Luna e Solaris
Poesia da poesia e o céu brigou, houve algo que ainda não sabem explicar direito. Solaris e Luna brigaram feio. Foi um espetáculo a parte. Arte dramática reinventando nomes feios de um para outro. Foi um dia bonito, um dia desses que de tão azul o céu embriaga os olhos de beleza e fascinação. Nuvens emolduravam sorrisos celestes preciosos. Pássaros passeavam livres por aí, então um vento cismou de falar pra Solaris que Luna invejava-o pelo extenso verão, onde quase todos os seres do mundo aproveitavam o dia com as benesses do astro-rei. Estranhamento e até trovejou no mundo seco de um dia de verão. Luna estava dormindo. A noite anterior tinha sido puxada, ocorreu a aurora-boreal em quatro pontos do planeta, como estava andando bastante, Luna até se encontrou com Solaris, tiveram tempo para um breve diálogo. Conversaram durante a noite e ela nada lhe disse. Afinal, se estava aborrecida, por quê não lhe falou nada? Lamuriar-se logo com o vento, que espalha tudo tão rápido... Desejou ir tirar satisfações com ela, mas lembrou-se das ordens e desígnios do Grande Criador: " E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite, e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.// E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi.// E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite, e fez as estrelas."
Dia e noite e os dois quase que não conseguiam se encontrar. Horários distintos... Então, a única comunicação acontecia quando ocorria a aurora-boreal, eram diálogos curtos, esparsos, longínqüos, todavia eram diálogos. Ma demoravam tanto para acontecer... Agora um esclarecimento se tornava difícil de acontecer. Solaris foi aconselhar-se com o Mar, seu melhor amigo. Além disso, Mar também era muito amigo de Luna, então seria de suma importância na missão esclarecedora. Enquanto os amigos conversavam, o Vento estava de espreita, para não aquecer tudo, enquanto ouvia a conversa alheia, deu ordens para que as brisas refrescassem a Terra. Eram duas horas da tarde... Todas as nuvens pararam, o céu congestionou-se todo. O azul foi encoberto pela brancura das nuvens. Acabou a conversa e... ufa!, até que enfim as brisas poderiam descansar... Mas qual?!!! O Vento não gostou nem um pouco do que ouviu e chispou para acelerar o tempo e se encontrar com Luna. Mas foi em vão. O Tempo é o Tempo e tudo deve ocorrer dentro do próprio limite. Teve que esperar até anoitecer. Por volta de quase sete horas da noite, Luna já estava a brilhar no escuro noturno. O Vento chegou sorrateiro e disse um Boa-Noite de orgulho ferido. Começou a ventar lorotas, disse que Solaris além de reinar durante o dia, queria também governar a noite, cicloneou que Luna iria ser banida para o breu do centro da Terra. Falou tantas toleimas, que já estava formando tornados. Quase ocorreu uma grande catástrofe, quando o Oceano, pai do Mar, imergiu de suas entranhas, grandes e imensas ondas, conseguiu desviar a atenção da Rainha da Noite. Oceano já estava observando Vento durante um longo tempo e se deu conta de que toda a narração não passava de inverdades dele. Só que ainda faltava descobrir porque o Vento estava provocando aquela quase hecatombe insana. Vento sumiu mais uma vez. Luna acreditou nas ínfimas e vis declarações dele e quedou muito triste com os olhos para baixo. Chorou e foi Lua Minguante. As previsões perderam o rumo e os humanos começaram estudos sobre o motivo de uma segunda lua minguante no mesmo mês. Oceano foi conversar com ela e tentou abrandar-lhe os sentimentos, contou que tudo ocorrido fôra conspiração ardilosa do Vento contra a Obra Maior. Pediu-lhe cautela e sabedoria nas ações. Oceano solicitou uma conferência com Universo e foi prontamente atendido. Chegaram a conclusão de que o vento invejava a separação do dia e da noite, enquanto ele tinha que ventar por aí durante todo o tempo , Luna e Solaris tinham o privilégio de trabalhar durante um período. Esse foi um pensamento que as brisas amigas lhes contaram. Agora estava tudo esclarecido... Estava querendo um descanso... Não seria muito mais fácil falar logo, tinha que fazer todo aquele rebuliço? Enquanto ponderavam sobre o assunto, ocorria um espetáculo a parte... Luna queria esclarecer as coisas e decidiu esperar pelos raios de Solaris. Passou a noite, passou a madrugada e estava amanhecendo quando Mar perguntou o motivo dela não ter se retirado logo, pois como de costume, Solaris já estava a caminho. Luna repetiu que queria pôr tudo em pratos limpos. Mar narrou-lhe a suspeita de seu Pai em relação as informações do Vento. Mas Luna era cabeça dura demais pra mudar de opinião e ficou imóvel, do jeito como estava. As estrelas já haviam se retirado e questionavam umas com as outras sobre o que teria acontecido com a doce Luna. As Três-Marias apesar do adiantado da hora foram conversar com a amiga pra ver se ela estava com algum problema, após ouvirem o desabafo de Luna, elas pediram que Luna reconsiderasse e voltasse atrás. Mesmo que tivessem sucesso na argumentação, já seria tarde, pois Solaris já tinha despontado no horizonte. Todos os seres, toda a vida existente no Universo parou, a cena congelou e do modo como estava, tudo continuou. Luna e Solaris se olharam, um halo de luz superou qualquer luminosidade jamais vista em todos os tempos. Uma mistura de dourado e prata se mesclaram e envolveu os dois numa aura de admiração. Quando já tinham se esquecido da confusão, o Vento chegou e intriga novamente semeou. Se tivessem usado de inteligência e sabedoria, os dois teriam descoberto logo a verdade, mas caíram na trama tecida e começaram uma jamais vista discussão. Luna usou suas fases pra confundir Solaris, que em contrapartida lançou seus raios fumegantes. Em meio a briga, voaram farpas e chispas, xingamentos e lamentos. Quando se aproximava a calamidade, Universo e Oceano chegaram, ordenaram imediatamente que toda aquela balbúrdia tivesse fim. Luna e Solaris de tão envergonhados que ficaram, quedaram cabisbaixos. Desconfiado de que já tivessem descoberto o seu plano, Vento tentou fugir disfarçado, mas o Universo tinha se antecipado e o deixou preso num grande e gigantesco tornado. Oceano esclareceu tudo. Luna e Solaris se entreolharam e foram se abraçar num gesto de desculpa. Daquele abraço dado, o mundo todo se beneficiou. Uma grande e tangível paz a todos harmonizou. Foi aí que lindos e enormes cometas se formaram, da radiante Luz da Luna e do imenso Brilho de Solaris. Deus abençoou o momento e permitiu breves encontros todos os dias. E é por isso, que às vezes temos a chance de encontrar os dois luminares a brilharem para os nossos olhos a um mesmo tempo. O vento se consertou e passou a rodar pelo mundo distribuindo felicidade e semeando de fartura a flora.
Agora é hora de você abrir a janela e dar uma olhada no céu lá fora. Sorria e sinta que de alegria sua face cora!