Sinfonia da espera
Esperando você voltar, fiquei aqui sentada à beira deste caminho, tive o calor, o frio e a chuva como companhia. E a noite escura tapou-me com a grande colcha de estrelas. E, enquanto você não vinha despi me de ilusões e carreguei farpas de pecados na pele alva de meus seios.
Numa noite em que a escuridão chegou mais cedo e o frio agasalhou meu coração de tristeza e angustia. e foi então que descobri a canção no vento e no borbulhar das letras meu corpo sossegou e minha voz foi saindo assim de mansinho como a cobra que vai atacar e estuda a presa antes do bote, assim as palavras foram se juntando e as notas musicais fui tirando das gotas finas de orvalho que se acumulava entre folhas e caia na relva verde e fofa. E assim foi aparecendo no ar como por encanto já encantado palavras no ar notas em pautas imagináveis, e eu como louca correndo atrás das notas formando palavras e sons encantados e a canção foi surgindo foi crescendo dentro e fora de mim.
Aos poucos a sinfonia noturna e singela enlaçou-me perpetuando as notas em meu ser, em minha alma. Enquanto esperava você perdi-me nos campos e na melodia da solidão, atirando flechas encantadas os anjos corruchiando aos meus ouvidos novas notas de esperança.
Ao amanhecer havia pintassilgos e colibris sobrevoando em meu pequeno espaço de criação e a sinfonia estava acabada.