Eu nunca vou te deixar

Meia noite. Cansado e com sono, eu vinha caminhando pela rua deserta quando, de repente, ouvi umas pisadinhas leves atrás de mim. Senti um frio no estômago, há vária noites aquilo estava acontecendo. Sempre quando eu voltava do colégio, ouvia aqueles mesmos passos.

Senti muito medo desde a primeira vez, cheguei a comentar com meu irmão, mas ele disse despreocupadamente que devia ser apenas algum moleque tentando brincar comigo, ou talvez, fantasias da minha mente.

Eu tentei acreditar, eu também queria que fosse apenas uma fantasia. Mas naquele momento, ouvindo novamente aqueles passos, eu sabia que não podia ser uma ilusão apenas. O que eu sentia somente eu mesmo podia compreender; eu sentia um medo horripilante, como jamais sentira em toda minha vida! Justo eu, que me dizia um cético, que sempre dissera não acreditar em fantasmas, sentia estar agora sendo perseguido por um.

De repente, não sei porque, talvez por influência de meus pensamentos “fantasmagóricos”, comecei a lembrar-me de meu amigo Arthur. Um grande amigo aquele, um amigo daqueles que a gente nunca esquece! Mas há quase um ano atrás, naquela mesma rua, numa noite como aquela, um acidente o levara.

Quantas vezes em momentos difíceis eu me lembrava dele, de como ele sempre parecia ter respostas para tudo, com aquele seu jeito alegre de me chamar de “cara”.

Nunca me esquecerei do momento em que ele, prestes a morrer, vendo o meu desespero, segurou em minhas mãos e disse: “Não se preocupe cara, eu nunca vou te deixar!”

Inexplicavelmente, sem entender porque, eu senti paz, aquela lembrança levou embora todo o meu medo, e eu me senti feliz, como nos tempos em que Arthur estava comigo, e desejei sinceramente que ele estivesse.

Então, tive finalmente coragem de olhar para trás e enfrentar aquele medo que há tantas noites me perseguia.

Quando olhei, vi que não havia motivos para ter medo, pois ele estava ali, o amigo que eu tantas vezes evocara nas minhas lembranças, estava de braços abertos me sorrindo.

Talvez fantasia, realidade, ou quem sabe assombração. Não sei, só sei que como nos velhos temos eu corri e o abracei.

Ele cumprira sua promessa de não me deixar!

Patrícia Ferreira
Enviado por Patrícia Ferreira em 11/10/2008
Código do texto: T1223783
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