O Cavaleiro -Fragmento

Sede

O Cavaleiro andou léguas e léguas em seu potente cavalo. De repente, teve sede. Daí o herói olhou para o horizonte e avistou uma cidade. Em seguida disse com voz vibrante, heróica voz: Naquele cidade não hão de me negar água.

A Cidade: Primeiras Impressões

Chegando na cidade o cavaleiro dirigiu-se ao primeiro comércio que encontrou e disse com voz retumbante, voz de herói:

_ Caro comerciante, por gentileza me traga água.

_Qué?!

_Não ouviu o que eu disse, bom homem? Pois, preciso de água urgentemente para não morrer de sede e lhe ficaria muito grato se o senhor fizesse a bondade de me fornecer este vital e precioso líquido.

_Entendi o que o senhor disse, sim. Só achei tudo muito esquisto, o senhor me desculpe.

_Esquisito?! O que há de esquisito em ter sede, meu prezado senhor?

_Ora, meu senhor, não vai me dizer que não sabe que hoje em dia a água do mundo, toda ela, pertence a grandes empresas transnacionais e que se alguém querer beber o líquído precioso, como o senhor diz, tem que ter dinheiro para pagar. Veja o senhor, o que tem de pobre morrendo de sede, não está escrito.

_Mas isto é um disparate. Então, homens ricos monopolizam as águas do mundo, tomam para si o sangue do planeta Terra, criado por Deus para a manutenção da vida.È uma tirania absurda e toda tirania absurda deve ser combatida_ nisto o corajoso guerreiro desembainhou sua poderosa espada, que mil déspotas já derrotou.

O comerciante assustou-se:

_Não permito armas em meu estabelecimento.

_O que dizes é justo, nobre trabalhador, e minha é revolta não é contra ti. Mas diga-me uma coisa, caríssimo anfitrião: o senhor vende água?

_Não, porque ela é muita cara e este bar é para os pobres e por isso só vendo cachaça.

_Cachaça?! Que vem a ser isto? Aplaca a sede?

_ Ora não me enrole, seu forasteiro, dizendo que não conhece cachaça. Pois se quer beber cachaça, eu tenho da boa. O senhor me paga e bebe. Ou vai dizer que também não conhece dinheiro.

Ofendido em seus brios, O Cavaleiro utilizou novamente o seu tom de voz retumbante, daqueles que nada temem:

_Ilustre comerciante, perdoai a aspereza de minhas palavras, mas devo dizer que mendigo não sou. Ao contrário, sou homem de posses, que eu fiz por merecer, prestando nobres trabalhos para a Coroa de meu país e para meu povo. Pois, se é dinheiro que queres, dinheiro terás. _Dizendo isto, O Cavaleiro sacou de seu bolso um belo embrulho atado por um belíssimo barbante azul. Desatou o nó e despejou uma infinidade de moedinhas sobre o balcão e olhou desafiador dentro dos olhos do vendedor, aguardando a réplica.

O comerciante ficou muito assustado, nunca havia visto aquele tipo de moedas. Colocou os óculos para ver melhor e pôde constatar:

_ Mas esse dinheiro não tem validade aqui. O senhor vai ter que trocá-lo e trocar dinheiro só na capital .

_Como assim? Como pode não possuir validade o dinheiro se ele me foi dado pela própria Rainha de Vidapoésis, a dulcíssima, sapientíssima, belíssima e mil vezes nobre Catarina IV.

_ De o senhor vem talvez com tal dinheiro consiga comprar um rio de água, aqui nem um copo de cachaça posso te dar em troca.

Nisto outro personagem entrou na venda. Era o professor de história, que possuía uma personalidade irônica e cética.

_Mas que discussão é esta, Nestor meu amigo_ fala com o comerciante_ E estas moedas antigas e este sujeito com estas roupas roubadas dos livros de história.

Revoltadíssimo o Cavaleiro se viu novamente obrigado a desembainhar seu instrumento de luta e usar sua voz de forma grandiosa, voz dos grandes homens:

_ Insinuas que eu sou ladrão, oh recém chegado, ou usas a ironia para de mim zombar. Pois que ladrão não fui, porque a vida inteira trabalhei honestamente para o meu país, enfrentando todo tipos de inimigos, desde jovens arrogantes e zombeteiros a dragões gigantescos e cuspidores de fogo.

_Ora, mais que preciosiade- responde destemidamente o professor de história-Um cavaleiro medieval perdido no século 21. Para um historiador, isto é um achado espetacular. Mas vamos deixar de conversa fiada. Nestor, traga sua melhor cachaça e dois copos, um para mim e outro para o nosso nobre visitante.

_Não costumo beber com pessoas insolentes.

_Posso ser insolente, mas no fundo sou uma boa pessoa, capaz inclusive de pedir perdão. Vamos, glorioso cavaleiro, perdoe este pobre mestre de história.

_ Desde cedo aprendi que o perdão nunca deve ser negado e que novas amizades devem ser buscadas. Por isto, aceito o teu convite, meu jovem desconhecido e, espero que, futuro amigo. Mas diga-me uma coisa imprescindível: como te chamas:

_ Eu me chamo Paulo, sou professor de história e seu criado, para o que o senhor precisar.

_ Vejo que possuis uma esmerada educação, não admira que seja mestre da juventude, mesmo sendo tão jovem. Pois eu me chamo Arthur e estou também pronto a servi-lo.

_ Ora, parem com este palavrório complicado, ainda mais que quem serve aqui sou eu eu- interveio o dono do bar-Pois, aqui estão a cachaça e os dois copos. Façam bom proveito. E me aguardem, enquanto vou ao banheiro.

_Ah, ah- riu o professor de história- Não ligue para ele, meu caro novo amigo. Nosso taverneiro é por demais espirituoso e ótima pessoa. Porém sua cachaça é o que de melhor existe em nossa cidade. Experimente_ disse o docente enquanto enchia os copos-Vamos, beba.

O Cavaleiro, um pouco receoso, findou por beber aquele líquido de forte cheiro, de uma só vez. Teve uma sensação estranha, um calor na garganta e no estômago, sem saber se gostou ou não da bebida. Mas quis tomar mais. E outro copo tomou. E seguiu tomando, tomando e tomando. Mas também conversando com Paulo e Nestor, que a esta altura, já havia retornado do banheiro. Ria muito e conta histórias. Contou o caso de como matou o maior dragão do mundo.

O Maior dragão do mundo

Foi um acontecimento épico. Por aqueles tempos

_ Foi assim, eu era ainda um jovem cavaleiro recém consagrado pela rainha Catarina III. Um dragão gigantesco, o maior visto, egresso do reino malévolo de Atrian, ameaçava destruir o nosso país.