o último discurso -final

IANODA prosseguiu naquele que seria o seu último e mais importante discurso.Sua inspiração provinha das dimensões astrais,para onde,em breve,seria arrebatado.

"Acordará ,finalmente do sonho da terra...""Caríssimos,ao bater-vos a última porta,perceberás,que,abrir-se-vos-a vossa frente,sem rangidos e resistências e não encontrareis quatro paredes a cercear-vos os movimentos.As aflições não alcançarão vossos pés..."Ourora,eu buscava um lugar entre vós,ansiava um destino sem sofrimentos,perseguia um sentido real para viver.Pobre e tola banalidade!"

Salvou-me ,providencialmente, a vaga necessidade de compreender Deus "...Vaga,sim,discreta impressão que,afortunadamente fazia minh!alma arder na geleira do claustro,morgue sinistra distante e que me fazia surdo em agonia.""Não caminhe sem direção,observe como as águas do rio correm firmemente em busca do destino"Veja com que alegria saltitam sôbre as pedras arredondadas ,e brincam jogos infantis com as plantas marginais.Por certo estas diziam às vagas irriquietas;"Vá ter com teu Deus,pois eu já estou com o meu..."Afinal,que sentimnto poderoso fazia a comunhão entre os seres?Que espantosa realidade se evidenciava ante meus olhos cegos"?

"Caríssimos,só a alma é real...Fui,então acometido da lucidez dos loucos.acordei,quase que tardiamente,da morte que estava vivendo.Hoje,sinto-me em vésperas de viagem"...

"Meus irmãos é na dimensão deste júbilo,o amor,que tudo acontece.

A abelha faz o mel extraindo a doçura de tal sentimento.O pássaro em bala com seu canto melodioso os cansados trabalhadores.E,eu,meus irmãos,apenas choro por descobrir ainda nesta vida o efeito maravilhoso da autorealização.

IANODA,não pode mais prosseguir,mas seus olhos eram eloquentes...

Prezado leitor,esta sucessão de monólogos suplicantes em que a massa de devotos chora a despedida,faz lembrar as belas palavras de Nietzsche:"Uma luz se acendeu para mim.É de companheiros de viagem que eu preciso,e vivos e não de cadáveres que carrego comigo,para onde quero ir"...Os habitantes do brejo não pediam que IANODA os levassm piedosamente a destino glorioso,pois reconheciam que o bondoso mestre já o fizera até onde Lhe permitia.Cabia,agora ,a cada um ,cruzar a ponte rústica sôbre o abismo.Pairava,entretanto ,o mêdo de "olhar para traz","olhar para baixo" se "estremecer" e cair...

IANODA,poderia resumir em uma única sentença o que ,entretanto o fez através de longo discurso.

"AMO aquele cuja alma é repleta,de modo estão que si próprio,e todas as coisas estão Nêle"

Lá se foi IANODA rumo ao infinito,deixando para traz a poeira de estrelas a iluminar o caminho.Seu rastro cósmico jamais se apagará

servindo de condutor amigo aos companheiros de senda evolutiva...