Yoga milagrosa
Érica estava de sutiã e calcinha escovando os dentes. Tentava acompanhar a musica alta que vinha da sala, mesmo tendo consciência de que estava com a boca cheia de pasta de dentes, mas estava tão feliz que não se importava, ate porque só ela e Bruno estavam em casa. Viu o rosto de Bruno no espelho do banheiro. Encostado na porta ele a observava sorrindo.
- Você canta muito bem. – disse ele abraçando-a pelos ombros. Mesmo sendo mais novo do que Érica era mais alto que ela.
- E você é um debochado. – disse ela depois de enxaguar a boca. Guardando a escova de dentes.
- Um debochado que você leva pra sua cama... – disse ele virando a de frente para si.
- É que você é um debochado muito lindo, sabia? – disse ela virando-se para a pia do banheiro e pegando a escova de cabelos.
- Vem pra cama então.
- Me deixa escovar os cabelos, e depois eu vou dormir! – ela enfatizou bem a ultima palavra. – tenho de acordar cedo amanhã...
- Esquece isso. Vem brincar comigo... – ele pegou sua mão e puxou-a para fora do banheiro.
- Isso que da criança em casa... – disse ela deixando-se levar.
Bruno era realmente criança muitas vezes, mas era divertido, e a fazia feliz. Não importava que ele não se preocupasse com o fato dela ter de trabalhar cedo na manha seguinte. Para isso Érica tinha marido.
Na verdade, seu marido só se preocupava com o trabalho, tanto dele quanto de Érica. Nada era mais importante do que o trabalho, a empresa, os contratos. E Érica vivera muito tempo presa a essa vida regrada do marido. Ate que conhecera Bruno. Olhos claros, cabelos loiros um pouco longos, sorriso fácil e alma aventureira. Na primeira vez que o vira encantara-se por seus olhos azuis, mas depois, a vontade de viver, o espírito de aventura, a alegria com que encarava cada dia haviam a conquistado por completo.
Dês de que começara a encontrar Bruno em suas costumeiras viagens tornar-se uma mulher mais aberta ao mundo, mais alegre, mais livre, não estava mais sobrecarregada de trabalho, terminava tudo no tempo previsto e sem precisar de noites em claro na frente do computador, não precisava mais de remédios para dormir, nem estava mais estressada. Estava feliz. Felicidade que o marido atribuía as aulas de yoga três vezes por semana. Aulas as quais ela não ia a quase dois meses.