O general
General Prado era a verdadeira utilidade pública no bairro. Tudo que precisávamos íamos a ele. Na época existia o SAMDU, mais ou menos o SAMU de hoje, mais eficiente, porém. Não dava outra: quem passasse mal recorria a ele. Imponente, realmente, ligava para aquele atendimento médico domiciliar: aqui é o General Prado e eu quero que venham atender a uma pessoa que está passando mal, é rua tal, nº tal.
-Sim senhor, general.
Em poucos minutos lá estava a ambulância.
Nesse bairro aqui no Rio de Janeiro, era e ainda é, uma verdadeira praga soltar pipas com o uso de cerol na linha. Volta e meia o fio do telefone do general era cortado por ela. De tanto ficar com seu aparelho mudo, proibiu que, quem quer que seja, soltasse pipa diante de sua calçada. Um baiano, com prováveis 16 anos, foi recuando, recuando e ficou no "local proibido". Gen. Prado, furioso, arrebentou a linha da pipa. Incontinenti, Baianinho, como era chamado, deu um violento tapa deixando marcadas suas digitais no rosto do general. Este entrou em casa e voltou com uma pistola na mão, mas cadê o Baianinho? Sumiu. Até hoje. Se estiver contando essa história, deve estar sendo chamado de Baianinho Mentiroso, General Baianinho, etc. Quem acredita?
Eu, pois presenciei.