UM CERTO DOMINGO DE PÁSCOA

A nossa história começa, onde começa a história de milhares de famílias pelo mundo a fora. José, é um bom homem, sofrido e calejado pela vida. Nunca deu muita sorte, mas também, nunca desistiu de lutar. É casado com Maria, herdeira do mesmo destino.

Com uma grande fé e compreensão, acredita que tudo na vida pode ser resolvido, basta acreditar e ir a luta. Maria está certa, porém, até agora, as coisas não vão nada bem.

José, desempregado a mais de seis meses, já andava meio que, desanimado. Todos os dias, atrás de serviço, mesmo sendo um bom pedreiro, não obtinha sucesso. Pai de três filhos, mal tinha o feijão com fubá para alimenta-los. Orgulhoso, não sabia pedir nada á ninguém. Sempre cumpriu com suas obrigações como chefe de família, mais o tempo desempregado já era muito, e muito também, as dificuldades. Maria, se já não bastasse, estava grávida outra vez. A época de dar a luz estava próxima. As crianças não entendiam, porque faltava o de comer! Pediam o alimento com choro. Maria, com tristeza e o coração partido, pedia paciência.

Sabia que suas crianças, não entendiam a situação que se encontravam, e é muito difícil ter paciência com a barriga vasia.

No café da manhã, às vezes tinha uma pequena quantidade de mandioca cozida na água e sal. No almoço, também com água e sal, angú com farinha, as vezes, e já raramente, feijão.

José, que sempre teve muita fé em Deus, já estava com essa fé, um tanto quanto abalada. Um dia porém, essa história começou a mudar. É domingo, do mês de março, estavam todos em casa, quando alguém chamou no portão: - Ô de casa! Tem alguém aí?

José prontamente, atendeu o visitante: - Pois não! -O que o senhor deseja? O homem explica o motivo da visita: - Eu sou o Dr. Pedro, médico do hospital da cidade! Estou precisando de um bom pedreiro! - Hontem, um senhor me procurou, e me deu referências muito boa, de um profissional chamado José. – É o senhor? – O endereço é este! José: - Sim senhor, sou eu mesmo! – Vamos entrar! José pensou, de que forma iria perguntar ao médico, quem seria aquele senhor que o endicou. Pensou rápido, e não lembrava de ninguém, mesmo porque, não conhecia ninguém ainda naquela cidade. Moravam naquela casa que era alugada, a seis mêses.

O aluguel foi pago, todo de uma só vez, quando chegaram de viagem do Ceará. Vieram tentar uma nova vida, aqui no Rio de Janeiro, ou no Sul, como é de costume falarem.

Estes seis mêses de depósito, foram feitos, por terem vendidos todos os seus pertences, que eram poucos, na sua terra natal.

Deu para as passagens, e sobrou justamente a quantia do aluguel, desse período, que já estava chegando ao fim. Em breve, não terão nem onde morar. Quem seria aquele amigo, que sabendo de suas dificuldades, resolveu ajudá-los? José tentou parar de pensar nessa história, agora, o que importava, era a chance que finalmente chegou, trabalhar e sustentar sua família.

- Entra doutor! -É casa de pobre, não repare a bagunça!

Dr. Pedro explicou melhor: - Eu quero construir um condomínio com vários prédios e casas! – A informação que eu tenho, é que o senhor tem a experiência profissional de um mestre de obra, isto é verdade?

José: - Sim senhor, na minha cidade, eu construir muitas casas, pegando da base, até a cobertura, e o acabamento é comigo mesmo! Dr. Pedro: - Me convenceu! - O senhor quer trabalhar para mim? José não poderia naquela hora, ter outra resposta:

-Aceito sim Dr., e obrigado por ter me procurado, estou mesmo precisando de trabalho! Dr. Pedro: - Não me agradeça josé, e sim o homem que lhe endicou! - Se não fosse ele, eu não chegaria a você! José, mais uma vez pensativo, tentou lembrar de alguém que pudesse ter feito esse favor, não conseguia lembrar de ninguém. É verdade que ele procurou várias obras, e falou com muita gente, mais não ao ponto de dar o seu endereço e referências precisas. Então quem seria este homem? Dr: pedro se despediu:

-José, então fica assim, amanhã cedo, me procure neste endereço e acertaremos tudo, ok? José: - Pode deixar Dr; bem cedinho estarei lá! Quando o médico já estava saindo, Maria, de tão emocionada, afinal, seu marido conseguiu um emprego, entrou em trabalho de parto. A bolsa se rompeu, e por uma casualidade ou não, o médico era obstetra e ajudou Maria a dar a luz.

