PONTO DE ENCONTRO II *



A deusa e o guerreiro encontraram um lugar para finalmente viver o seu amor. O Wordside. Ali suas fantasias se transformavam em realidade, era o seu portal do amor. Neste mundo novo eles se transformaram em amantes no tempo, era um cybertime.

 

A magia que dava a seus sonhos concretude se originava no arranjo que fizeram ao repartirem seus corações, para que as vivencias anteriores ficassem preservadas. Essas, seriam suas memórias, caso contrário perderiam suas identidades e jamais se encontrariam em si mesmos, e o amor, este também se perderia no tempo...

 

Com a metade de seus corações, e cada um dos domínios fora do Wordside, coexistiram dentro deste, com as                    metades restantes porque  eles se uniram em um só... Coração.

 

O Wordside coexistiria em paralelo ao mundo real.  Tal como como o Second-Life da Web, só que muito mais avançado porque o second-life estaria segregado entre rede de fibra ótica, que conferiria alta velocidade na condução da informação, dados etc... Wordside, não seria assim...

 

 Este novo mundo no cybertime seria um mundo igual ao real, onde teriam toda liberdade e eventualmente poderiam interagir, recebendo mensagens dos seus domínios anteriores, recebendo cyberatefatos e Cyberfoods, etc.Seria como duas linhas férreas juntas que se deparam com um desvio, desvio que transfere o trem para outra via e vice-versa. Essas duas linhas férreas seriam, tipo: Uma o mundo real onde mantinham seus antigos domínios, e outra o portal cybertime para o wordside.

 

 

Os amantes do tempo tiveram que se adaptar ao novo conteúdo, espaço tempo, e projetaram os novos elementos segundo suas necessidades... Conheceram o Word-end, um local horrível, abismo, onde vão os ímpios, as maledicências e tudo mais de ruim que por ventura irrompesse em seus caminhos.

 

Definiram também no cyber espaço do Wordside o Esybertem

O qual seria um condomínio que lhes serviria de morada. Lá teria tudo que eventualmente precisassem, durante suas viagens.

 

Na reintegração de suas realidades no Wordside obtiveram um greencard Wordside o qual foi deferido pelo egrégio tribunal de rearranjo sentimental. Para a deusa não houve quesitos ou questionamentos considerando seu status, sua dignidade, suas obras relevantes à humanidade. No caso do guerreiro...  Foi mais complicado... 

 

Houveram vários questionamentos, mas foram explicados e aceitos:  Explicitaram as autoridades interagentes, e mediadoras entre os dois mundos, que aquele relacionamento tinha um passado, de muito amor que sobreviveu de lembranças e contatos à distância, falaram do sofrimento de não terem jamais podido se tocar, e ainda assim, mantiveram um objeto de ligação entre seus domínios.

 

Ela manteve uma bandeira e se mantinha naquele território onde finalmente se encontrariam e ele manteve o intrépido, uma viatura que o conduziria até os limites de sua deusa.

 

Uma grande paixão que o tempo não abateu, nem conseguiu abrandar.Falaram de seus encontros apaixonados e ainda que permanecessem separados,  sempre estavam ligados em pensamento nas horas difíceis. Mesmo à distância um abrigava o outro em seus corações. Até que finalmente se transportaram para o Wordside, sem destruir suas memórias nem seus domínios antepassados.

 

Assim, como os seus domínios estavam conservados nada iria modificar  o seu “status quo”.  Daí o douto magistrado concedeu a permissão e o guerreiro também recebeu seu Greencard Wordside e o tornou apto também, a se naturalizar. Agora, guerreiro e deusa eram ciberneticamente humanos.  Ou deliciosamente humanos cibernéticos,  livres para tudo. 

 

Assim seus estados físicos foram se revertendo até a essência da matéria, moléculas células, nano células, etc. Velocidades incríveis até chegar ao estado de anti-matéria. Finalmente eram cidadãos do Wordside, naturalizados.

 

Exultantes seus corações com tanta felicidade, reintegraram um de seus mais importantes utilitários: O Sailboat, o veleiro do tempo o: Ladybe. Tal artefato teria um mastro principal rotativo. Seu velame é comiosto de duas bujas e uma traquete. Com motor auxiliar, 50 pés...   Equipamento de navegação de ultima geração. Muito conforto. Super seguro de uma estabilidade incrível.  Navegaria nos mares do tempo, abrigando e transportando os amantes no tempo.

 

Decidiram, então, fazer a primeira viagem, no tal veleiro para ver se descobririam novos lugares e viveriam suas aventuras... Pretendiam ir até a Ilandybe:  Uma ilha no tempo, a qual desejaram, e que existiria só para eles... A sua ilha no tempo.

 

Marcaram a saída para a viagem. Partiram cedinho. Já velejando no mar do tempo, o guerreiro procura sua deusa, e não a encontra.Ficou apreensivo, com o que haveria acontecido, não sabia nem o que pensar.

 

Um dia... Dois, e o desespero no coração apertado, doendo, abatido. Ele revivia momentos que deixaram marcas indeléveis, que perturbaram sua alma, muito choro, as vezes velado, as vezes explícito... O momento era de perda. A conexão dos amantes no tempo estava se desfazendo...

