Desenlaces
Fragmentos do Diário de uma Mulher ,DESENLACES
Reconheço agora o que significam os cinco pano de pratos encantados que me foram presenteados.Cada um continha uma mensagem.
Beth, ao me afastar do Felipe,me mostrou que alguém que te desprezou no passado, por imaturidade ou infantilidade embora conquiste, como ele conquistou a duras penas a maturidade, não poderia me fazer feliz, pois que guardava uma culpa comigo e eu, um ressentimento com ele. O Pano de prato de Beth, continha também outra mensagem ,um recado: reconhece os teus erros abertamente, pois só então podes embarcar para longe, não precisas coragem, precisas ir. Evita as lembranças indo embora, jamais esquecendo...
Sílvia Simone, a Mulher de Olhos Encantados ,generosa ,e que me deu os presentes e os encantou com sua magia , renunciou a toda uma série de privilégios pessoais por um homem que merece ser feliz,René. O mesmo,marido de Simone,conseguiu um editor com interesse pelo meu livro. Um editor estrangeiro, que o vai traduzir,publicar .Dizem que é um homem muito sensível e acima da série.
Quanto a Nicole ela me provou que sempre em um grupo existe alguém que vale a pena , uma pessoa que vai te reconhecer e te ajudar.
Amanda teve um luto patológico muito sério ao perder o marido. Acreditava que nunca mais haveria outro como ele e passou a tratar os homens como coisas que ela comprava e comprou, até aparecer Jacques, que a reabilitou para o amor ao perceber que ela pretendia viver com ele em estado de paixão seis meses ,e depois terminar.Que perspicácia! O seu Pano de Prato: o quanto um homem pode reabilitar uma mulher, quando a ama.
Letícia por sua vez, ao me contar a estória de sua vida, me ensinou a acreditar em mim. Porque? Ah, porque, todos diziam (menos eu) ,era impossível não ser apaixonada pelo Jean. Era! E Letícia, por estas coisas de cama inexplicáveis, quando dois são normais, mas não se apreciam sexualmente, não gostou dele. Viveu anos, envelheceu, achando que era frígida até o dia em que aprendeu a acreditar nas pessoas comigo e depois saiu com outro homem o Felipe.Eu passei a acreditar mais em mim pelo sucesso em compreender a Letícia- este foi o aviso do seu pano de prato encantado.
É, grandes amores e sorte existem. Acredito no amor depois do que se passou com Natalie, mas acredito no amor DELA , o maior amor que já vi uma mulher passar por um homem . Ele teve uma grande sorte. Ela perdoou tudo e o compreendeu em tudo, mas ele aprendeu a amar depois que a conheceu e quando amou ,amou somente a ela. Sempre que olho o Pano de Prato da Nathalie recupero a crença em um grande amor e na sorte.
E existe alguém de quem não ganhei um Pano de Prato, mas de quem gosto imensamente ,a Maria Benta ,que nunca mais se "animou" por homem algum, mas se anima ao ver os peixes no mar. É a maior pescadora de Rochas Salgadas atualmente. Bem, ela me ensinou o que eu não sabia e que devo ao menos pensar, em "me animar". E fui eu quem lhe dei o caniço para pescar o boto que a namora há anos lá de dentro do mar.
Aqui em Rochas Salgadas fica uma casa minha, uma boneca de trapos , Emily, que pertence a minha infância e à idade adulta por muitos anos. Emily guarda todos os meus segredos passados e presentes, mas não vai me acompanhar, porque a quero somente em minha memória.
Durante cinco dias, correspondentes ,cada um, por coincidência ou não, aos cinco panos de prato encantados pela amizade destas amigas uma sucessão de desenlaces agradáveis se passaram em minha vida . Restou em Rochas Salgadas e se encontra no quarto da residência da família: uma boneca de olhos azuis espantados ,estatelados, alguns escritos e um velho diário.
Um estrangeiro, um editor e escritor, que me conheceu, amou e compreendeu, um homem dotado de extrema perspicácia me trouxe para o seu país e levou uma mulher, poeta e escritora, largando um passado de injustiças e mesquinharias, mas acreditando no amor dela,e sabedora que ele repousava na compreensão se apegou tanto a ele em suas afinidades quanto amou Rochas Salgadas, seus nativos e suas cinco amigas. De Rochas Salgadas leva cinco panos de pratos encantados pela amizade das amigas.
Suzana Heemann