O Ocaso de Um Anjo

Era uma vez, um anjo que tinha a benção divina. Livre voava, para ajudar e proteger aqueles que dele necessitasse. Tinha na sua essência o bem como causa maior. Um dia, o anjo encontrou uma mulher na forma de uma borboleta. Ela tinha perdido uma das suas asas! Chorava por não mais poder voar, pois presa à terra, estava. Infeliz lamentava a sua sina.

O anjo sensibilizado com a solidão da borboleta, ternamente a amparou em seus braços e disse que a ajudaria. Benevolente que era, o anjo, propôs levá-la até o seu castelo Com os olhos, a borboleta agradeceu. Ela enfim voltaria para o seu castelo, na mais alta das montanhas. Nisso a voz divina alertou!: - “Não a ajude! Ela deve perecer!” O anjo discordou! O presente ele via, o passado não! Não poderia virar as costas para aquilo que sempre fizera por toda a sua existência! “Então perderas também uma de suas asas!” – trovejou a voz. E assim se fez. O anjo também perdera uma de suas asas!

Parecia ser o fim de ambos, mas o destino e a paixão brincaram; os uniu! Um com cada asa; como um único corpo; único ser; conseguiram voar! Rumo ao castelo da borboleta!

Dias se passaram, voavam, apesar de estarem aleijados, estavam felizes. Tinham uma meta em comum: o anjo de ajudar, a borboleta de voltar para casa.

Desse convívio, nasceu um amor. Um amor maldito. Um amor proibido! Mesmo assim, os dois lutaram contra as intempéries, porque acreditaram no amor! Durante os dias em que voavam... uma nova asa, na borboleta surgiu; frágil! Ela recuperara-se! Ainda assim, o anjo continuou abraçado à borboleta.

Próximo do castelo e, ao tentar alçar elevadura, as penas da asa do anjo... caíram! Tal como Ícaro, que voou e imaginou-se como um Deus! Que de felicidade, displicente próximo ao Sol, fora. O calor então, derreteu a cera, desprendendo as penas de suas asas e o insolente pagão, ao mar caiu; como castigo! A borboleta fora incapaz de suportar o peso do seu protetor! A frágil esvaeceu-se! Ela olhou horrorizada a queda do seu amado, sem nada poder fazer! Mas o anjo sorriu! e esticou a sua mão em direção à ela! Como num adeus. Cumprira a sua missão!

Então... o anjo negro surgiu! e questionou porque ele sorria mesmo diante do fim, quando muitos choram lágrimas de pirita para viver! Respondeu o anjo: - “Ela vai sobreviver. Ela encontrará a sutil e etérea correnteza da felicidade. Dela não posso ser! Somos de mundos diferentes. Ela aprenderá que mesmo na morte, há beleza e amor. Meu fim é trágico, é a vontade divina! Morro por ela; feliz. Porque um dia, a amei e aprendi o valor de um amor e mesmo que proibido pelos Céus, o fiz de coração! Não me arrependo... me abrace; morte.”