FIM DE CASO.

Fim de Caso.

Todo fim de caso dói. Com o nosso não seria diferente. Um dia eu não estava mais lá e nem você parece ter feito conta disto. Parti e não te vi mais.

Às vezes me pergunto quando fomos nos distanciando e sem nem mesmo percebermos que já não estávamos, ou queríamos estar perto do outro. Lembro que dizíamos sempre do quanto éramos importante e o quanto era bom estarmos lado a lado em qualquer momento. Das incontáveis noites de amor e risos juntos, dos jantares no tapete do chão da sala, da música ao fundo...lembro com uma certa gratidão de tudo isto. Um dia isso foi ficando raro; talvez pela correria do dia a dia, já não éramos dois jovens estudantes, tínhamos nosso trabalho e carreira para cuidar; talvez fosse as incontáveis confusões que você se metia com as mulheres e às vezes me envolvia e eu lhe socorria...por amor ou por ódio, mas fazia.

Às vezes acho que por tudo passar nesta vida, assim nosso amor também passou. Não resistiu às pressões do tempo, as vicissitudes da vida, as idas e vindas das nossas brigas, que ficavam cada vez mais intensas e constantes. Alguns amores resistem a essas provações: das diferenças entre si, entre dois, e acho que o nosso não resistiu, não conseguiu lidar legal com nada disto.

Às vezes acho que ainda estaríamos juntos por você, como me dizia sempre que me amava e se algum dia eu pensasse em ir embora me acharia até no inferno. Interessante pensar nisto agora, eu fui, você veio atrás, mas não deu mais. Não dava para colar os cacos do meu amor, das minhas ilusões. Você queria tudo, nosso amor e todas os amores das mulheres que conquistava.

Às vezes penso que só fiquei nossos longos anos juntos por sentir-me especial para você. Eu acreditava piamente nisto e era fortemente reforçada pelos amigos que uníssono diziam e invejavam nosso amor. Mas eu parti e só tempos depois nos muitos momentos de saudades e dor da sua ausência, da sua falta em mim, na minha vida, que me dei conta de que eu não passava de mais uma na sua vida.

Fim de caso.

Por Graça Costa.

Amparo, 2007.