O MISTÉRIO DA BARONESA !

Estiquei um pouco o pescoço e olhei para o lado, ouvi algo como se fosse alguém temperando a garganta, tive medo, meu coração disparou. Em segundos eu pensei que ali eu cairia desmaiada... Senhor, socorro! Também, o que eu queria fazendo num lugar totalmente deserto, naquele casarão de sobrado onde se comentava que a Senhora Baronesa havia desaparecido numa noite de sexta-feira dentro de sua lagoa particular? Maldita curiosidade a minha! Agora que aquele barulho se repetia eu não tinha dúvida de que não estava sozinha, mas eu não via ninguém.

Eu não conseguia correr, minhas pernas estavam bambas, as mãos o suor começava a pingar, sentia que todo o meu corpo estava derretendo de tanto pavor... Será verdade que a Senhora Baronesa é uma alma penada e agora ela viria me pedi pra eu fazer algo para que ela fosse liberta de algum pecado? E será que eu não morreria antes que ela me pedisse tal coisa? Com dificuldade eu me movimentei naquela sala imensa, toda cheia de teias de aranhas, as janelas, algumas, já estavam quebradas dava pra vê os reflexos do sol e a movimentação do vento nas folhas das árvores que faziam um ruído alegre, mas eu estava apavorada e tudo era motivo para mais pânico...

De repente... Um vira lata entra abanando o rabo devia ter uns seis meses de vida. Bonitinho o danado! Cheirou meus pés e latiu lindamente duas vezes, rapidamente me aproximei dele e lhe fiz um carinho... Ele lambeu minhas mãos, meu coração ainda estava em disparado, mas, menos mal eu não havia desmaiado.

Agora que o cãozinho estava ali, eu tinha certeza que não era alma penada, mais alguém vivo, senti um calafrio no corpo, nossa!! Saí na direção da porta que dava por jardim, já que o barulho que ouvi tinha vindo daquela direção. Criei coragem e fui bem devagar. O cachorrinho correu na frente, quando já estava fora, olhei ao redor com muito cuidado, e mais à frente avistei a dita lagoa, pensei: será que me aproximo? A casa ficava num povoadozinho a uns 300 km de São Luís, numa parte baixa de área alagadiça, novamente meus pêlos arrepiaram-se. E agora? Vou até lá ou não? Bom! Muita calma nessa hora respirei fundo e ao me aproximar, dei uma última olhada para os lados, tudo calmo, somente o barulho do vento nas árvores, o cachorro havia sumido. Novamente o pavor tomou conta de mim, com cuidado caminhei até a lagoa, parecia profunda, vi alguns peixinhos nadando livremente, tão calmos e serenos. Que imagem linda, o verde daquela água juntamente com o lodo que tinha no fundo dava a sensação de paz, não parecia tão abandonada. E presa naquela beleza não vi quando alguém se aproximou, eu estava sentada num banquinho à beira da lagoa e tão centrada naquele cenário, esqueci completamente do pavor que outrora me assustava. - Boa tarde, senhora! Levei um susto tão grande que cai de cara na água...

Eu estava me debatendo na água tentando saí e olhar pra pessoa que falou comigo, foi quando senti que alguém me pegou pelo braço esquerdo, fiz força e me equilibrei. Já de pé toda molhada, o coração a ponto de saltar fora, vi uma senhora de aproximadamente uns setenta anos de idade, tinha um rosto comprido, olhos grandes e negros, cabelos longos, lisos e brancos, acho que media 1.75 de altura, mais ou menos 70kg, uma coroa bem afeiçoada eu diria. Eu ainda não tinha aberto a boca pra dizer uma única palavra, somente meu cérebro trabalhava, o que eu iria dizer? Eu não poderia falar que estava ali por causa da Baronesa.

E ainda meio atônita disse: - Me desculpe Senhora, eu estava passando por aqui, senti sede, vi o Casarão, chamei por alguém, não houve resposta, então entrei.

- Ah! Muito prazer, meu nome é Dina, me desculpe mais uma vez. Ela mostrou-se amigável e respondeu: - Não se preocupe, venha, vou lhe dar algo pra se secar, me chamo Mariana.

