A porta de Lewis Carrol

Caminhando lentamente pela Avenida Paulista, me pego parada observando; um Gato. Passei horas analisando sua estética. Era um persa. Jamais havia visto tanta beleza entre os felinos. Seus olhos cor de mel me chamaram atenção parecia ler os pensamentos. O bichano não me deu bola. Permaneceu sentando banhando-se ao sol.

Na manhã seguinte, em minha caminhada; lá o vejo em frente à Livraria Cultura. Desta vez me aproximei. Ele sumiu tão rápido que meus olhos o perderam. Sentei, gastei um tempo folheando O Idiota. Tinha certeza que o bichano retornaria. Olho! Lá vem ele. Permitiu minha aproximação; melindrado. Chamei-o de Ozlow. Deixou ser tocado e acariciado.

Varias vezes me acompanhou até em casa, porém sempre saía em fuga. Em uma das fugas resolvi segui-lo. O perdi. Recebi diversas recomendações de como achá-lo. Não o fiz. Em casa, ouvindo O Messias noto a chegada de Ozlow. Ele pula no meu colo e lambe-me dengosamente. Desenha meu corpo roçando-me. Tem um perfume silvestre. Permaneceu comigo ao som musical.

Ao término, Ozlow caminha vagarosamente a porta de saída. Desta vez não fugiu. Permitiu que eu o acompanhasse. Ozlow vai à Livraria Cultura. Abre a porta de Lewis Carrol e entra. Fiquei na porta. Lá vejo Alice admirada e chamando-o “Gatinho Cheshire”. Ouvi varias perguntas de Alice. Uma das respostas eu também queria ouvir. Que tipo de pessoas vive por lá? Apontando em minha direção. Ozlow me olha e afirma: Lá vive os loucos; é um grande manicômio. Fecho a porta batendo-a.

Eldalie