ÉPOCA EXCEPCIONAL LITERALMENTE FINAL

Janeiro de 1969, novo ano, inverno, frio, neve a paisagem linda para quem nunca sequer tinha imaginado como seria esse frio cortante, casaco quente, meias de lã e olhar para o céu e sentir os flocos de neve no rosto, se comi neve? claro a primeira coisa que fiz, e sentei no chão, brinquei como criança, escorreguei, mas era uma festa.
Na casa o trabalho aumentava pois alguns desistiam e voltavam para seu país de origem, outros já estavam indo para outro estágio na Escócia.
Com esse frio toda noite nos reuniamos na cozinha para tomar chá com um pingo de leite a moda britânica, uma delicia.
O papo era sempre sobre a vida de cada um antes de chegar lá e o tipo de vida de cada país.
Convencia a todos que carnaval no Brasil éra o máximo, eles ficavam extasiados com minha narrativa, pois não tinham idéia de como éra o Brasil. E assim fui seguindo, aprendendo, lendo, estudando e me integrando no humor e na vida britânica.
A saudade era muita, somente por carta sabia o que acontecia.
Chegamos a março minha irmã me liga pedindo se um amigo dela poderia ficar na escola uns dias, ele estava de passagem para Irlanda, viajando de carona.
Eu falei com a diretora da escola e disse ser ele meu primo, ela concordou mas ele teria de trabalhar na casa como todos.
Numa manhã fria ele chegou, fui ao seu encontro...éra alto, moreno, barbudo lindo um principe e brasileiro, vinha com uma imensa mochila nas costas.
Aquele abraço bem apertado com gosto e cheiro de Brasil.
Entramos na escola foi apresentado como meu primo, as amigas ficaram doidas ele éra muito bonito e um tipo diferente para elas.
Logo ficou a vontade e se instalou no quarto do sotão da casa.
De dia não tinhamos tempo para conversar, mas a noite ficavamos até altas horas no papo.
Até que um dia pintou um clima, beijos e por ai vai, mas eu continuava na minha promessa em continuar virgem.
O tesão era muito mas eu firme e ele inconformado. Mas chegou o dia de ele ir embora e não aconteceu nada de mais. Passou uns 10 dias ele me ligou estava em Londres e disse não ter me esquecido e que eu precisava ir ao seu encontro para ficarmos mais um pouco antes de ele voltar para a Alemanha onde se fixaria.
Pensei pensei e fui, ficamos num apartamento de uns amigos no norte de Londres.
Os dois sozinhos em um quarto em Londres beijos abraços o tesão aumentando, foi indo foi indo, não teve como transamos e eu gritei ESTOU GRAVIDA, ele assustou eu apavorada disse eu sei estou gravida não podia ter acontecido minha intuição dizia, ai me arrependi, não devia ter vindo, eu era um a tonta, ele dizia que nada não é assim, conversa vai conversa vem no dia seguinte fomos ao medico...
Relatei tudo e ele disse: Você não poderia ter escolhido data melhor se não estiver grávida é por mero acaso.
Apavorada sai da clinica e agora que fazer...nada... esperar...esperar e esperar...
Ele voltou para Alemanha e eu para a escola, os dias passando a transa tinha acontecido dia 10 de abril, meu aniversário dia 20 de abril faria 21 anos, imagina o clima as cartas chegando do Brasil e eu na maior agonia sem saber o que seria da minha vida.
Dia 27 de abril nada não veio, dia 13 de maio voltei a Londres na mesma clinica, fiz o teste não deu 5 minutos a enfermeira veio e disse Parabéns você está grávida...
Perdida no tempo e no espaço...sai dali atordoada, chorando peguei o trem de volta para a escola...o que será de mim agora meus sonhos minha vida que vou fazer...
A noite do mesmo dia ele ligou, emocionada eu disse sim estou grávida e antes que que você diga algo eu já decidi vou ter a criança ainda não sei como onde mas vou.
Loucura total, trabalhava o dia todo a noite chorava e ouvia as bachianas numero 5 de Villa Lobos que eu tinha o disco.
Não demorou ele me ligou que estava indo para Bristol me encontrar para resolvermos a situação.
Ele chegou e fomos nos encontrar em Bristol num Bed&Breakfast, cama e café da manhã que muitos idosos alugavam na própria casa por um preço baixo.
Passamos a noite ali discutindo, eu não amava ele para casar, mas também estava sem saida, ai ele disse a celebre frase: Você não tem o direito de negar um pai a essa criança, e de mais a mais na Inglaterra tem divorcio se não der certo.
Voltei para escola resolvida ia dizer que ia embora para o Brasil e pronto foi o que fiz, mas fui encontrar com ele em Londres onde ele já havia alugado um flat para nós.
Dia 13 de junho de 1969 nos casamos(dia de santo antonio) e começamos a trabalhar em Londres, ele gerente de um hotel e eu camareira do mesmo hotel, foi um tempo dificil eu arrumava um andar inteiro 32 camas e limpava 4 banheiros, e ainda em casa fazia tudo, ele na gerencia do hotel.
Assim seguimos vivendo no aperto total mas no nosso proposito.
Dia 4 de janeiro de 1970, nasceu minha filha de parto pelvico mas natural(lá não fazem cesariana) no Hospital Saint Mary Abotts Londres, onde Alexander Fleming descobriu a penicilina.
O nome dela é Alexandra hoje com 38 anos mora nos USA.
Nosso casamento durou 5 anos, somos amigos até hoje.
Mudou o rumo de nossas vidas muito, mas assumimos na integra a vida que chegou.
Voltei ao Brasil dia 26 de janeiro de 1970, minha Mãe e a familia amigos todos muito felizes, e minha avó disse:
Essa menina é muito grande para ter nascido de 7 meses!
Quem engana uma avó?

The Happy End!