Caminhamos até uma entrada meio estreita que dava aos fundos da casa, eu estava tremendo de frio, e apesar do aspecto simpático daquela Senhora, ela tinha um quê de mistério. Quando a cumprimentei, fixei meus olhos no seu rosto, senti como se ela me esperasse naquela tarde, meu coração ficou sobressaltado.

Enquanto adentrávamos a casa, pude perceber que havia móveis antigos e bem cuidados. Passamos por um corredor longo até chegarmos a uma escada que dava acesso à parte do sobrado, subimos e ela me disse: - Está vendo aquela porta ali, entre, lá tem toalhas e hoby sobre a cama, pode tomar banho, fique à vontade. Eu estava estática, e por alguns segundos não conseguia decidi o que fazer. Meu Deus! Que loucura de acontecimentos! Respirei com calma e seguir em frente. Eu estava insegura ao entrar, mas, bem devagar, abri, olhei rapidamente para os lados, tudo normal, ufa! Contudo, dei uma olhada pra trás e não vi ninguém, céus! Para onde ela tinha ido? De repente um vento frio me arrepiou os cabelos, Bham! Fez o barulho da porta atrás de mim, foi instintivo o medo que senti. E agora? Novamente minhas pernas estavam bambas, o meu corpo suava frio, tive a sensação de estar sendo observada, foi quando vi um espelho imenso, fiquei perturbada, parecia que me chamava, cheguei mais perto, quis tocar e ao fazê-lo, ouvi um ruído como se alguém estivesse ali.

Não deu tempo de virá e vê o que era, de repente as cortinas se movimentaram com veemência, a janela se abriu com força fazendo um barulho imenso vi, um clarão vindo do jardim. Dei um grito de pavor e cai sobre a cama, não conseguia me mover, somente ouvia as batidas do meu coração, respirei fundo, depois olhei rapidamente o relógio que havia na parede, eram exatamente 18:00 horas, meu Deus! O que será que está acontecendo aqui? Ouvi vozes vindo de fora da casa, criei coragem e olhei da janela, vi como se alguém estivesse dentro da lagoa, parecia um homem, me recostei um pouco atrás da cortina pra não ser vista. Era um homem sim! Agora que estava fora da água eu podia vê-lo, estava conversando com a Senhora Mariana, não vi seu rosto porque estava de costas, ela o cobriu com uma capa preta, eles se dirigiam para casa pelo mesmo local que ela me levou. A cena se repetia na minha mente, tudo estava muito enigmático, eu ainda estava molhada, precisa me secar, depois decidia o que fazer.

Peguei a tolha, me dirigi ao banheiro, liguei o chuveiro à água quente, me fez relaxar um pouco, já recomposta, pensei em como sair daquele lugar. Tudo estava silencioso na casa, apenas o ruído do vento nas folhagens das árvores, olhei novamente para o espelho, fiquei tão perto que a minha respiração chegou a embaçá-lo, novamente um ruído de ventania me envolveu não vi mais nada, quando acordei, eu estava num lindo vestido azul celeste, com um lindo colar de brilhantes e um véu de renda sobre o rosto. Sim, eu estava à beira da lagoa, a senhora Mariana estava linda num vestido branco perolado, também usava um véu, havia mais pessoas, todas bem vestidas, eu estava numa cadeira bem confortável, mas tinha uma outra vazia ao meu lado, eu não conseguia falar, estava como se em transe. A senhora Mariana se aproximou de mim, pediu pra eu ficar de pé e disse: - Benjamim! Pode vir, ela está pronta! Todos ficaram de pé, quando levantei o olhar vi um homem de aproximadamente 1.80 de altura, aparentava ter uns 35 a 40 anos de idade, olhos grandes, cor mel límpidos e brilhantes, uma face comprida, usava um cavanhaque lindamente bem feito, um meio sorriso nos lábios usava uma capa negra. Ao se aproximar, delicadamente tirou o véu do meu rosto, jogou-o pra trás, pegou na minha mão e beijou delicadamente, quando seus lábios tocaram na minha pele, senti uma ligeira sensação de arrepio na espinha, voltou a me encarar, agora com um lindo sorriso nos lábios e disse: - Querida, porque demorou? Fiquei sem ação, e disse: - Eu? Quem é você? Nunca o vi antes! Porque me chamas de querida? Ele delicadamente pediu-me para sentar, em seguida falou aos demais. – senhoras e senhores, vejam! Ela não é igual a minha avó? Todos estavam me admirando, podia ver nos olhares de todos a confirmação. Logo adiante havia um quadro com a fotografia de uma mulher, pela foto devia ter entre 25 a 30 anos de idade era morena clara de cabelos longos e lisos, bem pretos, olhos negros, corpo bem feito, no rosto tinha uma expressão de felicidade. Meu Deus! Aquela foto se parecia comigo, sim, eu podia jurar que era a minha foto! Mas, eu, Dina!!!, Não!!! Era loucura, nunca tinha visto aquelas pessoas. Tudo o que eu queria saber era o mistério da Baronesa! Levantei-me e pedir licença a todos e me aproximei da Senhora Mariana e disse: - Senhora, o que significa isso? O que eu estou fazendo aqui? Ela disse: - querida, você está sendo esperada há anos por todos nós. Todas as mulheres que adentraram esse casarão foram observadas e somente você teve o perfil da mulher que procurávamos, logo que chegou o cachorro que encontrara era na verdade o Benjamim, ele precisava ter certeza, por isso lambeu suas mãos, me disse pra cuidar de você até que ele pudesse se apresentar. O espelho era ele que te chamava, quando você o tocou a primeira vez, fez com que o coração dele a amasse, na segunda vez, ele a tomou pra si. A senhora baronesa é aquela do quadro, ela conheceu o avô do Benjamim nessa lagoa, numa noite de sexta-feira ela estava sentada exatamente naquele banco onde eu encontrei você.