 

O guerreiro ainda no Sailboat Ladybe  partiu mergulhando mar a dentro tateando na busca do sonho desaparecido, agora já  não sentia medo, dor, nada... Seu pensamento era só no sonho que parecia estar perdido. Teria que recuperá-lo. No tempo do amor tudo era possível.

 

Novo dia raiando no horizonte ele, o guerreiro intrépido, relembrou cada momento... Queria ver se em alguma fração daqueles instantes vividos, quando já navegavam mas águas azuis daquele mar, descobria  a avaria que poderia ter atingido a sua deusa, no tempo.

 

 O   sailboat  Ladybe deixara  para trás a Goldem Beache Iber, a praia dourada de sua deusa no tempo,  uma esteira  branca de espuma marcava o mar calmo azul/esmeralda do oceano do tempo. Navegação rápida, à 12 nós, alguns graus adernado a boreste em função da pressão sobre a bujarrona e  a traquete totalmente enfunadas.

 

  Era como um cisne branco deslizando com seu brilho insuperável, rumo sudeste/nordeste, o rumo da paixão. No barco do tempo ele, o skipper,  ela a first mate ia na proa com o rosto ao vento, no convés limpo e arrumado, tudo branco como suas almas.

 

Uma bruma espessa os envolvia, quando ela desapareceu... Ele não a vê mais... Não a vê, a procura, ela não está no barco. De repente tudo muda... Nuvens negras no horizonte.  Tempestade a vista, agora navegava em mar de borrasca, baixa o pano, firma no leme, queimava suas mãos por não poder tocá-la....

 

  Agora aproado para o desconhecido, para a incerteza, pro não sabido.  Perdera a sua deusa dourada pensou, enquanto o velame recebia chicotadas de águas amargas, manchas escuras como sangue, que eram uma figuração de sua dor..  O Ladybe agora estava preto/rublo fosco parecia um ser vivo a sofrer...  Já não tinha mais horizonte. Mais desespero...  Ventos fortes perfurantes, com a água do mar ainda escuro, fustigavam seu rosto. 

 

 Cenho serrado.  Lábios apertados.  Olhar distante. Taciturno.  Rumo ao abismo do desconhecimento do que haveria acontecido.  Teria sua deusa dourada o abandonado?  Ou teria sido arrebatada por algum mal, no portal do tempo? Estaria no Word-end, o local horrível, abismo, onde de ruim lá se agrega?

 

Teria ele que irromper naqueles caminhos... Tentando manter  o rumo na escuridão.  Já não encontrava a bússola.  Continuava a sentir o gosto do desespero  na boca.

 

 Tudo era lúgubre.  Cheiro ocre de dióxido de enxofre no ar completava o quadro dantesco que estava vivendo naquelas horas do dia. Dante Alighieri teria dificuldade para descrever o inferno, como fez em suas obras, se presenciasse a dor do guerreiro.

 

 Vagalhões enormes abatem sobre o barco, ele  em sua resistência lutava para não ir a pique, pois assim perderia de vez a sua deusa, e nunca saberia o que acontecera.

 

 Não queria sequer pensar em sucumbir, como se fora mais uma peça do tempo.  Já estava vagando a deriva.  Tornara-se um errante, um andarilho naquele mar...  Uma criatura do tempo, cujo tempo agora era seu paradoxo, sua desilusão... Uma desconstrução parecia assumir o comando de suas fantasias...  Mais uma vez uma vitima do destino, pensava o tempo todo. 

 

 Não deixava de pensar nela, como ela estaria, o que estava passando.  Não sabia rezar mas rezou, pediu misericórdia ao senhor do tempo, para aquele amor no tempo não acabar.

 

De repente pareceu-lhe sentir o que sentira naquela linda tarde quando... Olhou para  amada  e... Pegou a sua mão... E se amaram enquanto ouviam o canto da araponga que era como o bater do ferreiro em ferro em brasa, e o  raspar do limatão...

 

 Pensou em transpor os limites do portal do tempo, sair do Wordside,  mas não podia misturar as coisas, ou estaria perdendo o controle do estabelecido... Quando de repente tudo ficou calmo, tocante, como tirasse com as mãos aquele clima modorrento,  ventos alísios o levaram às águas abrigadas do seu amor, que como antes o consolara, só com as lembranças. 

 

 Firmou a busca e o pensamento. No dia seguinte, o portal do tempo se abriu e sua deusa dourada se aproximou serena e aninhou-se em seus, braços... Ela havia sido arrebatada pelo processo de naturalização e sua materialização se complicara ao retornar como ciberneticamente humana. O amante no tempo deu graças. Recuperando-se dos ferimentos da batalha ...

 

Novamente a idealização de proteção e apoio ao seu amor, a trouxera de volta para ele. Ajudando-a na viagem de retorno a se reunir ao coração de seu amado guerreiro. Seu amado tinha seu abrigo na alma... Os amantes no tempo se amaram como nunca antes haviam feito... Enquanto ouviam o canto da araponga que era como o bater do ferreiro em ferro em brasa, e o  raspar do limatão...



Ibernise.
Indiara (GO), 27.09.2008.
Inédito!
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Ibernise
Enviado por Ibernise em 27/09/2008
Reeditado em 28/09/2008
Código do texto: T1200219
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