou dizer “Chega, Mari”. Percebeu que amiga respirava mais devagar e teclava algo.
- Tudo bem, Mari?
Sem uma palavra, Mariana abriu também sua caixa de emails, teclou nos contatos, selecionou um e clicou nos mais recentes. Empurrou o laptop em direção a Lena, que iniciou imediatamente a leitura que a amiga indicava.
De olhos arregalados, Lena não acreditava no que estava lendo! As mensagens eram praticamente as mesmas, com algumas variações, quando respondia algo perguntado por elas. Um a um, os emails se sucediam iguaiszinhos. O “belo” quase nunca chamava qualquer uma delas pelo nome: era “amor”, "minha princesa”, “Vida” e outras tantas alcunhas, carinhosas, ternas e doces, capazes de derreter qualquer geleira.
Estupefatas, as duas abriam ora uma, ora outra caixa de email e confirmavam o quanto era “criativo” o belo mancebo. O “corte/ cole”  imperava, as frases feitas, as cantadas manjadas, tudo que é truque para encantar, embevecer, ludibriar... estavam ali.
Ao término de mais uma página, as duas se entreolharam e... Caíram na gargalhada!!!
- Lena esse cara “tá” tirando o maior sarro da nossa cara!
- É mesmo! Mas, que safado!!!
E as duas continuaram sua seção de gargalhadas. Tanta coisa para acontecer nesse mundo cibernético e um malandro tropeça em duas amigas e confidentes...
-Lena, eu “tava“ adorando essa paquera virtual, sabia? Ai, mas como me arrependo de ter me deixado seduzir, assim feito adolescente sem juízo, que acredita na primeira conversa, na lábia de um cara que nem sei se existe mesmo.
Lena fica séria. Pensa no que vai dizer a amiga, pois a sensação de que são duas “ trouxas” ainda não passou e Mariana parece mesmo abalada.
-Não fique triste, era só uma brincadeira, não era? Ou será que a SuperMari está apaixonada?
-Apaixonada? não sei mas ele mexeu comigo, sim. Me escrevia cada coisa linda! Ou melhor, NOS escrevia...Lena, não mexeu contigo também, não?
- Mexeu sim. Não vou negar que gostei do jeito que escreve, da atenção, do carinho...
-Ai Lena, que raiva! Não quero mais saber desse filho da mãe! Vou dizer poucas e boas a ele e não vou mais responder nenhum email...
-Calma Mari, eu não vou falar nada e você também não!
-Como é que é?Lena, não sei ser assim! E o que você pretende com isso?
Lena pensou no que ia dizer. Para ganhar tempo levantou, mexeu no cabelo, sentou na cama, arrumou as almofadas.O olhar de Mariana seguia cada movimento seu, ansiosa pela resposta.

CONTINUA...