Depois de ouvi aquela história tão absurda, corri para o jardim, queria fugi daquele lugar o quanto antes, eu não iria passar a noite naquele local. Apressada fui pra a entrada secreta, encontrei apenas plantas e flores, ofegante, disse em voz alta! Meu Deus! Tire-me daqui! Foi quando senti alguém me tocar no ombro, virei devagar, vi aqueles lindos olhos grandes fixados em mim, agora já não usava mais aquela capa negra, pude observar seus braços fortes, estava vestido num paletó preto, elegante, senti a fragrância de um perfume bem suave que fazia com que eu quisesse ficar perto, não conseguia desviar meu olhar daquele homem, ele aproximou-se mais ainda e ficamos cara a cara, ouvi a minha própria respiração ofegante, minhas pernas bambas, meus lábios quentes e úmidos latentes, sentir suas mãos sobre a minha cintura, me aproximou do seu corpo, num ímpeto, toquei delicadamente no seu lábio inferior, deslizei meu dedinho até o final de sua boca, ele entreabriu e lambeu delicadamente, senti uma descarga elétrica na minha espinha, ele pegou minha mão e beijou mais uma vez, mordi o cantinho do meu lábio, ele tocou levemente minha face aproximou sua boca do meu ouvido em tom baixinho disse-me: - meu amor, não fuja mais de mim. Meus sentidos já estavam atordoados, perdidos naquele olhar, não relutei, enfiei meus dedos em seus cabelos e alcancei sua nuca, entreguei meus lábios aos seus e nos beijamos loucamente, senti descargas jorrarem no meu corpo, o calor queimava todo o meu ser, o cheiro do néctar exalava nas narinas, doce, forte e quente! Meu corpo outra vez estava se derretendo, agora em prazer.

Quando voltei a fitá-lo disse: - não sei o que está acontecendo, tudo isso é sul real demais!

Benjamim me olhava com uma expressão de alegria e êxtase. Disse: - vamos! Voltemos à festa, foi toda preparada para você! Depois vou mostrar um lugar que você vai adorar!

Era como se eu estivesse hipnotizada por aquele homem e não deu pra relutar, peguei no seu braço e o acompanhei até o salão da festa. Lá estando, todos voltaram os olhares para mim e me reverenciavam.

Na minha confusão interior não sabia o que desejar naquele momento, queria acordar daquele sonho, mais o intrigante é que não me achava sonhando, parecia mesmo realidade.

