Em CONTOS de fadas II

O dia amanhecera com um sol radiante e belo como de costume. Andréia se preparou para mais um dia de trabalho sem esquecer do encontro com Cinderela no final da tarde.

Depois de muitos afazeres na empresa, responder e-mails, despachar documentos e orientar os funcionários, Cinderela telefonou para casa, orientou o filho sobre o documento que deveria levar para o diretor da faculdade e o pediu para ajudar a irmã com a inscrição para o P.A.S. Depois seguiu direto para o Taste-Vin, aonde encontraria Andréia para um jantar.

As duas amigas conversaram sobre o trânsito caótico típico de cidade grande e logo pediram um vinho. Conforme haviam combinado levaram fotos da família, marido, filhos, periquito, papagaio, cachorro e afins. Não era de se estranhar que ao verem as fotos, tanto Andréia quanto Cindy se demonstraram mães corujas e devotas. De repente, ao ver as fotos do marido da amiga, Cinderela se lembrou que Andréia iria comentar sobre o antigo namorado.

– É verdade, combinei de te contar. Então, eu estava envolvida com a formatura, as provas de vestibular, mais o escritório de advocacia dos meus tios aonde eu trabalhava como secretária. O Luiz Cláudio já trabalhava como assessor no gabinete do padrinho dele, não estava preocupado com curso superior, faculdade, essas coisas. Um dia, depois de um resultado negativo de um vestibular, ele me disse que se eu já trabalhava não deveria me preocupar com faculdade, pois já tinha um bom salário. Oras, até para ser uma secretária melhor eu queria estudar. Ele estava muito acomodado para um rapaz daquela idade. E eu queria alçar vôos mais altos. Então, terminei o namoro, foquei nos estudos, entrei pra faculdade e lá conheci o Henrique. Ele me pediu em casamento durante a valsa do baile de formatura, seis meses depois nos casamos e hoje, somos esta família que você vê nas fotos.

– Uma família linda! Não há como negar. Você fez bem em não desistir dos seus sonhos de estudar e ter uma vida profissional. Assim que casei com o Príncipe nossa vida era agitada, cheia de viagens, festas e campeonatos esportivos. Chegou um tempo em que era difícil decidir aonde ir, tantos eram os convites para eventos. Mas, chegou um dia em que me vi obrigada a cuidar para que o Príncipe não visse os convites nem atendesse telefonemas. Por ele iríamos a todos os lugares, todos os dias.

– Imagino que sua vida ainda seja bem agitada hoje em dia. – disse Andréia antes de saborear um gole de Chateau D'or et de Gueules.

– Sim, era agitadíssima! Mais agitada ainda quando o Príncipe excedia a dose de bebida, dispensava os empregados da casa, dormia o dia inteiro e não se lembrava de nada no dia seguinte. Esta fase foi um verdadeiro tormento. Eu demorei a entender que havia me casado com um homem lindo, extrovertido e com forte tendência ao alcoolismo.

– E o que você fez depois de entender isso? – perguntou Andréia.

– Eu procurei a melhor forma de conversar com ele sobre o que acontecia e o que poderia acontecer se ele não procurasse ajuda para se tratar. E me ofereci a freqüentar com ele as reuniões do “A.A.”. Acredito que como esposa eu deveria dar apoio ao meu marido e foi o que eu fiz.

As duas continuam conversando quando, dentro de uma bela bolsa Balenciaga, toca um celular. Era Ricardo, filho de Andréia, contando sobre o resultado do campeonato de tênis.

(continua...)

Cacau Fuente
Enviado por Cacau Fuente em 27/08/2008
Reeditado em 27/08/2008
Código do texto: T1148899
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