Ele estava ali
Logo que ela chegou à cidade, ele sentiu sua presença. Mesmo que ninguém lhe dissesse. Sim, ela viera sorrindo, linda e inocente. Passava à frente de sua casa deixando flores no ar. Ela tinha compromissos que o impediam. Não sabia as provas que lhe esperavam. Tudo era novo e belo. Pensava que o mundo era seu e nada poderia lhe fazer infeliz. Tudo estava certo. Mas os anos foram passando e uma angúsitia imensa começou a suforcar-lhe o peito. Não sabia bem o que era. Como uma saudade de não saber de quem. Passava por ele, olhava-o e não o enxergava. Não era o momento. Ele aguardava que ela despertasse. Mas seria breve. E aconteceu, de repente ela o viu. Queria agora respirar o mesmo ar, banhar-se do mesmo mar, aquecer-se do mesmo sol. Mas não podiam, estavam em mundos diferentes. Cada um tinha que seguir seu caminho. Tinham feito escolhas e promessas que deveriam cumprir. Então veio a dor. A certeza de que não mais o veria, que navios o deixariam distante, em outras terras. Percebeu todas as vezes em que foi por ele protegida e nunca agradeceu. Chorou. Mas entendeu que a estrada ainda não terminara e haveria um dia em que as trilhas se cruzariam para continuar o que não começou.