De repente alguém diz em alta voz: - Músicos! Toquem para nós a música de boas vindas para a nossa princesa Dina! Então soou devagar uma música instrumental contagiante, parecia elevar-me, uma sensação de liberdade e alegria foi acometendo toda a minha estrutura, sim era mágico aquele acontecimento! Estou mesmo vivendo um encantamento!

Benjamim aproximou-se de mim e pediu-me para dançarmos. Fui conduzida até o salão principal e quando sentir as mãos macias dele sobre a minha cintura, novamente sentir como se todo o meu corpo eletrizasse, o cheiro do seu perfume inebriava-me os sentidos, deixei-o conduzir-me levemente, e voltei a fitar meus olhos naquela face linda! Queria aqueles olhinhos brilhantes nos meus sonhos mais vezes, era o meu pensamento feliz! Benjamim disse em meia voz: - querida, não se assuste tanto, você vai gostar de está neste lugar, é a sua casa! A baronesa era a minha avó que como você veio morar aqui e preparou tudo para a sua chegada! Eu disse: - mais como pode ser tudo isso? Eu tenho família! Não posso ficar aqui sem que eles saibam? Ele ficou em silêncio e abraçou-me mais forte!

Quando a música acabou voltamos às nossas cadeiras, mais músicas foram tocadas, vieram os criados e nos serviram vinho, confesso que não gosto muito, mas aceitei a taça. Era incrível como eu me sentia segura, apesar de sentir medo por não saber se voltaria a minha realidade um dia!

Toquei no braço de Benjamim e disse a ele que precisava ir ao toalete, retirei-me mais rapidamente possível dali e procurei uma criada que me indicasse o local, ela conduziu-me até uma sala bem ampla, depois cheguei ao toalete, ela saiu, fiquei ali me admirando no espelho. Eu estava toda adornada com aquele vestido, sim, do jeito que estava, parecia uma princesa. Eie! Acorde! Dei um tapinha na minha face, nada aconteceu, abri os olhos e ainda estava adornada, preciso fugir daqui, não posso ficar e viver essa fantasia! Quero voltar!

De volta na sala, fui procurar o jardim, quem sabe não encontro a passagem que me leva a casa principal e aí eu estou livre! Sair olhando para os lados e tentando fugir das pessoas que estavam por ali, até que de repente olho um córrego que passava no meio do jardim, segui na direção da água pensando chegar numa saída, apressei o passo, quando mais eu andava parecia não ter fim! Outra vez comecei a senti medo, meu coração bateu forte, quero sair daqui, ao mesmo tempo que é bom é assustador! Já não ouvia mais som algum, parecia não ter mais festa, outra vez suei frio, aumentou o meu pavor, corri mais forte até que cheguei ao final do córrego tinha uma árvore bem grande, nada mais! E agora? O que faço? Um vento frio balançou os meus cabelos, minha alma ficou gélida! Não tive coragem de avançar, estava estática ali! Aquele silêncio enigmático parecia congelar os meus sentidos! Num súbito senti um toque nos ombros, nossa!! Foi um choque na espinha! Era o meu fim, eu pensei! E por fim quando consegui racionar e virar para vê o que era. Novamente estavam àqueles olhos negros, hipnotizante, lábios grossos e entreabertos, perfume embriagante! Joguei-me em seus braços, meu coração estava aos pulos. Ele abraçou-me e sem dizer nenhuma palavra me conduziu por trás da árvore e vi ali uma chácara, entramos tinha uma sala ampla, bem aconchegante, uma lareira acesa. Fiquei de pé observando tudo aquilo, recompondo-me do choque das emoções daquele momento. Benjamim olhou para mim e sorriu, toda vez que nossos olhares se cruzavam eu esquecia tudo, via apenas a beleza dele, queria apenas está com ele. Sorri e aproximei-me do seu corpo, toquei com o meu dedinho nos seus lábios, ele abraçou-me e beijamo-nos com paixão, meu corpo estava quente e elétrico, precisava dele, queria-o, deseja-o, deslizei minhas mãos sobre o peito nu, beijei levemente o biquinho do mamilo, queria saciar a minha euforia. Foi uma noite encantada, foi mesmo tudo muito mágico e enigmático, quando acordei no outro dia, estava no meio dos escombros do casarão abandonado.

Sonho? Ilusão? Realidade? Talvez, tudo é possível quando se liberta a imaginação!