A menina da escola
Dalva tinha o corpo franzino, cabelos crespos e pretos, a pele alva. Nunca brincava com os colegas da escola na hora do recreio. Ficava a margem das brincadeiras com suas mãos tremulas e olhar distante, introspectivo. Diziam alguns, que gostava de brincadeiras mais emocionantes, como subir em arvores, esconder a bola do jogo de futebol dos garotos.
Sabíamos que morava ao lado da escola, do lado do arroio, depois da ponte. Casinha de retalhos de madeira.
Um dia, no inverno, não tivemos aula. Fomos liberados para casa. Professores tensos, murmúrios pelos corredores.
Dalva tinha morrido, naquela manhã, soterrada pela margem do arroio que desmoronara em sua infância.