Projeto Tenora - Hipoluce

Em uma noite escura cuja lua era omissa e as pesadas nuvens tapavam as estrelas, andava sem rumo um pequeno guerreiro. Acabava de ter fugido de sua aldeia que acabava de ser saqueada. Os homens que lutaram morreram e as mulheres violentadas antes disso. Seu medo nunca foi tamanho igual a este. Em seu passado já havia matado antes, mas nunca vira tanta brutalidade em vida até então. Achou que já havia fugido a uma distancia segura e sentou-se para descansar. Só então percebeu a flecha encravada em suas costas. Com certeza alguém o viu fugindo e o acertou enquanto corria, mas de medo tão profundo não chegou a sentir a flecha perfurando sua carne. Achou melhor se esconder e subiu em uma árvore.

Sentiu de súbito fome e comeu um fruto que estava perto dele. Ouviu passos de cavalo na relva da floresta, mas não sabia o que era, estava muito escuro. Paralisou-se ao ver duas luzes brancas ao pé da árvore onde estava. Seria os saqueadores que vieram atrás dele? Sem saber a resposta continuou a observar. As luzes se moviam simultaneamente, cada uma apontando para uma única direção porem iluminavam áreas diferentes. Somente depois de uma distância que chegavam a iluminar o mesmo ponto. Eram como duas lanternas a frente de uma carroça, porém a distancia entre elas era pouco menos de um palmo. Somente quando elas iluminaram o chão que ele reconheceu uma pata de cavalo. Analisando aquela cena percebeu que era um cavalo negro e as fontes alvas eram seus olhos.

Quando viu o eqüino comendo tranqüilamente os frutos que estavam no chão, tranquilizou-se. Desceu da árvore com calma para não assustá-lo, mas esse último aparentemente já sabia que o pequeno estava no topo da árvore. O guerreiro ofereceu o fruto que anteriormente comia no topo dessa. O cavalo virou-se para ele e comeu o fruto, mas como seu olhar era desfocado, deduzia-se que era cego. Por que haveria de em lugar dos olhos lanternas se era cego? A pergunta atormentou o homenzinho por algum tempo. O bicho acabou o fruto e refogou-se nas carícias daquela mão até fechar os olhos e dormir.

(a ser reformulado)