O ANJINHO DE CARA SUJA - FINAL

E o anjo, tão pequenino, não podia compreender, pois na sua pouca

idade, tinha muito que aprender, mas falou, de coração, o que pensava

e sentia: - Também não tenho ninguém, senão a noite e o dia; não

tenho um teto, um abrigo, alguém que fique comigo, me abrace, nas

noites frias, mas não me afasto do mundo, porque gosto dele assim,

desse céu azul proundo, do Sol, que cai sobre mim...Gosto também

das pessoas, mesmo se nada me dão; sigo sem ressentimento, só o

amor é sentimento prá guardar no coração. Não sei quem foram meus

pais, cresci no mundo, jogada, porém sei que do bom Deus, nunca fui

abandonada! Eu aprendi muita coisa, muita gente conheci, o que foi

bom, eu guardei, o que foi mau, esqueci... Gente grande é complicada...Eu não consigo entender... Você tem tudo e eu nada; eu vivo resignada e você vive a sofrer...

O homem triste (que não era mau) olhava embevecido prá menina que,

na sua ingenuidade, lhe lembra tantas coisas que já houvera esquecido...A ternura lhe aflora o coração e os olhos novamente se embaçam...Com carinho, o anjinho então abraça, possuído de uma imensa emoção!

- Muito Obrigado, moço, Deus lhe pague pela comida, que eu já vou embora, mas não esqueça o que eu lhe disse, não vêem estrelas, os olhos que choram...Saia lá fora, vá viver a vida...Verá que a gente pode ser amiga! A solidão apenas traz tristeza, é uma muralha, uma fortaleza prá lhe prender junto aos seus fantasmas...E como todo mundo, você merece viver e ser feliz! Ouça o que essa pobre menina lhe diz...Adeus...

E aquele homem que era solitário, a partir daquele dia mudou seu

fadário, começou a sentir alegria; e na cidade, todo o povo

descobria que ele era uma pessoa querida, a mais gentil e cheia de

bondade, vivendo sempre a fazer caridade, sendo feliz até o fim da vida.

E o anjinho de cara suja? Bem... Deve ter voltado para o céu...

Arianne Evans
Enviado por Arianne Evans em 06/06/2008
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