Maquinas - AllTime®

Sentada, eu, sobre uma imensa pedra encontrada no vale de Altantrez, olho para o céu e vejo um céu estrelado, negro. Era julho, e Júpiter já estava a vista. Observando esse planeta, que rege sagitário, meu signo, fico admirada com uma luz que surge por de trás das montanhas adiante. Eram raios violetas e azuis que saiam por de trás da montanha e se estendia por quase todo céu que me era visível. De súbito, esses raios atingiram a arvore em que eu me encontrava a menos de um metro. Esses raios entraram pelo grande tronco e passando pelo chão ate que por fim chegou a pedra que me sustentava. Tudo ficou calmo. O silencio se tornou ensurdecedor. Estava tudo bem.

Logo mais, o chão começou a tremer, a pedra se rachou e de dentro desta saiu uma maquina, é, uma maquinas do tempo. "Agora você me pergunta: como sabe que é uma maquina do tempo só de olhar? Simples, na base havia uma plaquinha: "Maquinas do tempo AllTime®".

Eu, como é de se supor, não pensei duas vezes e parti pra dentro da maquina. Dentro dela, havia uma revista com sugestão sobre lugares a ir e na frente de cada lugar, uma senha. Logo abaixo, em letras miúdas havia a seguinte frase:" Use o manual. Essa maquina suporta apenas duas viagens, então, poderá ir apenas para um lugar e depois voltar. Boa Viagem e boas experiências!" E bem mais abaixo: "Recomendo-lhe uma viagem a Idade Media, na inquisição. Diga que veio com a unidade de viajem AllTime® e você ganhará descontos em hotéis e ate poderá torturar alguns hereges, Fantástico! E também recomendo uma ida um pouquinho mais longe, na época de Jesus Cristo. Chegando nele e dizendo que veio pela corporativa AllTime®, ganhará um passeio de disco voador e um pedaço de pão e um cálice de vinho, cortesia de nossa junção de investimentos de viagens. Não se esqueça: pensou em viajem, pensou AllTime®. Ora, e o lugar mais procurado entre nosso assíduos clientes é para 14 bilhões de anos. Chegando lá, procure por Micael, diga que veio pela magnífica empresa AllTime® e ganhará descontos de ate 50%, se for o caso, em hotéis e comida, mas apresentando-se no hotel 5.000 estrelas AllTime/Shan®, hospedando-se com nossos maravilhosos descontos, ganhara uma garrafa de Espumante vindos da região de champagne. Vinho excelente! E de quebra, poderá conhecer Deus. Obs: isso, se eles estiver afim, ele é muito mal humorado, às vezes quando o pegamos de mal humor, ele é capaz de nos amaldiçoar, de mandar alguma doença. Não insista se ele não quiser. Ele não é aquele cara bonzinho que os padres e as escrituras dizem. E um outro lugar que recomendamos, apenas se for homem e bonito; é para minha casa. Chegando em Ana Júlia e dizendo que veio pela companhia de Viajem AllTime®, de inicio já ganha um beijo... Atenciosamente, dona e gerente da magnífica empresa: AllTime®, levando você aonde sempre quis!"

É... eu, como é de se imaginar, não escolhi nenhum dos listados acima, sempre quis conhecer, ou melhor, estar na época do Rei Arthur, da Tavola Redonda. E foi pra lá que fui.

Procurei Rei Arthur, peguei a senha, digitei-a no computador da maquina e apertei o botão "IR". Não aconteceu nada. Nenhum barulho, nenhuma tremulação, luzes. Eu fiquei desconsolada e já cansada adormeci dentro da maquina.

II

- Me Lord! Não me deixe! Não vá! Fique!

- Não Guinever, eu tenho que ir. Não agüento ficar aqui sem nada a fazer. Minha espada e eu necessitamos de algumas lutas, batalhas, torneios... Vou sair em busca de justas, aventuras. Mas este não é o fim, Me Lady. Veremos-nos em breve.

E sai de cena nosso intrépido, Sir Lancelot the Lake; Dom Lancelot do Lago para os leigos.

Caminhando sem seus escudeiros, Lancelot esta a caminho do castelo do temível Cavaleiro Negro, irmão do Cavaleiro Verde e Vermelho a qual já matou. Mas no caminho, encontra uma coisa estranha, uma maquina - este não sabe o que é maquinas, mas dizendo assim, podemos imaginar o que ele pensou - onde nesta esta escrito: "Maquinas do tempo - AllTime®". [Nas minhas historias, todos falam a mesma língua]. Ele fica aturdido com aquilo. Algo novo, algo estranhosamente estranho. Nunca na vida tinha visto coisa igual. Observando-a com receio, vê nesta uma portinhola. Com sua espada a abre. Dentro, uma mulher adormecida. Linda! Exclama Lancelot. Espantosamente linda, diz ele outra vez. Mas é claro, linda e estranha. Suas vestes eram diferentes de tudo que já vira. Nunca tinha visto uma mulher por ai mostrando as pernas em uma peça tão curta (era um shorts). Seus cabelos eram curtos com uma franja, coisa que não se via.

