O Cavaleiro Solitário - Capítulo 5
Capítulo 05 - Evolução.
O ano rapidamente passou. Nesse intervalo Lanna aprendeu muitas coisas sobre os viajantes, a sua forma de sobrevivência e os meios que eles utilizavam para adquirir comida, dinheiro, roupas e as demais necessidades do grupo.
Apesar de não concordar com todos os meios, ela admirava muito o grupo coordenado pelo mestre das artes Pablo. O grupo era responsável pela principal fonte de renda, pois faziam apresentações e cobravam bons preços por elas. As apresentações sempre faziam sucesso, pois eram a novidade quando os viajantes passavam por alguma cidade. Havia diversas apresentações. O teatro com várias peças, os malabaristas, os pequenos cantores e a apresentação principal, Lady Milla.
Lady Milla era uma mulher linda, de cabelos dourados e longos, pele branca feito neve, olhos azuis límpidos e claros, grandes cílios, lábios bem feitos, cintura fina, seios fartos e quadris largos. Todos os homens queriam vê-la e também algumas mulheres. Normalmente era a apresentação que mais tinha público.
Apesar do tamanho sucesso nas cidades, Milla não queria regalias dentro do grupo dos viajantes. Era uma mulher simpática. Conversava com todos, principalmente as crianças, que muito a admiravam.
Lanna gostava de ver Lady Milla ensaiar, porém nunca quis ver a apresentação. Lanna também gostava de ver os pequenos cantores, que era um grupo de crianças entre nove e treze anos. Vez em quando, até cantava também, no seu cantinho, bem baixinho. Todavia, também nunca viu a apresentação dos pequenos. Sempre que os viajantes paravam numa cidade, Lanna optava por ficar no acampamento enquanto os mais velhos iam até a cidade para as apresentações ou compras. Rufus sempre estranhou esse comportamento, mas nunca falou nada. Diana, porém, não via essa atitude como a melhor forma de continuar o desenvolvimento de Lanna e já tinha algumas idéias e atividades em mente para ela assim que passasse a ser sua tutora.
Logo chegou o dia de Rufus anunciar aos outros líderes do grupo a formação de Lanna. Até então, apenas ele e Diana sabiam de tal data. Normalmente, tais anúncios ocorriam para todos os alunos de uma vez, nas reuniões semanais dos líderes. Todavia, desta vez, apenas Lanna seria anunciada.
Cada líder tinha seu momento de falar. A primeira sempre era Elza, responsável pelos recursos financeiros e alimentação do grupo. Ela trazia aos demais líderes as necessidades para a próxima semana e a atual situação das reservas. Normalmente, os demais líderes agiam em função de Elza, pois todos trabalhavam de acordo com as necessidades do grupo.
O segundo era Pablo, que trazia a tona os lucros da semana, previsões de lucro para a próxima semana e algumas necessidades particulares para manter as apresentações, como necessidade de reforma de figurinos.
O terceiro dependia diretamente das informações que Pablo trazia. Considerando que as artes era a principal fonte de renda do grupo, quando Pablo não tinha previsões certas de lucro ou ficava claro a baixa renda, pondo em risco os recursos dos viajantes, Setzer entrava em ação. Normalmente era o grupo encarregado da caça, trabalhando diariamente em função da mesma. Mas quando a caça não era suficiente, entrava em prática todo o conhecimento furtivo que Setzer e seus companheiros tinham.
Só então aparecia Rufus, dando notícias sobre os treinamentos, possíveis serviços que por ventura apareciam e também sobre a segurança do grupo. Naquela noite em especial, Rufus levantou-se para falar, coisa que não fazia desde quando anunciou Diana.
- Hoje é um dia especial para mim.
Rufus conseguiu deixar uma expectativa em cada rosto ali presente, até mesmo em Diana, que já sabia qual seria o assunto tratado por ele.
- Hoje trago a vocês a maior descoberta que tive desde que Diana apareceu por aqui.
O silêncio e atenção agora eram ainda maiores, pois todos sabiam o quão grande era o potencial de Diana.
- Aquela garotinha que encontramos há um ano e meio revelou-se um verdadeiro prodígio. Tal como Diana foi, porém, de uma forma mais rápida e com uma idade inferior.
Setzer tinha em sua face um olhar incrédulo e ansioso. Os olhos claros não desviavam o foco. Os ouvidos, fixos nas palavras de Rufus.
- Eu já não tenho mais nenhuma técnica para ensinar para a Lanna. A agilidade dela já é maior que a minha. Terminei os ensinamentos dela há cerca de dois meses, bem antes do que eu havia previsto, e desde então tenho trabalhado apenas a força física dela, mas por ela ser ainda tão nova e pequena, não posso sequer exigir nesse aspecto.
Diana, visivelmente espantada, cruzou as pernas colocando a direita sobre a esquerda, tendendo o corpo um pouco para o lado esquerdo, deixando assim visível as suas belas pernas quase por inteiro.
- Mas se terminou há dois meses, significa então que ela aprendeu tudo que você ensina em apenas quinze meses?
- Sim Diana. Apenas quinze meses. Enquanto você precisou de três anos para aprender tudo e ainda mais um ano treinando firme até me superar, ela conseguiu o mesmo em quinze meses. E ela já me superou em alguns aspectos. Então, já não tenho mais o que ensinar a ela e, sendo assim, como já havia lhe falado tempos atrás, hoje passo a você a responsabilidade de dar a Lanna continuidade no treinamento.
- Mas porque continuar com o treinamento dela? – Perguntou Setzer – Esse conhecimento pode ser perigoso nas mãos de uma pessoa tão jovem.
- Não se preocupe Setzer – disse Rufus – a Lanna até agora não demonstrou nenhuma agressividade. Além do mais, acredito muito no potencial dela e na capacidade que Diana tem para ensinar. Talvez, também, o lugar dela não seja junto de nós. Como disse, ela é uma menina prodígio.
Rufus sentou-se e deu a voz aos demais, encerrando assim seu assunto.
Os outros dois pouco falaram. Diana apenas apontou dentre as crianças quais poderiam ir para cada grupo, finalizando assim, a reunião daquela noite.
No caminho dos aposentos, Diana interceptou Rufus.
- Mande a Lanna me procurar amanhã logo cedo. Quero fazer um pequeno teste com ela.
- Que tipo de teste Diana?
- Coisa simples Rufus. Quero apenas ver o quão ágil ela é.
- Você vai se surpreender, tenha certeza disso.
- Espero que sim! Espero que sim!
- Boa noite.
Diana dá um beijo no rosto de Rufus.
- Boa noite mestre.
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