O papagaio nacionalista.
Autor: Daniel Fiuza
27/11/2000
Na cidade de Fortaleza, no final da década de oitenta, vivia um coronel do exército, cujo nome era Luiz Amaro. Coronel Luiz Amaro já havia se aposentado fazia alguns anos, mas o homem pensava que ainda estava na ativa, pois vivia fardado e desfilando por toda cidade como um militar, sempre armado com uma pistola do exercito. Esse coronel era daqueles caxias, fruto da ditadura militar, sempre imaginava que o poder ainda estava nas mãos dos militares. Algumas pessoas mais chegadas a ele até falavam que ele não batia bem da cabeça, e que fôra aposentado por esse motivo. Perto dele morava Pedro Fernando, que não tem nada a ver com a historia, somente que possuía um papagaio que ficava no muro o dia todo. Essa verde ave tinha o péssimo habito de xingar as pessoas que passavam, principalmente se fosse fardado. Todos os dias coronel Luiz Amaro, passava na frente da casa do papagaio, e o nosso louro não deixava barato, xingava o coronel. - Coronel baitola, fi de quenga, corno, chibumgo... Etc. o coronel nem dava bola pro papagaio, passava calado e continuava seu caminho, sempre com sua pose militarista. Mas a coisa estava ficando chata, o coronel comentava com a mulher dele: - Ainda dou um tiro nesse papagaio, aí vai ser só penas voando! A mulher relevava: - Calma bem, é apenas uma ave irracional! - Que irracional que nada, ele sabe muito bem o que diz, dizia o coronel quase se exaltando. Um belo, (nem sei por que essas coisas sempre acontecem em um belo dia) O coronel vinha passando acompanhado da esposa, e foi logo falando: - Se esse papagaio me xingar na sua frente, não vou perdoar, vou meter uma bala na fuça dele. Aí nunca mais xinga ninguém. Ao passar pelo louro malcriado, não deu outra... - Coronel bicha, escroto, corno véio, hoje ta com a sua quenguinha é? Aí não deu mais, o irado coronel arrancou o revolver e disse: - Reza papagaio safado, hoje tu vais morrer... O papagaio calmamente abriu as asas e falou: - Atira fi d'uma égua, na Bandeira Brasileira.