Dr. Pedro: - José, fique tranqüilo, eu sou profissional nesta área e vou cuidar de tudo! O médico, constatando que não havia tempo para chegar no hospital, fez o parto ali mesmo. Com poucos recursos e deitada na esteira, Maria deu a luz á um lindo e saudável bebe. Com o filho nos braços e chorando de alegria e de dor, o amamentou. O médico disse á José: - Foi sorte o parto ter sido normal! Vou buscar o carro mais pra perto e levar a sua esposa ao hospital! – É preciso cuidados médicos, para ela, e ao bebe!

José agradeceu o Dr. e lhe deu um forte abraço de gratidão. Foi muita sorte, o médico estar ali, naquela hora, e naquele momento.

Ao sair para buscar o carro, Dr. Pedro lembrou de dar-lhe um recado do homem que o endicou: - José, devido a surpresa do nascimento do seu filho, eu já ia me esquecendo! - O seu amigo lhe desejou boa páscoa, e ainda disse, se quiser saber quem é ele, pra você lembrar dos seus dez anos de idade, eu não entendi muito bem, mais o recado está dado! E saiu para buscar o carro. José levou um choque!

Lembrou-se que, aos dez anos de idade, sua mãe, fez uma promessa á São Lázaro, santo protetor dos enfermos. José, nessa idade, sofria de uma doença grave, e sua mãe desesperada, prometeu ao santo, se o curasse, o primeiro filho do seu filho se chamaria Lázaro, e José sobreviveu. Era também este dia, um domingo de páscoa.

José tinha três filhos: Cícero, Raimundo e Sebastião. Como se pôde constatar, nenhum deles se chamava Lázaro.

Foi nesta hora, que josé se lembrou da promessa de sua mãe, hoje já falecida. Lembrou que a promessa, foi deixada como herança e ele sabia. Porque então, nenhum dos seus filhos, chama-se Lázaro?

José sentiu um grande Remorso. Sabia que não cumpriu a promessa de sua mãe, mais também, não era tarde demais para isso.

Maria, deitada na esteira, junto ao bebe e seus três filhos, Cícero com sete, Raimundo com seis e Sebastião com cinco, olhavam para josé, ajoelhado e com olhos cheio de lágrimas.

José, mesmo que tarde, decidiu cumprir a promessa de sua mãe.

Pegou o filho dos braços de Maria, e o elevou a cima de sua cabeça, e disse: - Me perdoe minha mãe, por não ter cumprido ainda, com a sua promessa, não é o primeiro, e sim o quarto, mas se chamará apartir de agora: Lázaro Gonçalves da Silva. E assim foi. A felicidade aparente, contagiava a todos. Maria, abraçada aos seus três filhos na esteira, se mostrava sorridente. Cícero, Raimundo e Sebastião, não paravam quietos, acariciando a mãe. Dr. Pedro, em pé na porta, observava com entusiasmo aquela cena, esperando a hora de por em prática, o seu compromisso de médico.

Logo a seguir, Maria e seu filho, foram levados ao hospital e receberam o atendimento adequado. Não demorou muito, foram trazidos de volta pra casa, até porque, o parto foi normal e Maria era uma mulher forte e saudável. O bebe Lázaro, mesmo com todas as dificuldades da família, nasceu saudável e no peso apropriado.

Já bem à noitinha, Dr. Pedro, conhecendo os problemas financeiro daquela família, trouxe roupas, alimentos e algum dinheiro para José, até porque, se tratava agora, de um eminente funcionário.

José e Maria, ofereceram Lázaro ao Dr. Pedro como afilhado, e este aceitou, juntamente com sua esposa. Daquele dia em diante, nunca mais a família Silva, passaram necessidades.

Não demorou muito, compraram a casa própria e novos móveis.

A família estava feliz, mais nunca mais se esqueceram daquele dia, e nem do homem misterioso. Em um... Certo domingo de páscoa!