O cavaleiro solitário - Capítulo 3

Capítulo 03 - Formação.

Catarine acordou vagarosamente. Sentia muitas dores no peito, do lado esquerdo. Assustada, olhou para os lados como se a procura de alguma coisa. Fechou novamente os olhos e começou a chorar.

- Papai! Papai!

Ela estava banhada em sangue, mas não era sangue dela. Por alguns instantes permaneceu deitada ao chão. Mas ao escutar um barulho bem diferente, levantou-se rapidamente com o corpo trêmulo, não de fraqueza, mas por medo, e ignorando a dor que sentia, caminhou em direção contrária ao barulho.

Quando chegou à entrada do vilarejo, virou-se e viu fumaça. Havia algumas casas em chamas. Seguiu em curtos passos na tentativa de distanciar-se ainda mais do vilarejo, mas quando se aproximou de uns arbustos que ficavam próximos a pequena estrada, viu todos os seus amigos amontoados, mortos.

- Não!

O corpo que já muito doía passou por mais uma provação, pois Catarine saiu correndo, agora sem rumo. Correu por um longo período, enquanto seu pequeno corpo pôde resistir. Quando o cansaço já a dominava completamente, as dores não mais podiam ser ignoradas. Parou de correr e já não conseguia andar mais também. Sentou-se encostada em uma árvore e em meio a muitas lágrimas, adormeceu.

...

Uma luz forte no rosto de Catarine a fez acordar. Abriu os olhos vagarosamente e não reconheceu onde estava. A luz que a acordou a alcançava passando por uma pequena fresta na lona que fechava o teto. Catarine sentou-se. Olhou cuidadosamente em volta. Estava cercada por uma armação de madeira coberta com lona. Por baixo de seu corpo, uma cama improvisada em pedaços de couro velho. Do lado de fora, podia ouvir o barulho de vento nas folhas das árvores.

Arriscou levantar-se. As dores do peito já não eram tão intensas. Já em pé, notou curativos em seus joelhos, muito bem feitos. Caminhou em direção ao que lhe parecia a saída. Escutou vozes do lado de fora. Afastou vagarosamente as lonas para olhar de onde vinham as vozes. Não conseguiu ver ninguém. Abriu um pouco mais e decidiu sair.

Foi só quando Catarine colocou seus pés no chão que descobriu ser uma carruagem onde ela estava. A aparência velha e suja da carruagem revelava um pouco sobre quem a conduzia.

Catarine deu alguns passos para o lado, tentando ver além. O medo que lhe acometia era tão grande que não ouviu os passos que se aproximavam por trás dela. Uma mão toca o ombro de Catarine, que reage com um grito muito agudo, alarmando os que estavam ali próximos. Rapidamente, um grupo de pessoas estava ao redor dela.

Uma mulher alta e formosa aproximou-se dela.

- Bom dia garotinha. Como se chama?

Catarine não falou nada. Estava notadamente com medo.

- Nós a encontramos perto da floresta desmaiada, machucada e muito suja. Eu cuidei de você. Limpei seus machucados e troquei sua roupa.

Catarine notou que estava com outro vestido apenas nesse momento. Lembrou do vestido que usava e de como ele ficou. Começou a chorar.

- Não tenha medo garotinha. Você poderá ficar conosco. Temos comida e juntos cuidamos uns dos outros.

Catarine ainda com medo, deu um passo em direção a mulher e a abraçou. A mulher a acolheu dando-lhe um abraço carinhoso.

- Meu nome é Diana. E o teu?

Catarine continuou calada. Olhou para Diana, bem nos olhos e apenas balançou a cabeça, sem nada conseguir falar.

- Tudo bem então. Enquanto não soubermos seu nome verdadeiro, te chamarei de Lanna.

Catarine balançou a cabeça positivamente e, apontando para a coarruagem sem nada falar, Diana entendeu o pedido dela para voltar.