NUNCA 2 ( O RETORNO)

“Como uma sombra

ele entrou no seu quarto

cantou uma suave

canção de chuva

seu nome é

uma brisa quente

que você nunca

deixará de ouvir..”

Com essa canção Pan entrou no quarto da garota, viu que ela dormia calmamente e notou que ela sorria. Observou se não havia ninguém por perto e foi acorda-la.

--- Ei, acorda! – chamou baixinho para não acordar a irmã que dormia no mesmo quarto. Ela acordou sorrindo.

--- Eu estava sonhando com você. – disse ela e o Pan sorriu.

--- Eu sei... – respondeu confiante.

--- Como foi que você entrou aqui? – perguntou desconfiada.

--- Você mesmo disse que estava sonhando comigo... No seu sonho você me chamava até aqui. A janela estava aberta e eu entrei... Vambora!?! – chamou.

--- Pra onde? – indagou ela acuada.

--- Pra Terra do Nunca ué, onde mais? – respondeu com um sorriso safado nos lábios.

--- Não, eu não posso! – disse ela alarmada. --- Nem te conheço. – retrucou.

--- Como não? – indagou ele já cansado de esperar. --- Você deixou a janela aberta e seu coração guiou meus passos... – ele sorriu percebendo a hesitação dela. --- Não foi Sino? – indagou Pan olhando para seu diminuto amigo que confirmou balançando a cabeça. --- Então, vamos? – chamou mais uma vez.

--- Não posso, já disse. – disse ela convicta. --- Sou noiva... – comentou por fim tentando faze-lo compreender.

--- E daí, lá você não é. – resmungou ele, teimoso. E percebendo que ela estava indecisa Pan se aproximou e olhou nos olhos dela. --- Venha comigo... – sem ter como desviar o olhar a garota aceitou o convite.

--- Porque você faz isso Paulo? – perguntou acuada, quase sem fôlego.

--- Pan. Meu nome é Pan. – disse ele severo. --- Só faço isso porque gosto de você... Temos pouco tempo e temos de aproveita-lo de todas as maneiras possíveis. – explicou e ela abaixou a cabeça com os olhos rasos d’água.

--- Pra onde vamos? – indagou ela respirando fundo.

--- Segunda à direita, depois em frente até o dia raiar... – respondeu olhando para o céu escuro. --- Vamos para a Terra do Nunca. – disse por fim sorrindo.

--- Mas... – ela estava para dizer alguma coisa, mas o Pan não deixou.

--- Não diga nada. – pediu. --- Não estrague a aventura. – disse ele com o olhar sério e ela calou-se.

Pan, Sino e a garota seguiram viagem pela noite a dentro e logo chegaram na Terra do Nunca. Lá eles se divertem sem pensar em nada, movidos pela paixão.

--- Aqui é lindo, é como sempre sonhei Pau... Pan. – disse ela com um sorriso lindo.

--- Mas é claro, o sonho é seu. – respondeu ele enigmático.

--- Como? – perguntou ela sem entender.

--- Deixa pra lá... – desconversou.

Os olhos da garota brilhavam de satisfação, era impossível não perceber que eles estavam apaixonados. Cada toque, cada sorriso, cada olhar... Até que chegou a hora de leva-la de volta.

--- Cadê o Pan? – perguntou ela para o companheiro Sino que fez que não com a cabeça. --- Como não sabe? – indagou ela. --- Cadê...?

--- Aqui gata. – disse ele com um sorriso triste nos lábios. Sino foi para cima dele nervoso. --- Pode ir amigo... – comentou, mas o amigo negou com a cabeça. --- Vai Sino, quero falar com ela... Sozinho. – Pan foi direto ao assunto e Sino foi embora reclamando. --- Você precisa ir... – disse ele assim que o amigo se afastou.

--- Não quero ir. – respondeu ela. --- Quero ficar aqui no Nunca, quero ficar com você. – disse por fim sorrindo, mas Pan estava decidido.

--- Não pode, você precisa ir. – respondeu irredutível.

--- Porque...? – indagou ela acuada, sem entender.

--- Porque é assim... – respondeu vagamente sentindo a garganta arder.

--- Você me fez apaixonar e agora me diz que não posso... Que tenho que ir embora! – a garota estava certa e o Pan deixou cair sua máscara.

--- Eu também gostei muito de sua companhia... Na verdade eu estou apaixonado, mas tenho que voltar... – disse ele tentando não olhar nos olhos dela, mas a garota segurou seu rosto e ele disse toda a verdade. --- Sou casado...

--- Não pode ser... – disse ela se afastando horrorizada.

--- Mas é. – concordou calmo e triste. --- Eu queria que fosse diferente, gostaria que só houvesse você e eu... – enquanto eu falava ela chorava então eu a abracei. --- Aqui sempre será o nosso lugar. – disse convicto, mas sabia que estava mentindo. --- Aqui eu serei seu... Só seu. – ela levantou o olhar e fingiu acreditar no que ele dizia. --- Enquanto estive longe, fiz isso pra você. – ele lhe entregou um papel. --- Não leia agora... – pediu. --- Existe um lugar, entre o sono e o despertar. E lá que você pode se lembrar do sonho, é lá que sempre vou te amar, é lá que vou te esperar... – mais uma vez ela olhou nos olhos dele e percebeu que ele dizia a verdade. --- Até poder te encontrar.

Sem ter como escapar ela beijou ele com todo seu amor, até que Sino veio intervir. Eles voaram juntos de volta para casa, e o Pan cantava essa canção:

Para dormir

Como uma sombra

Ele entrou no seu quarto

Cantou uma suave canção de chuva

Seu nome é uma brisa quente

Que você nunca deixará de ouvir

Não posso ter você pra mim

Se há milhões de questões à resolver

E você com medo de se envolver

É tudo novo pra mim

E viver é a força principal

Para quem já perdeu.

Aquelas lágrimas sem cores,

Me fizeram cair no mar,

Num oceano que desperdiçou meu coração

Se a paixão brilha como ouro,

As perguntas serão respondidas

Mas será que com explicação?

Tento receber um sorriso antes de dormir

Queria te dar um beijo pra você dormir.