Tirou seu elmo e olhando em volta, observou de soslaio que a mulher se movia. Dirigiu sua tenção a ela. Ela foi acordando e quando abriu os olhos e os pois a Lancelot, teve uma reação tão comum, pois teve medo, mas tão louca, pois achara o ser que estava a sua frente tão lindo que o medo passara. Os dois se entreolhavam, sorriam e olhavam, ate que um tomou coragem:

- Quem es tu?

- Chamo-me Ana Júlia, e tu, quem es?

- Sou Sir Lancelot the Lake, cavaleiro da Távola Redonda de rei Arthur.

- LANCELOT!!! – diz emocionada.

- Sim. Sois-vos de que reino, linda donzela?

- Se eu disser, tu não vais acreditar, nunca.

- Linda donzela, desculpai-me a pergunta, mas diga-me: por que andas nestes trajes em plena floresta?

- Como assim, “que trajes”?

- Não se preocupe. Mas viestes de onde?

- De um lugar longe daqui... muito longe e incompreensível a ti. Mas tu, es Lancelot mesmo?

- Sim, Me Lady. E digo-te mais se assim o permitir.

- Sim... diga, diga, diga...

- Por todos gigantes que já matei, por tantas justas que já travei, por tantos reinos que ajudei a salvar, digo que es a mais bela dama que meus olhos já encontraram.

- Lancelot... sabe, uma vez eu vi um filme sobre ti, o ator era tão lindo que nós ate criamos uma imagem feita em nossa mente sobre a real pessoa. Mas isso que esta a minha frente... ai, ai, ai...

- ‘Filme’, o que seria isso?

- Nada, Me Lord, coisas que invento.

- Então... como dizia... Dentre todas as belas jovens que já estive diante, tu es a mais brilhante. A mais linda!

- Ora, como es galante. Diga-me bravo cavaleiro, es casado?

- Sou viúvo, minha senhora morreu quando deu a luz a filho meu. Mas já que essa pergunta foi tão oportuna: Me Lady, gostaria de tornar-se minha esposa?

- Ora, quem diria, eu, madrasta de Sir Galahad? – sussurra

- Que disse?

- Ora, claro que sim.

- Tornar-se-á agora, Lady Ana Júlia the Lake.

Lancelot, coloca sua mulher no cavalo e vão ate o castelo de seu melhor amigo, Arthur. [mas que ousadia da narradora, não?! Colocar a si mesma na historia e ainda por cima, torna-la a esposa de Lancelot... a imaginação vai longe meus caros amigos, longe...]

Retumbam-se as trombetas. Sir Lancelot chega. Correm todos a sua espera, principalmente Guiniver, esposa de Rei Arthur, que o ama em segredo. Disto, fada Morgana, irmã de Arthur e Gaiwane, seu marido, sabem, mas nada fazem para desmascara-la, pois o Mago Merlin esta sempre a espreita.

Chega e anuncia seu recém casamento. Todos ficam atarantados. Principalmente Guiniver. E foi declarado na corte cinco dias de festejo.

Mas, Ana Júlia, preguiçosa que só ela, não terminou de ler o manual. Suas experiências em outras eras acabariam em menos de dois dias, mesmo não estando na maquina no prazo final, voltaria instantaneamente, ela e a quem estivesse junto (abraçados, de mãos dadas, etc...).

Nos festejos do dia seguinte, estava ela e seu amado. Juntos. Quando de repente, os dois, como em um passe de mágica, desapareceram diante dos olhos de todos.

A culpa toda se voltou a Merlin. O Mago. Onde foi obrigado a trazer os dois de volta, ou, perderia a cabeça. E é assim que a historia se muda. Merlin morre guilhotinado.

III

O vale de Altantrez encontra-se calmo. De anormal, apenas aquela estranha maquina.

Logo, de dentro, sai Ana Júlia. Deita-se no chão abaixo de uma frondosa arvore, onde fuma um cigarro com um enorme sorriso na face.

Logo mais, de dentro da maquina sai Lancelot. Deita-se ao lado de sua Dama com um sorriso enorme, mas, no entanto, este não fuma... pois não sabe o que é cigarro.

Ana Júlia Marcato
Enviado por Ana Júlia Marcato em 16/11/2008
Reeditado em 02/06/2012
Código do texto: T1287226