Encontro com o Pequeno Principe - parte 1

Caro Sr. Saint-Exupery

Há muito tempo nutro em meu coração o desejo de escrever-te. Sei que esperas aflitos por noticias daquele que mudou a tua vida e escreveu para sempre um capítulo que nunca será apagado no livro da história que é sua vida.

Sinto que neste momento, ao ler minhas palavras, o seu coração começou a vibrar. Sinto que não precisarei explicar muito, pois espera por este momento a muito tempo. Então darei alento ao teu coração e não mais me demorarei, mas narrarei com cada detalhe o dia que minha vida, assim como a sua, mudou para sempre...

Caro Sr. Saint-Exupery

Há muito tempo nutro em meu coração o desejo de escrever-te. Sei que esperas aflito por notícias daquele que mudou a tua vida e escreveu para sempre um capítulo que nunca será apagado no livro da história que é sua vida.

Sinto que neste momento, ao ler minhas palavras, o seu coração começou a vibrar. Sinto que não precisarei explicar muito, pois espera por este momento a muito tempo. Então darei alento ao teu coração e não mais me demorarei, mas narrarei com cada detalhe o dia que minha vida, assim como a sua, mudou para sempre...

Havia tempo que não me sentia daquele jeito, tão devastada e sem vida por dentro. Já não existia razão para continuar a viver. Nada valia a pena. Meu mundo estava vazio e ninguém se importava. Passei aquele dia pensando em uma maneira de simplesmente acabar. Mas será que minha coragem (ou fraqueza) iria resultar no que meus desejos diziam à minha razão? Em meios a meus devaneios e a minha dor, optei por não mais viver.

Um cobertor negro cobria o céu, não havia estrelas. Tudo estava gélido e quieto. O silêncio era para mim, como que uma faca a perfurar minha alma. Mas não havia razões para não fazer. Já estava na estrada há dias, peguei meu carro e avancei para mais o longe possível (será que demorariam para encontrar meu corpo?). Durante o percurso para o meu fim, lembranças felizes me assombravam. Quanto tempo fazia desde aquele sorriso? Parecia que havia sido a tanto tempo atrás...Mas aquilo não importava, nada mais importava (era o que me motivava a prosseguir).

Entrei por tantas estradas que já não sabia aonde estava. O lugar que encontrei era-me terrivelmente familiar, mas tinha a certeza de que nunca havia estado ali. No entanto, algo dentro de mim sabia exatamente aonde ir, algo que expulsou toda e qualquer vontade de morrer. Parei o carro no começo de um deserto (era o que me parecia). A única coisa que escutava era minha respiração e o bater frenético do meu coração (o que esperava por mim naquele local? O sinal que a muito tempo vinha pedindo estaria ali? Mas afinal, onde exatamente eu estava?). Fui em direção ao nada que me aguardava com ansiedade, e por incrível que pareça, não sentia medo, ou dúvidas, mas uma certeza de que não havia lugar, nem hora mais certa para estar vinha estranhamente à minha cabeça.

- Quem é você?

Fui obrigada a lutar com todas as forças para engolir o meu coração e mante-lo em um local, que para minha segurança, ele não deveria sair.

Quem é você? Perguntou-me novamente aquela estranha e familiar criança.

- Quem sou eu? Por que queres saber, questionei-o.

Ele fitou-me por alguns instantes que para mim pareceram uma eternidade. Encarou fixamente meus olhos e perguntou impassivelmente “- Quem é você e o que faz aqui?

Não foi difícil perceber que aquele garotinho não iria me dizer nada se eu não respondesse o que queria saber. - Chamo-me Luisa. Estou a andar rumo ao desconhecido, porém instigaste fim. E você? Estas perdido?

Ele olhou para o chão, mas já não o via. Seus pensamentos estavam distantes. E parecia-me, pela primeira vez desde que o encontrara, que estava triste. Vi limpando discretamente seus olhos e ao olhar-me, parecia completamente emocionado.

- Vim para encontrar com um amigo, mas ele não está mais aqui. Nos conhecemos a algum tempo neste lugar. Passei para dizer que tive que encontrar uma corda para amarrar o carneiro. Ele é muito bonito e alegra o meu planeta, mas minha rosa não gosta dele. Na verdade, acho que tem ciúmes, mas ele é orgulhosa demais para admitir. Você não o viu? Ele tem um avião e gosta de desenhas elefantes no interior de jibóias?

- Não o conheço meu querido. Sinto muito!

E ao ouvir essas palavras, afastou-se de mim. Caminhou lentamente em direção a um tronco caído e sentou-se nele. Não queria interrompe-lo, mas estava curiosa demais. Quem era aquele garotinho? Seus pais sabiam que estaria ali? E este amigo, quem será que seria? E o planeta, a rosa, o carneiro, a corda, do que estaria falando? Depois de quase uma hora em que me contorcia de curiosidade e interesse, não suportei mais e rompi o silêncio. Indaguei-o sobre minhas dúvidas, mas ele olhou-me e nada respondeu. Perguntou-me apenas se eu teria um cobertor. Fui até o carro e peguei minha bolsa, ele aceitou o saco de dormir e deitado sob as estralas, nada mais disse.

Ao olha-lo dormir, tinha a certeza que ele era o sinal que esperava e que ao encontrá-lo, a minha vida havia mudado de uma forma que naquele instante não poderia ter dimensão... Adormeci em meios a pensamentos, e esqueci-me por completo o que iria fazer naquela noite (aquilo perdera a importância ao encontrar com aquela criança de olhos mais azul que o céu).

Continua....

Hari Alves
Enviado por Hari Alves em 22/08/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1140514
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